Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_14.html antes
de ler esta postagem:
Nas
postagens sobre o filme já tratamos das cenas em que o reverendo participa.
Vimos o quanto ele se sentiu constrangido e amedrontado por ter de celebrar o
casamento de Mac Navalha... Assustou-se com as manifestações dos bandidos e por
isso procurou a todo custo deixar o armazém...
(...)
O texto da peça mostra que os reunidos na estrebaria (não podemos
esquecer que, no texto, este é o local do casamento) sentiram-se aliviados pela
chegada do religioso e o saudaram alegremente. Também o reverendo Kinball foi
simpático ao dizer que já fazia algum tempo que procurava o local. Comentou que
a “casinha” era das mais modestas, mas o importante era que os noivos eram os
proprietários.
O Navalha o corrigiu no mesmo momento revelando que aquele
ambiente pertencia ao duque de Devonshire... Polly apresentou seu cumprimento e
disse que estava muito feliz com a presença de Kimball no dia mais feliz de
suas vidas. O noivo aproveitou a deixa para pedir que cantassem um hino em
honra do reverendo. Matthias perguntou se era apropriado cantarem a canção de
Bill Lawgen e Mary Syer e até o reverendo Kimball salientou que seria bonito
vê-los mais soltos e desinibidos...
Três dos capangas se posicionaram e deram início à canção... A princípio
suas vozes saíram inseguras e fracas. Finalizaram o número da mesma maneira...
(...)
Como vimos, logo que chegaram à estrebaria e começaram
a descarregar os itens roubados, alguns capangas se puseram a cantar a canção
de Bill Lowgen e Mary Syer... Vimos que no filme a canção é entoada por um par
deles diante de um espelho também roubado.
O texto da peça dá o título de “Canção de Núpcias para Gente Pobre”:
“Bill Lawgen e Mary Syer
Tornaram-se marido e mulher,
(Viva! Viva! Viva!)
Mas, quando se casaram na
capela,
Ele ignorava de onde vinha a
roupa dela,
E ela não sabia o nome dele
sequer,
Viva!”
“Sabe onde sua mulher trabalha? Não!
Pretende
abandonar seus vícios? Não!
(Viva!
Viva! Viva!)
Bill
Lawgen confessou-me isso à parte:
Eu
quero dela só uma pequena parte.
Porcalhão!
Viva!”
(...)
Como não podia deixar de ser, o Navalha abriu a boca para reclamar... Só
isso tinham a cantar? Emendou um “que precariedade!”... Mas em vez de se acabrunhar,
Matthias concordou e repetiu “precariedade”, dizendo aos demais que a palavra
se encaixava bem à apresentação... Com grosseria, o chefe exigiu que ele se
calasse.
Matthias respondeu que queria dizer apenas que “faltou
alma, calor, algo assim”. Ao perceber a insatisfação do noivo e concordar com a
“precariedade da apresentação”, Polly disse que mostraria um pequeno número que
consistia na imitação de uma menina que vira certa vez num boteco reles do Soho.
Contou que a garota era copeira e todos riam dela... Quando isso ocorria, a
menina se dispunha a falar poucas e boas aos frequentadores arrogantes.
Polly explicou que a
canção que cantaria trazia a mensagem que a pobre menina transmitia aos
embriagados frequentadores da espelunca. Pediu que todos imaginassem o balcão
sempre sujo onde ela passava dias e noites... Mostrou um balde e sugeriu que
imaginassem o “esfregão com o qual ela lavava os copos”... Pediu que se
imaginassem os próprios fregueses do bar reles a quem a canção se dirigiria e,
assim sendo, eles podiam ficar à vontade para rir, pois isso tornaria a
encenação mais próxima da verdade.
Na
sequência, Polly fez umas mímicas como se estivesse a lavar copos... Apontou
para o capanga Walter-salgueiro-chorão e o orientou a vociferar: “Então, quando
é que vai chegar teu navio, Jenny?”
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_22.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto