segunda-feira, 21 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – ao longe, Peri vê os últimos atos do incendiado casarão; d. Mariz e os seus morrem como cristãos; o fidalgo cumpriu a sua promessa de eliminar os inimigos; tudo pelos ares; o infatigável goitacá rema por toda a noite; pela manhã Cecília se revolta ao ver-se salva

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri-se_20.html antes de ler esta postagem:

O texto destaca que Peri, a partir da embarcação onde levava Cecilia, pôde divisar a figura de d. Mariz “de pé no meio do gabinete, elevando com a mão esquerda uma imagem do Cristo e com a direita abaixando a pistola para a cava escura onde dormia o vulcão”...
A respeito do caótico cenário há a seguinte complementação: “Sua mulher abraçava os seus joelhos calma e resignada; Aires Gomes e os poucos aventureiros que restavam, imóveis e ajoelhados a seus pés, formavam o baixo-relevo dessa estátua digna de um grande cinzel”.
Sobre os guerreiros aimoré presentes no confronto: são descritos como “figuras sinistras”; “selvagens semelhantes a espíritos diabólicos dançando nas chamas infernais”.
Alencar coloca Peri como única testemunha do ato final do fidalgo d. Mariz... Mesmo ao longe, ele soube do disparo contra a pólvora armazenada. Houve um tremendo estrondo que poderia ser ouvido por toda a mata... “A terra tremeu” e as águas do Paquequer se agitaram... Logo tudo se tornou escuridão e silêncio... Peri colocou força na remada para que a canoa deslizasse mais rapidamente...
(...)
O sol do novo dia iluminou uma paisagem catastrófica às margens do rio... Ruínas e enormes lascas de rochas agora faziam parte do ambiente... Onde havia o esplêndido casarão, restava “uma larga fenda semelhante à cratera de algum vulcão subterrâneo”... Muitas árvores foram queimadas ou arrancadas devido à energia liberada pela explosão... Uma ou outra índia que havia permanecido na retaguarda das operações sobreviveu à tragédia e se dispunha a se encaminhar, aos prantos, a alguma tribo para esclarecer o que se sucedera aos parentes.
(...)
Durante toda a noite Peri remou... Sabia que d. Mariz havia eliminado os inimigos aimoré, mas desejava se afastar o máximo que podia do campo de guerra e chegar à região onde viviam os goitacá. Esperava, mais do que encontrar os parentes, salvar sua senhora conforme havia prometido ao seu pai.
O sol se levantou e seus raios atingiram a face adormecida da menina. Peri cuidou de encostar a canoa à beira do rio em busca de sombra... Cecília ainda dormia o mesmo sono que experimentou após ingerir o cordial oferecido por seu pai... Ela estava mais corada... Peri levantou a canoa e a acomodou sobre a relva. O goitacá permaneceu ao lado em contemplação à sua senhora enquanto imaginava sobre o sofrimento que a abateria ao despertar e reconhecer-se sem os parentes... Nem mesmo a “mais extremosa” mãe velaria com o zelo que ele dispensava à menina.
Então Cecília despertou... Demorou a acostumar-se com a claridade do dia e estranhou o ambiente... Viu Peri e alegrou-se... Ao notar-se na canoa e perceber que o rio que corria à sua frente era o Paraíba, começou a entender o drama que estava vivendo. Lembrou-se do pai e soluçou...
Peri explicou-lhe que estavam todos mortos. Lamentou não ter condições de salvá-los também... Cecília demonstrou revolta e disse que preferia ter morrido com os pais... Perguntou ao índio se ela havia pedido que a salvasse... No mesmo instante exigiu que ele a levasse de volta para o casarão, onde estavam mortos os seus entes queridos. Depois desse desabafo, ela foi até a margem, ajoelhou-se e fez uma oração...
Levantou-se mais calma... Refletiu sobre os acontecimentos da véspera e lembrou-se que havia adormecido na sala dizendo a Peri que preferia “morrer como Isabel” a se salvar sabendo que seus parentes morreriam do ataque aimoré... Refletiu sobre os motivos de sua cólera e reconheceu que estava sendo injusta com o amigo a quem devia pedir perdão...
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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