sexta-feira, 11 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Cecília suplicou para que d. Mariz salvasse o amigo das mãos dos aimoré; Álvaro tomou a missão para si; d. Mariz insistiu que ele levasse todos os aventureiros que estavam na casa; o fidalgo possuía um trunfo contra os que ousassem agredir a família; uma lembrança depositada na alma de Isabel

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-os-aimore.html antes de ler esta postagem:

Devemos esclarecer o episódio em que Peri acabou sendo salvo do ritual de canibalismo no qual ele seria sacrificado...
Como vimos, Álvaro, Aires Gomes e outros aventureiros o libertaram das garras dos aimoré... O cacique foi abatido no exato momento em que desferiria o golpe da pesada clava sobre a cabeça do goitacá... O próprio Peri relacionou a chegada dos homens à esperançosa Cecília que chegou a avistar na esplanada anteriormente...
Aconteceu que ela havia suplicado ao seu pai para que salvasse o amigo. O fidalgo já vinha pensando alguma coisa a respeito, pois tinha consciência da gratidão que devia a Peri... Sua dificuldade estava na impossibilidade de realizar uma ação imediata, pois sabia que não podia simplesmente obrigar os aventureiros a participarem do resgate... Peri era seu amigo, sendo assim, não podia exigir que aqueles homens arriscassem a própria vida por uma pessoa com a qual não tinham laços e que sequer partilhava da fé cristã. Para tranquilizar a filha, d. Mariz disse-lhe que já havia tomado providências.
Foi Álvaro quem assumiu a ação depois que observou a angústia de Cecília junto ao pai... É claro que ele amava Isabel, mas não podia dar as costas ao sofrimento da pequena Cecília, por quem devotava respeito... Além disso, o cavalheiro não deixava de lado os vínculos de nobreza que o uniam a d. Mariz. O rapaz conversou com os demais homens de armas e, na sequência, comunicou a sua decisão... Disse ao fidalgo que todos os homens se sensibilizaram ao notarem a aflição de Cecília e por isso faziam questão de participar do resgate.
Álvaro solicitou a d. Mariz que cedesse uns quatro ou cinco dos homens para o ataque. D. Antônio, que intimamente estava orgulhoso da iniciativa do rapaz, insistiu que ele levasse todos. Garantiu que ele sozinho bastava para a defesa de sua família... Nem mesmo a advertência do jovem sobre a presença dos aventureiros rebeldes “a dois passos da sala” fez com que d. Mariz mudasse sua opinião sobre como os homens deveriam ser distribuídos.
O fidalgo confiava “no poder que Deus havia colocado em suas mãos” (em breve saberemos de onde d. Mariz extraía suas certezas)... Ele tinha a convicção de que no momento propício (e necessário) fulminaria a todos os que ousassem investir contra a sua família.
(...)
Então foi isso o que ocorreu... Álvaro respeitou a vontade de d. Mariz e com um forte aperto de mãos despediram-se. Cecília ficou emocionada e encantada com a disposição do cavalheiro, que lhe jurou que traria Peri salvo.
(...)
Quando estava para sair, o rapaz ainda topou com Isabel... A moça, que sabia do seu intento, mostrou-se trêmula. Ela disse que estava preocupada porque aquela ação era diferente das que estavam habituados... Álvaro procurou tranquilizá-la e garantiu que em uma hora estariam de volta... Isabel segurou as mãos do amado... Queria fazer-lhe um pedido, mas nada conseguia dizer. Então o moço explicou que não podia faltar com a palavra dada...
Isabel manifestou que o entendia e era porque o amava que não exigia nada que contrariasse a sua índole cavalheiresca... Lamentou que suas vidas estivessem tão próximas do fim... Antes de se separarem, e talvez para sempre, a moça pediu-lhe que desse a ela uma lembrança que ficasse dentro de sua alma... Disse isso e caiu aos seus pés. Ele a ergueu e chegou seus lábios ao ouvido dela... Murmurou que a amava.
Isabel era toda êxtase e sequer notou que o rapaz se retirou da sala para se juntar aos demais...
Foi nesse momento que, cheia de esperança, Cecília posicionou-se na esplanada para acenar a Peri.
(...)
Álvaro e Aires Gomes (que pela primeira vez deixava o seu posto no gabinete de d. Mariz) comandavam os homens que partiram para o resgate de Peri... D. Antônio juntou toda a família na sala e posicionou-se em sua poltrona. Recomendou silêncio absoluto à esposa e às meninas...
Intimamente ele não temia o ataque dos revoltados... Matutava sobre Peri sem entender as decisões que o amigo havia tomado.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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