sexta-feira, 25 de outubro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri se instalou com Cecília no alto da palmeira; assistiram impotentes ao arrasto de destruição; o volume d’água continuou a subir, pois a tempestade era incessante na serra; Cecília orava e conformava-se com o fim

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/10/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-goitaca_25.html antes de ler esta postagem:

Enquanto o leito se cobria da lâmina d’água, um “estampido terrível” troou ao fundo da floresta... A trovoada da região serrana reboava pela floresta.
(...)
Com a menina em seus braços, Peri utilizou os cipós para escalar a palmeira e atingir o seu cimo. No mais alto que pôde, acomodou-se com sua senhora. Ela despertou de seu sono sem entender o que se passava... Ele apontou para o horizonte e explicou que toda aquela água vinha de lá... No mesmo instante, uma grande torrente desceu sobre o rio e arrastou árvores e animais da floresta... Na sequência, várias outras torrentes se seguiram. Imensas rochas das montanhas eram carregadas (como se fossem pequenos e leves fragmentos) e provocavam estrago sem igual à paisagem milenar.
A água tornou-se agressiva demais e avançou pela mata... As árvores eram esmagadas e arrancadas pela força diluviana... O turbilhão buscava passagem para o oceano e, nisso, provocava devastação... Um espetáculo horripilante.
(...)
Cecília apoiou-se no ombro de Peri... Estava apavorada, mas não protestou...
O trecho de Alencar transmite a sensação:

“Em face desses transes solenes, desses grandes cataclismos da natureza, a alma humana sente-se tão pequena, aniquila-se tanto, que se esquece da existência; o receio é substituído pelo pavor, pelo respeito, pela emoção que emudece e paralisa”.

(...)
A tempestade prosseguiu na região das montanhas por toda a noite... Quando o sol despertou, sua luz esclareceu: tudo era água e céu:

“A inundação tinha coberto as margens do rio até onde a vista podia alcançar; as grandes massas de água, que o temporal durante a noite inteira vertera sobre as cabeceiras dos confluentes do Paraíba, desceram das serranias, e, de torrente em torrente, haviam formado essa tromba gigantesca que se abatera sobre a várzea”.

Então Peri e Cecília ficaram ilhados na cúpula da palmeira... Dali podiam observar que as altas montanhas ainda estavam envolvidas pelas nuvens escuras que continuavam a despejar a tempestade... As palmas, onde os dois estavam instalados, garantiam-lhes relativa segurança, pois a folhagem formava uma espécie de “berço mimoso”...
Mas as águas continuavam a subir. Elas faziam desaparecer as pequenas árvores... Cecília imaginava que pereceriam, enfim, da mesma morte. E é isso que restava pedir, pois, de tal modo estavam aninhados, que “uma só era a sua vida”...
(...)
A menina, que permanecera em oração, disse ao amigo que já podiam morrer.
                                            Na próxima postagem teremos a exposição do fim do romance. Até lá.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas