A primeira entrevistada por Deckard na sede da empresa responsável pela produção dos humanoides está sendo a própria Rachael Rosen...
Sabemos que ele deverá mostrar a eficiência da Escala Voigt-Kampff porque a investigação policial não poderá colocar os humanos em risco...
Eldon Rosen (tio de Rachael e proprietário do empreendimento importantíssimo nos esforços de colonização espacial) permaneceu para assistir ao trabalho de Deckard... O que ele podia esperar dos testes? Torcia para que a Escala Voigt-Kampff desse em bem sucedida?
É certo que alguma coisa deveria ser feita para barrar os Nexus-6 que se rebelaram, pois se não encontrassem nada eficaz na identificação dos humanoides teriam de interromper a sua produção. Por outro lado também podemos considerar que o sucesso policial no caso provava que a Rosen ainda não havia chegado à perfeição...
(...)
A série de situações apresentadas por Deckard em sua
entrevista provocam reações no entrevistado e os aparelhos registram as
alterações... O movimento dos ponteiros nos indicadores revela ao policial o
quão humano (ou verdadeiramente androide) é o seu entrevistado.
Ao final do processo nenhuma dúvida pode pairar. O veredicto deve ser
certeiro.
Como vimos, o trabalho
demanda muita paciência... Rachael está respondendo sobre as decisões que
tomaria perante as situações que lhe são apresentadas... Não é difícil notar
que cada uma delas envolve algo relacionado à presença direta ou indireta de
animais na vida humana (uma carteira de couro de bezerro no primeiro caso; uma
coleção de borboletas no segundo; uma vespa no terceiro...).
Estamos no ponto em que Deckard apresenta a quarta
situação à Rachael... Ele lhe dizia a respeito de um hipotético marido, que
teria gostado de uma fotografia de página inteira em que se via uma garota
nua... E completou afirmando que a moça estaria deitada de bruços sobre um
tapete feito de pele de urso...
(...)
Como os medidores não se movimentaram, Deckard concluiu que a reação de
Rachael indicava a de um androide típico... Ela não manifestara nenhuma reação
ao “elemento principal” da questão, “a pele do animal morto”... A mente dela se
concentrou apenas em detalhes “secundários”.
Deckard continuou dizendo que o marido penduraria a foto da garota nua
na parede de seu escritório... Os ponteiros se movimentaram... Rachael reagiu
dizendo que não permitiria.
(...)
Depois foi apresentada uma situação em que ela estava lendo um romance
antigo, da época anterior à guerra terminus... Os personagens famintos entraram
num restaurante cuja especialidade era frutos do mar... Um dos tipos quis
lagosta e o chef atirou uma num caldeirão de água fervente enquanto os demais
observavam... Imediatamente Rachael manifestou indignação... Um “horror”! Mas
os medidores não se movimentaram porque, na realidade, ela estava apenas
simulando... A resposta estava correta, mas o teste não revelava alterações que
apenas um humano podia manifestar...
(...)
Ao que tudo indica Deckard
já possui resposta bem embasada a respeito da bela Rachael... Mesmo assim, ele escolhe
“novos hipotéticos episódios” para lhe apresentar...
(...)
A situação proposta na sequência dizia respeito a uma cabana situada em “área
ainda verdejante”... Rachael era levada a imaginar-se alugando o rústico
ambiente dotado de madeiras de pinho nas paredes e ampla lareira... Mapas
antigos e gravuras (da Currier & Ives; certamente com cenas do século XIX,
também marcado pela ocupação do interior da América do Norte e pelo contato das
pessoas com uma natureza ainda preservada) decoravam as paredes.
Elemento central da
decoração da cabana era uma cabeça de veado dotada de belos e bem definidos
chifres... Mas antes que Deckard pudesse fazer qualquer indagação a respeito da
situação exposta, Rachael pronunciou com decisão um “não com a cabeça de veado”...
Os medidores se movimentaram apenas na “área
verde”.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/10/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_12.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto