Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-confissao.html
antes de ler esta postagem:
Um dia depois de
Ângelo di Luca ter se transformado em Loredano ocorreu o primeiro contato mais
direto entre Peri e d. Mariz...
A família do fidalgo estava reunida na margem do Paquequer, onde
descansavam ao frescor das sombras das árvores nascidas nas fendas das
pedras... Os ruídos eram os das águas e das aves... Um ambiente muito agradável
para o qual a família se retirava por algumas horas sempre que propício... E
naquela ocasião, depois da tempestade, o tempo estava sereno e convidativo à
sesta...
D. Antônio e a senhora
Lauriana não se cansavam de admirar o céu e a exuberância da mata... Cecília
divertia-se a perseguir um colibri, enquanto Isabel era toda atenção à
correnteza do rio ao mesmo tempo em que murmurava uma trova de Bernardim
Ribeiro.
Cecília resolveu descansar folgadamente na relva...
Era tudo paz e tranquilidade para a família... Mas o cenário de harmonia se
desfez quando do meio da mata ouviu-se um grito em tupi: “Iara!”, que significa
“a senhora”. D. Antônio observou o índio com sua veste de algodão... Ele estava
ancorando uma gigantesca pedra que havia se desprendido e estava prestes a
rolar pela encosta, bem em direção ao local onde Cecília estava deitada.
Esse episódio marcou o encontro de Peri com a família Mariz... D.
Antônio não pestanejou e imediatamente movimentou-se para socorrer a filha...
Só depois que percebeu que a donzela estava a salvo junto à mãe é que Peri
liberou a pedra... Todos se espantaram ao notarem que a imensa pedra desceu a
colina causando estrago à relva e atingindo exatamente o local de onde d. Mariz
havia retirado Cecília.
D. Mariz tinha os índios da terra como exemplares
capazes de atos de bravura... Reconheceu o heroísmo do selvagem ao arriscar a
própria vida ao salvar Cecília, então quis agradecer-lhe... Durante todo aquele
tempo dona Lauriana e Isabel mantiveram-se ajoelhadas em agradecimento a
Deus... Cecília, que estava ainda bem assustada, beijava as mãos do pai... Ele
a abraçou e seguiu com ela em direção a Peri.
D. Antônio não tinha dificuldade para se comunicar em guarani e o entendimento
entre ambos foi satisfatório... O índio apresentou-se como guerreiro da nação
goitacá, “filho de Arerê, primeiro de sua tribo”. D. Antônio esclareceu-lhe que
se tratava de fidalgo português e inimigo da gente de Peri, mas aquele episódio
havia sido de tensão para a sua filha salva por ele, então lhe oferecia sua
amizade.
O fidalgo se surpreendeu ao ouvir Peri dizer que já o considerava amigo
há um bom tempo... Então quis saber o que o outro tinha a revelar...
As palavras utilizadas por Alencar são perfeitas para apresentar a
narrativa de Peri... Temos a impressão de assistir ao índio se pronunciando com
uma “simplicidade infantil”... De forma poética, ele inicia explicando que o
seu pai havia morrido...
Na sequência, destaca que os goitacá estavam em guerra contra os colonos
portugueses, e aquele que demonstrasse maior bravura herdaria as armas de
Arerê... A vila erguida pelos portugueses foi totalmente destruída pelo povo de
Peri, e não restou “cabana em pé” ou sobrevivente.
Peri deu sequência à narrativa, e a seu modo
esclareceu que a vitória contra os brancos trouxera prestígio para ele, que se
tornou reconhecidamente o “mais valente da tribo”... Sua mãe garantia que ele
seria como o próprio pai... Os demais guerreiros juraram-lhe obediência; as
mulheres o admiraram e se manifestaram totalmente submissas a ele.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto