sábado, 24 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – a verdade sobre o testamento de Loredano entregue a d. Mariz; a inclusão de Cecília nos planos do italiano; a menina ganha um cabaz de palha com lindos beija-flores

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-pequena.html antes de ler esta postagem:

O italiano havia sido aceito entre os homens de armas submissos a d. Mariz.
Ele considerou que os aventureiros do casarão do Paquequer se interessariam pelo seu projeto... Então resolveu que deveria investir no aliciamento de alguns... Aconteceu, porém, que, ao conhecer Cecília seus planos sofreram uma alteração... Decidiu que ela era “necessária à sua existência”. Seu desejo tornou-se ardente, possessivo... O bandido que até então passara muitos anos de sua vida celibatário, projetou a continuação de seus dias tendo a pequena Cecília ao seu lado.
Na verdade o projeto de Loredano havia se tornado muito maior... Além de chefe de bando, possuiria Cecília, exploraria as minas de prata, assaltaria uma embarcação espanhola, seguiria para a Europa... O mundo se abriria para ele, e o futuro seria só de felicidade.
Por um ano alimentou o seu projeto e fez o máximo para lograr sucesso... Aos poucos conseguiu atrair Rui Soeiro e Bento Simões, que eram tipos influentes entre os demais... Precaveu-se em relação à traição dos dois que arregimentara com o plano do testamento entregue a d. Mariz... Só que na realidade o papel atestava que ele não passava de vítima que havia se iludido pelo plano dos outros dois... Diabolicamente, Loredano havia mentido para Soeiro e Simões... Se algo desse errado, apesar da certeza que tinha de que d. Mariz não abriria o testamento, a condenação recairia sobre os outros dois.
Como vimos, o episódio da cerca de cardos revelou que Loredano conseguiu reduzir seus cúmplices a duas marionetes dispostas a colocar a vida em risco, a assassinar companheiros que porventura decidissem se manter fiéis ao fidalgo, ou a arruinar a família Mariz.
(...)
Os goitacá, nação da qual Peri fazia parte, ocupava uma grande extensão que corresponderia ao território entre o Cabo de São Tomé e o Cabo Frio... Esse povo guerreiro se dispôs a lutar contra a conquista colonial em diversas ocasiões e locais... O romance destaca as guerras históricas contra a colônia da Paraíba fundada por Pero de Góis... Seus guerreiros destruíram também a colônia de Vitória (Espírito Santo), que havia sido fundada por Vasco Fernandes Coutinho.
(...)
Cecília levava uma vida completamente apartada desses assuntos... Desde o episódio em que fora salva por Peri, sabia que era vigiada por ele... O índio mantinha-se à distância sem querer ser notado... Mas algumas vezes acontecia de a moça flagrá-lo a contemplá-la ao longe... Evidentemente isso a constrangia... Por outro lado, ela não tinha a menor consciência de que Peri ficava acanhado em relação a ela...
Para ele, o único que apreciava a sua presença nas cercanias era d. Antônio... E nisso ele estava correto. É por isso que Peri só ousava aproximar-se quando notava a presença dele na habitação.
Mas já fazia uns quatro dias que ele não aparecia por perto... D. Antônio imaginou que o selvagem tivesse retornado para o seu povo... Cecília notou que ele estava do outro lado do rochedo a olhar em sua direção... Ela bem sabia que era ingrata por temê-lo e repugná-lo... Algo lhe dizia que não deveria haver motivos para temer aquele que a salvara... Pensou que aquela ocasião poderia ser boa para modificar seu comportamento, então decidiu acenar demonstrando que queria que ele se aproximasse.
Ao mesmo tempo em que Peri se apressava na direção dela, ela se encaminhava para junto de d. Antônio... A moça anunciou ao pai a chegada de Peri e os dois se encaminharam ao seu encontro. O índio trazia um cofo (cesto artesanal) que ele mesmo havia feito com palha bem clara... Ali trazia diversos beija-flores... Ao chegar junto à “sua senhora”, Peri ajoelhou-se aos seus pés e, sem fita-la, entregou-lhe o cabaz de palha (o cesto)... Cecília ficou um pouco assustada, mas ao abrir a tampa alegrou-se imensamente ao notar que algumas aves revoaram e deram voltas ao redor de seus louros cabelos... Alguns se aproximaram de tal forma que ele pôde aquecê-los às mãos, junto ao seio... De fato, o colorido que a luz do sol provocava nas penas das delicadas aves, encantava a todos.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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