Deckard conseguiu identificar Luba Luft, o terceiro humanoide Nexus-6 em seu caminho... O primeiro havia sido Rachael... Polokov, o segundo, estava “devidamente aposentado”...
Luba Luft estava ensaiando “A Flauta Mágica”... Interpretava Pamina e cantava sublimemente... Não havia como não reconhecer que a Rosen caprichava na programação de seus robôs... Ela era o terceiro Nexus-6 com o qual teria algum contato, o segundo de sua lista de caçados.
Ao observar a perfeição daquelas máquinas, Deckard constatava que a atuação de um especialista como ele era mesmo necessária... O padrão dos antigos q-40, da Derain Associados, era bem inferior...
Mas isso havia ficado para trás e no momento precisava definir como se aproximar da srta. Luft. Certamente o que tinha a fazer era seguir ao camarim logo após o fim do ensaio.
(...)
Em várias línguas o maestro
anunciou aos músicos e cantores que o ensaio seria suspenso por cerca de uma hora
e meia...
Deckard chegaria até ela... Não poderia eliminá-la
imediatamente porque devia atestar através do teste Voigt-Kampff que de fato
Luba Luft era um androide... Isso demandava organizar os seus aparelhos
conectá-la a eles, e ainda submetê-la às questões.
Um figurante informou-lhe onde poderia encontrar a cantora lírica... O
moço apontou para uma porta onde havia a identificação... Deckard bateu e foi
autorizado a entrar.
Luba estava diante da penteadeira e sobre os joelhos
sustentava uma “partitura encadernada”, onde fazia registros com caneta... Deckard
notou que sua maquiagem tornava seus olhos amendoados ainda mais evidentes... Ela
perguntou quem era e o que desejava... Salientou que
estava ocupada.
Deckard ousou começar afirmando que ela era comparável a Schwarzkopf... Luba
Luft nada disse a respeito dessa consideração e exigiu que ele se
identificasse...
Rick mostrou o seu registro do Departamento de Polícia de São
Francisco... Ela quis saber o motivo de sua aparição... Ele explicou que havia
sido enviado para aplicar um teste padrão de perfil personalizado nela...
Esclareceu que não demoraria...
Luba Luft demonstrou certa irritação... Perguntou se aquilo era
realmente necessário, pois estava ocupada... Enquanto Deckard organizava o
equipamento, disse que sim, era necessário realizar aquele teste... Ela quis
saber se era teste de Q.I e ele revelou que se tratava de um teste de
empatia... Disse que lhe mostraria algumas fotografias e faria algumas
perguntas... Enquanto dava essas explicações, colou o adesivo com os fios
conectados aos indicadores em seu rosto.
Depois Deckard ajustou “o ângulo do emissor do feixe de luz” e Luba
perguntou-lhe se pensava que ela era uma androide... Emendou que nunca estivera
em Marte e que nunca havia visto um androide... A moça estava nitidamente
nervosa ao dizer que se ele sabia que existia algum androide no elenco, ela
mesma “teria prazer em ajudá-lo”... Quis mostrar que, evidentemente, não se
ofereceria a colaborar se fosse realmente uma androide.
Deckard disse que uma das
indicações que revelavam o androide era exatamente o não se importar com o que
ocorreria a outro de sua espécie... Luba Luft respondeu que, sendo assim, ele
mesmo poderia ser um androide... Ora, o trabalho dele era matar androides como “caçador
de recompensas”... Ele já havia se submetido ao teste que queria iniciar com
ela?
Ele respondeu que tinha se
submetido ao teste na época em que começou o trabalho no Departamento... A
srta. Luft disse que aquilo que ele falava bem poderia ser produto de uma “memória
falsa” como a que implantavam nos androides... A moça argumentou que poderia
ser que ele, em sua desesperada condição de androide, tivesse assassinado um
caçador vinculado ao departamento de polícia e, em seguida, tomado o seu lugar...
Deckard cortou o assunto
subitamente... Disse que deviam começar logo o teste... Mas ela respondeu que se
submeteria ao exame se ele próprio fosse examinado antes dela. Argumentou que isso
seria justo.
O especialista ficou sem saber o que dizer.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/10/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_27.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto