quarta-feira, 21 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – o descanso da família Mariz após a tempestade; Peri inicia a narrativa sobre os motivos de já considerá-lo amigo mesmo antes de salvar a vida de Cecília

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-confissao.html antes de ler esta postagem:

Um dia depois de Ângelo di Luca ter se transformado em Loredano ocorreu o primeiro contato mais direto entre Peri e d. Mariz...
A família do fidalgo estava reunida na margem do Paquequer, onde descansavam ao frescor das sombras das árvores nascidas nas fendas das pedras... Os ruídos eram os das águas e das aves... Um ambiente muito agradável para o qual a família se retirava por algumas horas sempre que propício... E naquela ocasião, depois da tempestade, o tempo estava sereno e convidativo à sesta...
D. Antônio e a senhora Lauriana não se cansavam de admirar o céu e a exuberância da mata... Cecília divertia-se a perseguir um colibri, enquanto Isabel era toda atenção à correnteza do rio ao mesmo tempo em que murmurava uma trova de Bernardim Ribeiro.
Cecília resolveu descansar folgadamente na relva... Era tudo paz e tranquilidade para a família... Mas o cenário de harmonia se desfez quando do meio da mata ouviu-se um grito em tupi: “Iara!”, que significa “a senhora”. D. Antônio observou o índio com sua veste de algodão... Ele estava ancorando uma gigantesca pedra que havia se desprendido e estava prestes a rolar pela encosta, bem em direção ao local onde Cecília estava deitada.
Esse episódio marcou o encontro de Peri com a família Mariz... D. Antônio não pestanejou e imediatamente movimentou-se para socorrer a filha... Só depois que percebeu que a donzela estava a salvo junto à mãe é que Peri liberou a pedra... Todos se espantaram ao notarem que a imensa pedra desceu a colina causando estrago à relva e atingindo exatamente o local de onde d. Mariz havia retirado Cecília.
D. Mariz tinha os índios da terra como exemplares capazes de atos de bravura... Reconheceu o heroísmo do selvagem ao arriscar a própria vida ao salvar Cecília, então quis agradecer-lhe... Durante todo aquele tempo dona Lauriana e Isabel mantiveram-se ajoelhadas em agradecimento a Deus... Cecília, que estava ainda bem assustada, beijava as mãos do pai... Ele a abraçou e seguiu com ela em direção a Peri.
D. Antônio não tinha dificuldade para se comunicar em guarani e o entendimento entre ambos foi satisfatório... O índio apresentou-se como guerreiro da nação goitacá, “filho de Arerê, primeiro de sua tribo”. D. Antônio esclareceu-lhe que se tratava de fidalgo português e inimigo da gente de Peri, mas aquele episódio havia sido de tensão para a sua filha salva por ele, então lhe oferecia sua amizade.
O fidalgo se surpreendeu ao ouvir Peri dizer que já o considerava amigo há um bom tempo... Então quis saber o que o outro tinha a revelar...
As palavras utilizadas por Alencar são perfeitas para apresentar a narrativa de Peri... Temos a impressão de assistir ao índio se pronunciando com uma “simplicidade infantil”... De forma poética, ele inicia explicando que o seu pai havia morrido...
Na sequência, destaca que os goitacá estavam em guerra contra os colonos portugueses, e aquele que demonstrasse maior bravura herdaria as armas de Arerê... A vila erguida pelos portugueses foi totalmente destruída pelo povo de Peri, e não restou “cabana em pé” ou sobrevivente.
Peri deu sequência à narrativa, e a seu modo esclareceu que a vitória contra os brancos trouxera prestígio para ele, que se tornou reconhecidamente o “mais valente da tribo”... Sua mãe garantia que ele seria como o próprio pai... Os demais guerreiros juraram-lhe obediência; as mulheres o admiraram e se manifestaram totalmente submissas a ele.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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