Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/07/o-guarani-de-jose-de-alencar-no-dia-em.html
antes de ler esta postagem:
Então temos clareza a
respeito dos problemas que d. Mariz, sua família e agregados passaram a ter com
os aimoré... Foi graças ao cãozinho que o casal e o filho descobriram o cadáver
da menina. Notaram que sua morte havia sido causada por ferimento à bala...
Quiseram saber quem era o culpado pelo assassinato da garota, e por muito tempo
procuraram pistas. Só no dia seguinte é que reconheceram que uma grande tropa
de homens (a expedição que vinha do Rio de Janeiro comandada por Álvaro de Sá)
havia passado pela região... Chegaram ao casarão porque seguiram as pistas do
caminho. Os três aimoré permaneceram na redondeza por toda a noite.
Pela manhã viram que duas jovens se retiraram do casarão (eram Isabel e
Cecília que partiam para o banho no rio). Consideraram que a justiça poderia
ser feita se tirassem a vida daquela que julgavam ser a filha do senhor daquele
lugar... O resto dessa história nós já conhecemos. Peri frustrou o atentado à
Cecília, assassinou os dois índios e seguiu a índia porque sabia que ela iria
ao seu povo para sublevá-lo contra o responsável pelas mortes da pequena índia
e do cacique.
Peri sabia que a situação
se complicaria para d. Mariz. O texto apresenta um selvagem quadro ao retratar
os aimoré (povo sem pátria, canibal e sem religião, cujos indígenas viviam “como
feras, no chão e pelas grutas e cavernas”). É claro que o maior temor de Peri
devia-se à insegurança de sua amada Ceci na situação que se desenrolava. Ele
não conseguia alcançar a índia, então decidiu que o melhor que tinha a fazer
era comunicar a d. Antônio e sugerir que todos deixassem o lugar para se
salvarem dos ataques que, certamente, seriam muito pesados.
Nosso personagem pensava ainda no que devia fazer para
salvar sua senhora quando viu novamente o cãozinho da família aimoré... O
animalzinho havia sido estrangulado pela índia que em vão Peri perseguiu até
então. Ela resolveu tirar a vida do cãozinho porque sabia que seus rastros
seriam facilmente detectados por quem quer que a estivesse perseguindo. Por alguns
instantes, Peri deitou ouvidos ao chão... Pretendia auscultar alguma coisa que
o pudesse levar à índia... De fato, ouviu algo que o deixou estarrecido...
Encaminhou-se até uma touça de cardos, que constituíam um “cercado natural”.
O que o impressionava era um murmúrio de vozes ao mesmo tempo em que a
terra parecia estar sendo cavada... Peri ficou curioso, mas não havia como ver
ou ouvir com maior nitidez o que se passava no interior do cercado de cardos
espinhentos e trançados... O índio notou que os homens que ali estavam só
podiam ter chegado onde estavam subindo numa árvore próxima, de onde desceram
através de um cipó... Sem dúvida, tratava-se de um sítio bem camuflado e quase
inatingível. Peri queria saber o que se passava em meio às árvores... E ficou
mais curioso ao reconhecer a voz de Loredano com seu carregado sotaque
italiano.
Peri resolveu que deveria saber a qualquer custo o que Loredano estava
tramando às escondidas com outros homens... Só podia ser algo de ruim, alguma
maldade típica daquele aventureiro cheio de ódio no coração. Bem perto da
touça, ele percebeu um monte que estava coberto de folhagens. Era a entrada de
um formigueiro abandonado pelos insetos devido a enxurradas recentes. Então,
usando a sua faca, decidiu tirar o tampo da “estrutura de barro gretado”... O
que esperava que ocorresse, de fato aconteceu.
Peri acomodou-se ao lado da entrada do formigueiro com o tampo aberto e
conseguiu ouvir mais claramente a conversa que se passava naquela enorme moita.
As galerias do formigueiro serviram de canais que lavaram o som até o tampo
aberto como se fizessem parte de um tubo acústico.
Com Loredano estavam os aventureiros Bento
Simões e Rui Soeiro. Alencar esclarece os diálogos anteriores que os três
tiveram e mais a conversa que Peri conseguiu ouvir... Mas isso fica para a
próxima postagem.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-na-manha.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto