segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – ainda o texto; “Canção de Núpcias para Gente Pobre” em honra do reverendo; nova bronca do Navalha; precariedade; Polly se dispõe a cantar a canção que tem como mensagem a resposta de pobre garota aos embriagados frequentadores do reles bar no Soho


Nas postagens sobre o filme já tratamos das cenas em que o reverendo participa. Vimos o quanto ele se sentiu constrangido e amedrontado por ter de celebrar o casamento de Mac Navalha... Assustou-se com as manifestações dos bandidos e por isso procurou a todo custo deixar o armazém...
(...)
O texto da peça mostra que os reunidos na estrebaria (não podemos esquecer que, no texto, este é o local do casamento) sentiram-se aliviados pela chegada do religioso e o saudaram alegremente. Também o reverendo Kinball foi simpático ao dizer que já fazia algum tempo que procurava o local. Comentou que a “casinha” era das mais modestas, mas o importante era que os noivos eram os proprietários.
O Navalha o corrigiu no mesmo momento revelando que aquele ambiente pertencia ao duque de Devonshire... Polly apresentou seu cumprimento e disse que estava muito feliz com a presença de Kimball no dia mais feliz de suas vidas. O noivo aproveitou a deixa para pedir que cantassem um hino em honra do reverendo. Matthias perguntou se era apropriado cantarem a canção de Bill Lawgen e Mary Syer e até o reverendo Kimball salientou que seria bonito vê-los mais soltos e desinibidos...
Três dos capangas se posicionaram e deram início à canção... A princípio suas vozes saíram inseguras e fracas. Finalizaram o número da mesma maneira...
(...)
Como vimos, logo que chegaram à estrebaria e começaram a descarregar os itens roubados, alguns capangas se puseram a cantar a canção de Bill Lowgen e Mary Syer... Vimos que no filme a canção é entoada por um par deles diante de um espelho também roubado.
O texto da peça dá o título de “Canção de Núpcias para Gente Pobre”:

                   “Bill Lawgen e Mary Syer
                   Tornaram-se marido e mulher,
                   (Viva! Viva! Viva!)
                   Mas, quando se casaram na capela,
                   Ele ignorava de onde vinha a roupa dela,
                   E ela não sabia o nome dele sequer,
                   Viva!”
                            “Sabe onde sua mulher trabalha? Não!
                            Pretende abandonar seus vícios? Não!
                            (Viva! Viva! Viva!)
                            Bill Lawgen confessou-me isso à parte:
                            Eu quero dela só uma pequena parte.
                            Porcalhão!
                            Viva!”

(...)
Como não podia deixar de ser, o Navalha abriu a boca para reclamar... Só isso tinham a cantar?
Emendou um “que precariedade!”... Mas em vez de se acabrunhar, Matthias concordou e repetiu “precariedade”, dizendo aos demais que a palavra se encaixava bem à apresentação... Com grosseria, o chefe exigiu que ele se calasse.
Matthias respondeu que queria dizer apenas que “faltou alma, calor, algo assim”. Ao perceber a insatisfação do noivo e concordar com a “precariedade da apresentação”, Polly disse que mostraria um pequeno número que consistia na imitação de uma menina que vira certa vez num boteco reles do Soho. Contou que a garota era copeira e todos riam dela... Quando isso ocorria, a menina se dispunha a falar poucas e boas aos frequentadores arrogantes.
Polly explicou que a canção que cantaria trazia a mensagem que a pobre menina transmitia aos embriagados frequentadores da espelunca. Pediu que todos imaginassem o balcão sempre sujo onde ela passava dias e noites... Mostrou um balde e sugeriu que imaginassem o “esfregão com o qual ela lavava os copos”... Pediu que se imaginassem os próprios fregueses do bar reles a quem a canção se dirigiria e, assim sendo, eles podiam ficar à vontade para rir, pois isso tornaria a encenação mais próxima da verdade.
Na sequência, Polly fez umas mímicas como se estivesse a lavar copos... Apontou para o capanga Walter-salgueiro-chorão e o orientou a vociferar: “Então, quando é que vai chegar teu navio, Jenny?”
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas