Rick Deckard quis deixar claro que a questão toda se originava no avançado desenvolvimento que a Rosen havia atingido na produção de humanoides... É claro que Eldon defendeu a posição da empresa, e disse que sua produção atendia às demandas dos colonos espaciais... Se não fizessem assim, outras empresas teriam se lançado à empreitada e dominariam o mercado.
A Rosen correu o sério risco ao desenvolver a unidade cerebral Nexus-6... Mas, para Eldon, a polícia falhara com o seu Voigt-Kampff... Uma coisa seria “confundir o avançado androide com um humano”... Outra era classificar como androides os humanos com “capacidade de empatia pouco desenvolvida”, como parecia ser o caso de Rachael.
(...)
Então é isso...
Rosen queria mostrar que a condição de Deckard era,
“moralmente falando”, “extremamente perversa”... De modo algum esse era o caso
da empresa.
Deckard entendeu que não teria chance de examinar um Nexus-6... E tudo
porque sua primeira tarefa teve como “objeto” uma “garota esquizoide”... Ele
refletiu sobre essa situação... Definitivamente não deveria ter assumido aquele
encargo.
Rachael sentenciou-lhe que a empresa o tinha em suas
mãos.
(...)
Deckard não conseguia entender como havia caído na “armadilha”
engendrada pela Rosen... Encarou Rachael e o tio Eldon “como indivíduos”... Mas
eles eram apenas porta-vozes de uma poderosa “entidade corporativa”.
O velho Eldon, como que a provocar, disse-lhe que era certo que o
inspetor Bryant ia querer saber como foi que a empresa conseguiu anular o seu
mecanismo de investigação antes mesmo de iniciar as operações... Deckard
acompanhou a sinalização do tipo, que apontava para o teto, e pôde constatar
que tudo o que se passara ali havia sido filmado...
O velho propôs um acordo...
Rachael lembrou o desejo manifestado por Deckard de possuir a coruja...
Ele sabia que aquilo não ocorreria, mas pensou um pouco e tentou imaginar o que
a empresa estava propondo... Eldon dizia que a coruja era um desejo estupendo
e, olhando para a sobrinha, disse que talvez o investigador não tivesse ideia
do que estavam iniciando...
Rachael discordou...
Manifestou um “sim”, Deckard sabia exatamente o que estavam acertando ali...
A moça se aproximou
muito dele. Ele pôde sentir o seu perfume... Ela garantiu que faltava bem pouco
para que ele conseguisse a sua tão sonhada coruja... Dirigindo-se ao tio,
Rachael lembrou-o de que Deckard era um “caçador de recompensas” que vive das
recompensas conquistadas através do seu trabalho temerário... Ele não vivia do
salário.
Deckard balançou a cabeça... A moça tinha razão...
Ela quis saber quantos eram os androides que estavam à solta... Ele
explicou que se tratavam de oito, sendo que dois haviam sido aposentados por
outro tira... Rachael quis saber quanto ele recebia por androide que
eliminava... Deckard explicou que isso variava muito.
(...)
Rachael estabelecia uma
lógica em sua argumentação... Parecia claro que ele não poderia utilizar a Escala
Voigt-Kampff; então, não poderia identificar androides; logo, não receberia
nenhuma recompensa...
Deckard disse que uma nova
escala poderia substituir a Voigt-Kampff... Isso havia ocorrido em ocasiões
passadas, mas era certo que, no momento, essa possibilidade era das mais
remotas.
A moça continuou a falar repetindo as próprias
conclusões de Deckard... Parecia não pretender ir ao âmago da questão...
Encarou-o e disse que a Voigt-Kampff estava obsoleta... A escala não era
confiável... E não havia nada que indicasse sua substituição.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/10/androides-sonham-com-ovelhas-eletricas_35.html
Leia: Androides sonham com ovelhas elétricas? Editora Aleph.
Um abraço,
Prof.Gilberto