sexta-feira, 23 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – a pequena Cecília receava a presença de Peri no casarão; d. Mariz admirava o amigo; o desprezo de dona Lauriana e o tormento de Isabel; Loredano conseguiu se infiltrar entre os homens de armas e seu diabólico projeto toma forma

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri.html antes de ler esta postagem:

Por muitas outras ocasiões Peri esteve no casarão, onde d. Antônio o recebia cortesmente... Cecília reconhecia que ele havia arriscado a própria vida para salvá-la, mas era com receio que o via na casa. Inclusive sua mãe não compartilhava das considerações que d. Antônio nutria pelo selvagem... Para d. Lauriana, Peri era representante do povo selvagem... A mulher fazia uma feia descrição dos índios e desde muito tempo referia-se a eles como elementos assustadores e perigosos para a “gente civilizada”... Para ela, Peri era como um “cão fiel” ao qual podia ser lançado um “naco de pão”... Sua presença só era (mal) tolerada devido ao “serviço que um dia prestara à família”.
Isabel também não tinha Peri em boa consideração, e isso se devia muito mais ao fato de ela reconhecer que ele a fazia lembrar que também tinha sangue indígena... Olhar Peri a fazia lembrar-se da própria mãe e do modo como era desprezada na casa, principalmente por dona Lauriana.
Também por aqueles dias que marcaram o episódio em que Peri salvou Cecília do acidente com a pedra, Loredano havia pedido hospedagem no casarão... Ali foi bem recebido, como acontecia com a maioria dos aventureiros que por ali passavam... Duas semanas depois, o salafrário ex-carmelita pediu a d. Antônio que o aceitasse como homem de armas a seu serviço em substituição a um outro  que havia partido para o Rio de Janeiro... D. Antônio não via nisso nenhum inconveniente e esclareceu apenas que ele deveria receber as instruções de Aires Gomes... O italiano fazia crer que já conhecia as condições a que deveria se submeter... Mesmo assim não teve como escapar de uma palestra apartada com o escudeiro.
Aires Gomes levava a sério o ritual... De modo formal explicava a “lei” (que podia ser entendida como regimento, estatuto, disciplina...) a todo novo postulante ao grupo soldadesco... Seguia-se uma série de itens que o aventureiro deveria reconhecer e aceitar sem pestanejar... Ficava esclarecido que as ordens de d. Mariz eram lei e que a desobediência a qualquer parte do acordo significava a morte para o infrator.
Loredano desprezou o ritual e disse a Aires Gomes que já conhecia todas as regras, e disse que conversara sobre elas com os demais homens... Assim, virou as costas ao escudeiro, dispensou-o de continuar a falação e deixou claro que jurava tudo o que ele ainda deveria pronunciar... Aires Gomes ficou pensando que o italiano não devia ser boa gente...
Loredano retornou à presença de d. Antônio para comunicar sobre o “juramento que acabara de fazer”... Confirmou que havia aceitado todas as imposições. De sua parte, o fidalgo finalizou reforçando que ele era um chefe exigente, porém leal... Disse ao outro que todos os homens em armas ali formavam uma grande família e que ele próprio se sentia como se fosse o pai daquele grupamento.
Loredano já tinha em mente todo o seu sinistro plano contra a família Mariz... É por isso que teve de disfarçar bem perante d. Antônio e a confiança que ele pretendia transmitir.
(...)
Devemos entender que desde que se tornara possuidor do roteiro de Robério Dias, Loredano matutou uma série de possibilidades... Uma delas era a de partir para a Europa para tentar vender o documento para qualquer soberano... Mas o que lhe parecia mais conveniente era formar um grupo de aventureiros para que pudesse explorar as minas de prata por conta própria e, assim, tornar-se grandioso... Então, depois que escondeu a sua preciosidade, pediu hospitalidade a d. Mariz... Naquelas paragens pretendia planejar melhor seus próximos passos... Observou que entre os aventureiros agregados à casa poderia atrair boa quantidade deles, pois, mercenários que eram, passariam facilmente ao seu comando depois de tomarem conhecimento de seu trunfo.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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