terça-feira, 15 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – à noite os aventureiros lamentam não terem uma boa caça; Ângelo di Luca está amarrado ao poste onde será queimado; o seu sofrimento se torna insustentável depois que os homens arrancam-lhe o pergaminho; nenhum ataque ao casarão, noite de paz e “trégua”; um amanhecer esplêndido

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-veneno.html antes de ler esta postagem:

Os aventureiros instalaram um poste no terreiro e acomodaram grande pilha de madeira junto a ele... Loredano foi amarrado ali e, sem nada dizer, ouviu insultos e injúrias.
O bandido bem sabia dos crimes que havia cometido, e é claro que não esperava absolvição... Até o momento de sua queda alimentou o sonho de concretizar os planos que havia alinhavado com os comparsas mais chegados das últimas horas. Amarrado, e sem condições de se defender enquanto aguardava as chamas que o levariam deste mundo, nada esperava... Consolava-o morrer junto ao pergaminho que também seria destruído pelo fogo, tanto é que se tornou extremamente embrutecido ao ter a sua cinta retirada por um dos algozes.
Loredano sofreu ao perceber que haviam subtraído o seu tesouro (o roteiro para as minas de prata de Robério Dias estava escondido em sua cinta)... Sua amargura foi intensa ao notar que Martim Vaz se apoderou do documento. Com escárnio, Vaz garantia que depois que derrotassem os aimoré, partiriam em busca das minas de prata... Isso provocou riso geral... O italiano soltou um grito horrível, expressão de sua cólera e impotência.
(...)
A noite havia descido... Os aventureiros mantinham-se junto a uma fogueira onde preparavam uns parcos legumes. Eliminaram os vinhos e água que tinham sido envenenados por Peri... Consideravam-se afortunados por não se tornarem vítimas da intoxicação, mas lamentavam não terem uma boa caça... Isso, mais do que saberem que logo estariam mortos no combate aos selvagens, os deixava entristecidos.
Loredano era mantido junto ao poste cercado de lenha... Ele permanecia calado, pois os homens haviam ameaçado cortar sua língua no caso de manifestar-se. Os aventureiros resolveram que ele teria a noite para refletir e se arrepender. Assim, poderia morrer como um cristão penitente. Essa “concessão” apenas prolongava ainda mais o sofrimento do malfeitor... Os homens se aproximavam dele alternadamente para proferir impropérios.
(...)
O casarão não sofreu nenhum ataque, então d. Mariz acertou com Aires Gomes que alguns aventureiros deveriam sair em busca de víveres na floresta de modo a abastecer os sitiados... Havia alguma esperança (pequena, é verdade) de que d. Diogo retornasse com a ajuda que tinha ido buscar no Rio de Janeiro.
Dez dos homens ficaram com o fidalgo e a família. A outra parte seguiu com Álvaro em busca de alimentos.
Os que permaneceram procuraram ouvir os sons da floresta temendo que a qualquer momento disparos denunciassem o conflito do grupo de Álvaro com os aimoré. Como a noite se passou tranquilamente, imaginou-se que, ou a casa não estava cercada, ou os aimoré haviam se recolhido para investida futura.
Cecília adormeceu... Isabel manteve o seu coração agitado por terríveis pressentimentos em relação ao amado... Apesar de toda a tensão dos três dias seguidos de confrontos, essa noite passava-se na calmaria. Às vezes d. Mariz se aproximava da janela para “auscultar” à noite... Tudo parecia indicar que os guerreiros selvagens haviam abandonado as cercanias, mas o fidalgo sabia que a “trégua” não era definitiva, e é por isso que solicitou vigilância redobrada aos homens.
(...)
O novo dia amanheceu ensolarado... Os habitantes do casarão despertaram de uma noite de quietude... A natureza parecia contribuir com todo o seu esplendor, e assim amenizar os sofrimentos de que padeciam:
“Nunca esses campos verdes, esse rio puro e límpido, essas árvores florescentes, esses horizontes descortinados se haviam mostrado a seus olhos tão belos, tão risonhos”.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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