quarta-feira, 7 de agosto de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – tempestade sobre o pouso; Fernão Aines e sua zombaria; parte de uma árvore atingida por um raio despenca sobre o homem em cheio; percebendo que não escapará com vida, solicita confessar-se ao frade italiano; Aines fala sobre certo parente que o acolheu no Rio de Janeiro e sobre o roteiro traçado por Robério Dias

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-soeiro-e.html antes de ler esta postagem:

Mestre Nunes era o tipo que estava na rede... Ele queria saber sobre quando partiriam e por isso indagava a Fernão Aines, o tipo de traços hebraicos... Aines falou que a tempestade não o incomodava, e disse algo sobre uma “maldita caçada”... Algo inadiável, mas, naquela circunstância, os que saíam para tal empreitada podiam se dar muito mal devido à intensidade da intempérie. O frei se intrometeu dizendo que os que seguem a lei de Deus não tinham o que temer mesmo em situações como aquela. Só os maus deviam esperar pelo pior... Dizia isso como se estivesse a “mandingar”. Fernão Aines perguntou se o religioso acreditava sinceramente no que tinha dito... O frei respondeu que a sua crença era em Deus e o outro destacou que preferia estar ali a ter de enfrentar a borrasca em algum desfiladeiro... No pouso Aines podia zombar da tempestade, mas na floresta era ela que zombaria dele.
Nunes alertava Aines sobre a sua zombaria, mas ele só tinha pensamento para a “maldita lembrança de caçada”... Dizia essas injúrias quando um raio atingiu uma enorme árvore. A parte que se desprendeu dela atingiu Fernão Aines em cheio... O homem foi esmagado e lançado para longe do alpendre. Nunes entrou em desespero no mesmo instante... O frade virou-se em silêncio e observou o acidentado... Fez isso deixando escapar um sorriso do lábio.
Os dois tentaram socorrer Fernão Aines que, espumando sangue, disse que fora vítima do castigo dos céus... Sabendo que não teria como se salvar, Aines solicitou ao frei que o atendesse em sua última confissão. O homem foi colocado sobre uma cama de couro num aposento isolado... Em meio à escuridão só interrompida pelos esporádicos clarões dos relâmpagos, ele solicitou que o religioso o ouvisse sem interrompê-lo porque não tinha fôlego para conversar.
Então o moribundo disse que havia chegado ao Rio de Janeiro em novembro de 1602. Um de seus parentes o acolheu o melhor que pôde... Explicou que esse seu parente, que havia passado muitos anos como aventureiro pelas matas e sertões, esperava que um dia pudessem empreender expedição que certamente resultaria em riqueza para ambos. Um dia ele explicou-lhe que o pai de certo Robério Dias, que era colono na Bahia, foi guiado por um índio a uma região do sertão onde havia abundantes minas de prata. Robério Dias tratou de escrever um roteiro explicativo para que pudesse, a qualquer momento e sem nenhuma ajuda, chegar às minas em ocasião futura... Aines explicou que o seu lastimável estado não lhe permitia entrar em maiores detalhes, mas destacou que o tal roteiro foi extraído de Dias e que acabou chegando às mãos de seu parente...
Em sua confissão, refletiu sobre os vários crimes que aquele papel poderia ter causado no passado... E sobre os muitos que ainda poderia vir a provocar... Lamentou que ao tempo do governador d. Francisco de Sousa, Robério Dias tentasse trocar o mapa com o rei Felipe II na Espanha... Como o monarca não se convenceu daquela história, Dias resolveu guardar o seu mapa e manter silêncio sobre as minas de prata.
O fato é que Dias nada poderia dizer mesmo, porque o roteiro já não estava em sua posse, pois havia sido roubado... E por diversos motivos que não temos condições de saber, o papel foi parar nas mãos do parente de Fernão Aines... Continuando sua confissão, destacou que o outro contava com ele na busca das minas de prata no sertão da província da Bahia... Aines demonstrava em sua confissão que o seu primeiro erro havia sido aceitar a investida, que era ilícita porque ocorreria graças a um roubo... O homem não tinha forças para falar, mas o frei italiano seguia incentivando-o...
Mais detalhes sobre essa confissão na próxima postagem.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-confissao.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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