Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_23.html antes
de ler esta postagem:
Após a morte de D. Afonso I em 1541, o modelo político
idealizado pelos portugueses inspirado nas monarquias europeias definhou e deu
lugar à antiga tradição e, como afirmamos anteriormente, “o território africano não experimentou outro reinado
como o que havia sido planejado ‘à europeia’. Em vez de reinados duradouros,
quase cinquenta reis se sucederam no Congo num período que não chegou a
totalizar cento e cinquenta anos”.
Por
“antiga tradição” devemos entender “o equilíbrio político instável, obtido
através do consenso provisório entre as famílias eleitoras ante a necessidade
de preenchimento do cargo de chefe dos grupos locais”... Em outras palavras,
podemos dizer que os congoleses não admitiram a transmissão automática do trono
ao filho do primeiro rei cristão e o velho costume foi retomado.
(...)
Nkanga a Mbemba era o preferido de D. Afonso I...
O jovem tinha o nome cristão de D. Pedro. Mas aconteceu que dois outros parentes,
Mpudi a Nzinga e Nkumbi Mpudi a Nzinga (o primeiro era D. Francisco por nome de
batismo e o segundo era D. Diogo) pleitearam o trono... Ainda em 1541
iniciou-se a luta interna e os grupos familiares impuseram derrota a D. Pedro,
que teve de buscar refúgio numa igreja para livrar-se de ser morto.
Este
primeiro embate terminou penas em 1545, com a vitória de D. Francisco... Mas seu
reinado foi de curtíssima duração já que em poucos meses D. Diogo, que era neto
de D. Afonso I, o destituiu e permaneceu no poder durante quinze anos (de 1546
até a sua morte em 1561). A respeito da administração de D. Diogo, o livro
destaca que ele procurou fortalecer o poder local e estabelecer um controle
mais rígido do comércio a partir do porto de Pinda... O rei planejou uma
aproximação diplomática em relação à Santa Sé ao mesmo tempo em que fez
oposição à atuação dos missionários franciscanos, que trabalhavam na
catequização, inclusive tendo elaborado uma cartilha de evangelização em
kikongo, língua local; e jesuítas. Esses últimos acabaram expulsos do Congo.
As medidas de D.
Diogo desagradaram comerciantes portugueses, e estes se articularam numa
conspiração que resultou em sua morte... Os insurgentes trataram de assassinar
também o seu “sucessor natural”. Dessa forma um “segundo irmão”, D. André, que também
pretendia assumir o poder foi elevado ao trono.
(...)
Por
aquela época, Angola e Congo vinham sofrendo ataques de um povo nômade e
agressivo, os “guerreiros jagas”, que provocaram a destruição de São Salvador,
a capital cristã do Congo, ainda em 1558 (ocasião em que D. Diogo se exilou na
ilha dos Cavalos)...
(...)
As pressões dos
portugueses que atuavam no Congo eram contra a permissão concedida pelo rei aos
produtores rurais, que passaram a poder importar até “120 escravos locais” por
ano... D. André teve de ceder o poder a Mpemba a Nzinga, que era apoiado pelos
portugueses e tinha o nome cristão de D. Afonso II.
(...)
Em nota, Tinhorão
esclarece que o nome “André I, como sucessor de D. Diogo, é citado apenas por
Alfredo de Sarmento, que o inclui na relação nominal de 48 reis do Congo” que
ele consultou na época de sua viagem à capital daquele país a partir de julho
de 1856, quando D. Henrique II era o “rei do Congo”. O mesmo Sarmento, em “Os
sertões d’África: impressões de viagem”, destaca outro André (II) que sequer
chegou a ser coroado.
(...)
A parceria de Mpemba a Nzinga não era aceita pelos nativos. Esses se
revoltaram e o mataram em 1567. Seu sucessor foi Nzinga Mbemba, que adotou o
nome cristão de Bernardo I e foi escolhido pelos chefes tribais.
Este Bernardo I tentou estabelecer acordos com os portugueses e com os
jagas, mas este belicoso povo nômade o matou no mesmo ano de 1567... Sorte idêntica
teve o seu sucessor, Mpudi a Mbemba (D. Henrique), também em 1567.
(...)
Depois de várias mortes violentas de manicongos,
Mpangu a Nimi Lukeni lua Mbemba, sob o nome cristão de D. Álvaro I, foi
escolhido como “chefe maior do Congo”.
Conheceremos
um pouco a respeito de seu reinado na próxima postagem... Adiantamos que o
início em 1567 foi conturbado, mas enfim ocorreu um período mais estável e este
rei permaneceu no poder até 1587.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/rei-do-congo-mentira-que-virou-folclore_26.html
Leia: Rei
do Congo. Editora 34.
Um
abraço,
Prof.Gilberto