Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo-o_95.html antes
de ler esta postagem:
Péricles a provocou querendo saber se, já que
pensava “por si mesma”, o fazia bem... Nancy respondeu que não sabia, mas
certamente podia dizer que a posição social dele era bem menos sedutora do que
a fortuna ostentada pelo velho.
Se esse era o caso, Péricles ponderou e perguntou se ela achava que ele
devia se enriquecer para alimentar alguma esperança... A resposta foi
enfática... Sem dúvida! Nancy acrescentou que “os homens sem idoneidade não devem
fazer declarações de amor”.
O rapaz não escondeu
sua indignação e quis saber se ela não o considerava idôneo... Em resposta,
Nancy deixou claro que se referia à idoneidade financeira, e ele não devia
estranhar já que se trata de condição essencial em qualquer contrato, como o de
casamento.
Péricles ouviu as considerações de sua pretendida e na sequência
exclamou que a convivência com o velho era nefasta, uma má influência para a
mulher. Nancy não concordou... A influência do velho era nefasta porque ele a
ensinara a viver? Uma mulher que raciocina deixa os homens desorientados... E
esse parecia ser o caso do jovem enamorado.
Neste
ponto, Péricles atingiu o auge da indignação. Como ela podia sugerir que as mulheres
podiam raciocinar? Isso era uma “reserva masculina”! Nancy respondeu que pensava
exatamente daquela forma... “Somos iguais!”
O rapaz balançou a cabeça
e sentenciou que ainda não era velho. Dessa forma sugeria que sua pretendida,
ao sustentar “ideias absurdas”, estava envelhecendo. Nancy disse que ele não
ganhava nada em arrogar-se jovem. De que adiantava sua juventude se era pobre?
Péricles
quis se justificar dizendo que ao menos havia romantismo no fato de ser um “jovem
pobre”... Ela devolveu que “o romantismo é um velho centenário” que, tendo
nascido em 1830, andava “caduco pelas ruas, a sofrer chacotas”.
(...)
O moço não escondeu
estar chateado e disse que ela estava voltando a “falar filosoficamente”...
Nancy retrucou e garantiu que continuava a falar “financeiramente”...
Seguiu-se uma troca
de palavras... “Insistentemente”; “perfeitamente”... O caso é que Péricles
percebia que não estava conseguindo fazê-la mudar o modo de pensar em relação
ao velho e, consequentemente< aceitar sua “proposta”. Ele se virou dando a
entender que ia se retirar e anunciou que algum dia voltaria “com os bolsos
cheios de argumentos”.
Nancy disse um “não se demore!” enquanto ele se despedia com um “até
breve”... Ao ficar só na grande sala, ela manteve o olhar fixo na porta... Deixou
escapar um “coitado!” enquanto pensava no tipo... “Adeus!”...
Seus
pensamentos dedicaram-se à reflexão sobre sua situação... E a inesperada
proposta do jovem enamorado? A si mesma perguntou se não seria capaz de
desistir das joias e de todo conforto para se dedicar a ele... A si mesma
respondia com novos questionamentos... Ainda é cedo? Não estava preparada? Ao
menos sentia que não podia se precipitar, pois ainda tinha algum “juizinho”.
(...)
De repente Péricles reapareceu na sala... Ele chegou ofegante e dizendo
que já ia pelo jardim localizado próximo ao portão da saída quando o velho
entrou... Nancy olhou-o admirada e perguntou-lhe se tinha medo dele. O rapaz
titubeou sem conseguir responder e ela quis saber se ele tinha medo da
velhice...
Péricles sentenciou que quando sua própria velhice
chegasse não a temeria... A mulher pediu-lhe que se sentasse e disse que queria
assistir ao “encontro de duas épocas na mesma época”.
O moço vacilou, mas
Nancy exclamou quase exigindo que se sentasse. Ele obedeceu e logo notou a
entrada do velho, que caminhava com a leveza de um jovem aos trinta anos...
Seus passos eram firmes...
Péricles
levantou-se conforme o outro se aproximava, mas permaneceu calado.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/deus-lhe-pague-peca-de-joracy-camargo-o_20.html
Leia: “Deus
lhe pague”. Ediouro.
Um
abraço,
Prof.Gilberto