A situação proposta na sequência colocava Rachael na condição de engravidada por um tipo que havia lhe prometido casamento... No entanto ele decidiu fugir com outra mulher... A reação dela era fazer um aborto.
(...)
Mais uma vez Rachael interrompeu a narrativa de Deckard, garantindo que
“nunca faria o aborto”... E argumentou que a pena para este crime era a prisão
perpétua... Ele devia saber!
Os ponteiros apresentaram
grande oscilação na “faixa vermelha”... O tira perguntou sobre como ela sabia a
respeito das dificuldades de se praticar um aborto... Rachael disse que todos
sabiam a respeito daquela situação de delito e da vigilância da própria
polícia...
Deckard demonstrou espanto ao dizer que as palavras da
depoente pareciam manifestar uma experiência pessoal (!)... Ele viu que os
ponteiros percorreram “larga faixa dos mostradores”.
(...)
Deckard apresentou mais dois outros casos...
No primeiro, um homem a convidava a visitar o seu
apartamento.
Enquanto bebessem, Rachael observaria a decoração do quarto do tipo...
Ali poderia contemplar cartazes de touradas até que ele a seguraria pela
cintura.
Rachael interrompeu querendo saber o que é um cartaz de tourada...
Deckard explicou em linhas gerais a respeito do toureiro e sua capa, o touro e
seus chifres... Era evidente que a moça não tinha a menor ideia do que se
tratava... Então ele perguntou a sua idade...
Dezoito anos... Ela respondeu... Na sequência quis que ele completasse a
situação que começou a apresentar... Quis saber o que o homem disse logo que
tomou a sua cintura... Mas Deckard perguntou se ela sabia como é que as touradas
terminavam.
A moça apenas poderia supor que ao final de uma tourada alguém se
machucasse... Ele explicou que ao término do espetáculo o touro acabava
morto... Disse isso enquanto observava os ponteiros, que tiveram movimentação
insignificante.
No segundo e último caso,
ela estaria assistindo a um filme de antes da grande guerra... A cena é sobre
um banquete em que as pessoas comem ostras cruas.
Rachael manifestou
repugnância... Deckard viu que os ponteiros tiveram leve oscilação.
A seguir ele revelou o prato de entrada: “cão cozido recheado com arroz”...
Como a oscilação dos
ponteiros tivesse sido ainda menor, Deckard quis saber se ela considerava
ostras cruas ”mais aceitáveis” do que o cão servido cozido... Rachael exclamou
que não...
(...)
Depois disso, Deckard foi desligando os instrumentos e
retirando o adesivo da bochecha de Rachael... Fez os movimentos necessários enquanto
sentenciava que ela se tratava de um androide... Era exatamente isso o que o
Teste Voigt-Kampff garantia... Comunicou também a Eldon Rosen, que apresentava
uma aparência raivosa e contorcida. A ele perguntou se, de fato, estava
correto...
O tipo idoso não respondeu imediatamente... Deckard argumentou que
também para a empresa era importante saber que o Teste Voigt-Kampff funcionava
plenamente.
(...)
Eldon Rosen foi enfático ao garantir que a sobrinha
não era androide coisa nenhuma... Rick Deckard assumiu posição e objetou...
Rachael perguntou por que o tio mentiria, e emendou que se fosse o caso
contrário teriam interesse em mentir...
Deckard a olhou e disse que solicitaria uma análise da medula óssea
dela... É claro que se tratava de algo dolorido, e também de resultado não
imediato, mas o exame era eficiente e tiraria qualquer dúvida que ela
alimentasse.
Rachael argumentou que legalmente não podia ser obrigada a se submeter
ao exame... Sujeitar-se ao exame equivaleria a produzir provas de
autoincriminação... Ela emendou que o Teste Voigt-Kampff podia ser aplicado nos
“especiais”, que tinham de ser constantemente testados...
Bastante irritada, Rachael disse que o teste estava mesmo terminado... E
era apenas nisso que Deckard acertara...
Levantou-se abruptamente.
De mãos na cintura, posicionou-se de costas para
o investigador.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/10/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_13.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto