

Há o Parque com Memorial aos Heróis da Resistência no Vercors. Ele foi criado em 1970 e abriga o cemitério repleto de cruzes brancas dos mártires.
Esta postagem também é uma singela homenagem àqueles homens e mulheres que colocaram o ideal de liberdade para todos acima da própria existência... Decidi anexar essas duas imagens (retiradas hoje de http://en.wikipedia.org/wiki/Maquis_du_Vercors).
(...)
Estamos no ponto em
que Anne, Henri e Robert resolveram permanecer na aldeia calcinada. Os soldados
haviam prestado sua homenagem aos mortos locais e se retiraram, enquanto que o
povaréu se ajeitou para comer e beber em memória dos parentes que se foram...
Henri recordou-se dos enterros de sua infância no interior... Mas ali
participavam de uma cerimônia com “centenas de viúvas, órfãos e pais
enlutados”... O cenário se tornava mais degradante devido ao insuportável
calor.
(...)
Um tipo passou uma garrafa de vinho a Henri e pediu-lhe que desse de
beber à mulher dos tersóis. Explicou que se tratava da “viúva do enforcado de
Saint-Denis”... Os comensais falavam dos seus mortos e sobre o marido da viúva.
Eles queriam saber se se tratava do “enforcado pelos pés”... Não! O marido dela
era um que não possuía olhos...
Perron entregou o copo de
vinho à infeliz enquanto procurava saber a respeito da tragédia que se abatera
sobre aquela gente... Então ouviu que cerca de quatrocentos paraquedistas
alemães incendiaram Vassieux e causaram terror aos camponeses... A grande
quantidade de mortos resultou naquela comoção e reconhecimento dos militares...
Por isso Vassieux tinha “direito ao grande cemitério”...

Anne não suportou as narrativas, o calor e a terrível condição dos
comensais... Tornou-se pálida e sentiu intolerável mal-estar estomacal.
Retirou-se e foi seguida pelo marido. Não foi somente o vinho que lhe fizera
mal, mas também o cansaço e o calor que enfrentavam... Decidiram procurar um
local onde ela pudesse se recuperar...
Os três amigos pegaram as bicicletas e percorreram o suficiente para se
afastarem dali... Enquanto pedalavam podiam ouvir “canções, risos, pequenos
gritos excitados” que iam ficando para trás...
“O que podiam fazer senão beber, rir, excitar-se
uns aos outros com cócegas? Já que eram vivos, precisavam viver”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/11/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir.html
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto