terça-feira, 27 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Loredano avista Álvaro em caminhada solitária pela floresta e se convence de que é ele quem estivera escutando o seu conluio com os dois aventureiros; o rapaz percebeu que estava sendo seguido e posicionou-se defensivamente; Loredano sabia da habilidade de Álvaro com as mais diversas armas; troca de ofensas; um duelo está prestes a ocorrer

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-mae-de.html antes de ler esta postagem:

Loredano, Simões e Soeiro não precisaram andar muito para notar a presença de um tipo que caminhava... Este era Álvaro... Como sabemos, ele não tinha nada a ver com o episódio...
O rapaz andava mergulhado em reflexões sobre Cecília, e também sobre Isabel. Pela manhã, enquanto observava ao longe a janela do quarto de Cecília se abrir, pôde notar que Isabel se atirava de joelhos aos pés da prima... Ficou sem entender a reação das moças... Era sobre isso que pensava... Nós bem sabemos que era a seu respeito que tratavam.
Reflexões e dúvidas solitárias de Álvaro à parte, Loredano estava convicto do que deveria fazer... Disse aos outros dois que o intruso só podia ser aquele que caminhava pela vereda... Depois pediu a eles que permanecessem onde estavam porque ele trataria pessoalmente da situação... Os aventureiros quiseram impedi-lo. Simões até o advertiu sobre a “inutilidade” de mais um crime... Resoluto, o italiano não perdeu tempo com argumentações e partiu com o maior cuidado atrás do outro.
A experiência que Álvaro tinha em expedições pelas matas era tanta que ele estava habituado a superar situações imprevistas... Reconhecia os sons que pudessem indicar a aproximação de algum inimigo ou de uma fera... Então não teve dificuldades em reconhecer que estava sendo seguido... O vento trouxe-lhe o som de pisadas graves em folhas secas. O moço se precaveu encostando-se a um tronco avantajado... Preparou-se para acionar a clavina e esperou. Assumiu uma condição que não deixava ao inimigo (o que quer que fosse) senão a opção de encará-lo de frente... Loredano prosseguiu agachado e notou a estratégia de Álvaro... Mas não lhe restavam muitas alternativas, já que seguia com a convicção de que a pessoa que havia bisbilhotado o seu conluio só podia ser Álvaro.
O problema que se divisava para o criminoso era dos mais complexos... Álvaro era habilidoso com qualquer arma que manipulasse... Punhal, espada ou clavina obedeciam perfeitamente aos comandos de seus membros quando ele atirava ou golpeava com as lâminas... Quando partiam de Álvaro, projéteis e lâminas tinham alvo certo... Loredano sabia disso, pois não poucas vezes pôde ver o rapaz atirar nas flechas que partiam ligeiras do arco de Peri e que serviam de alvo nas alturas. O italiano se irritava com isso também porque notava, além da satisfação do inimigo, a alegria de Cecília ao presenciar sua destreza.
A habilidade de Álvaro era mais que suficiente para garantir-lhe a confiança no confronto com qualquer adversário... Peri era o único que lhe inspirava respeito e admiração... Mas este não era seu inimigo, pois Peri entendia e ficava feliz ao ver que sua senhora se alegrava ao presenciar a destreza do cavalheiro.
Ali na mata, Loredano devia se decidir... Também ele era corajoso e não poderia vacilar... Os fatos se desencadearam e o levaram àquela condição... Era matar ou morrer... Álvaro conseguiu ver que era ele quem se aproximava... Em seu íntimo, também tinha motivos para odiá-lo.
Foi Loredano quem tomou a iniciativa de dar mostras de que sabia onde o outro estava. Apresentou-se dizendo que tinha certeza que sabia que Álvaro havia pensado como ele, e também por que ambos estavam ali... O rapaz, porém, respondeu que não tinha ideia do que Loredano dizia...
O italiano explicou que os dois se odiavam e, sendo assim, buscavam lugar solitário... Talvez na esperança de resolver as diferenças... Álvaro foi sarcástico e falou que não sentia ódio em relação a ele, apenas o desprezava... Garantiu que até o “o réptil que roja (se arrasta) pelo chão” era-lhe menos repugnante do que ele... O italiano contra-atacou dizendo que ele também poderia dizer coisas equivalentes em relação ao seu oponente... Ele odiava Álvaro; este o desprezava... O rapaz tomou a espada à mão e num rápido movimento levou a lâmina a tocar o rosto de Loredano.
Mas conheceremos o desfecho desse entrevero apenas na próxima postagem.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-alvaro-e.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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