Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_22.html antes
de ler esta postagem:
A Senhora
Peachum chegou à escrivaninha onde o marido a orientou a providenciar a roupa
de tipo “C” para o novo contratado... Ela chamou Filch de “baixinho” e pediu
para segui-la. Assim que se retiraram a fila de candidatos adiantou-se. O
primeiro chegou à mesa apresentando os “ganhos” do dia. No corredor que ficava diante
da porta de entrada um outro que fazia “papel de cego” mal notou que podia
deixar de dramatizar, pois já não estava na rua.
Filch quis saber de uns manequins e Peachum explicou que se tratava dos
cinco modelos básicos de “miséria que tocam o coração” das pessoas e as levam a
partilhar seu dinheiro. A Senhora Peachum trouxe a “roupa C”, mas o rapaz
preferiu a do primeiro manequim e disse que gostaria de usar o tipo “A”. O
patrão disse logo que não era indicada para ele porque a vestimenta caracterizava
jovens que “já tiveram dias melhores”. Filch respondeu que ele mesmo já experimentara
dias melhores... Peachum argumentou que se lhe entregasse o “tipo A” ninguém
acreditaria que ele era um sofredor. Do que reclamaria na rua? De dor de
estômago? Isso só deixaria os transeuntes aborrecidos!
Peachum foi incisivo ao
esbravejar que o outro não tinha direito de fazer perguntas... Junto ao cabide
com a vestimenta de “tipo C” estava a Senhora Peachum que de tão desequilibrada
parecia embriagada e a exigir que o “baixinho” pegasse logo as roupas que lhe
foram reservadas.
(...)
A fila de mendigos continuou a crescer... Um dos tipos
chegou ao patrão informando que trazia dinheiro “para um novo...”, mas não
completou a frase porque Peachum chamou Polly, sua filha, aos gritos. Em vez da
jovem, foi a Senhora Peachum que apareceu e teve de ouvir o protesto do marido a
respeito de uns farrapos que deviam ter sido lavados, de buracos que tinham de
ser “queimados” enquanto as manchas tinham de ser feitas de cera. Reclamou que
os mendigos mais esforçados que juntavam dinheiro tinham direito a “uniformes
novos” que chamavam a atenção dos que doavam esmolas.
O sermão foi interrompido por um dos mendigos que se aproximou da mesa
falando a respeito dos altos ganhos do patrão enquanto ele tinha de usar um “toco
miserável” num dos braços... E ainda tinha de se dirigir àquele lugar imundo! Sem
dizer qualquer palavra, Peachum tomou a ficha do tipo e a rasgou sobre a mesa.
Depois, como a sentenciar que o caso estava resolvido, disse que ele podia se
retirar e arranjar outro “emprego” para se sustentar. O miserável quis implorar
para que a punição fosse retirada, mas dois agentes o seguraram e o arrastaram
para fora enquanto ele os chamava de bandidos e ladrões.
O tipo que havia chegado dizendo que trazia dinheiro
completou que queria uma nova roupa. Pelo visto era Polly que cuidava desse
assunto, pois novamente Peachum a chamou aos berros. Como não obtivesse
resposta, ele se levantou decidido a buscá-la em seu quarto... Subiu a escada
com a Senhora Peachum no seu encalço e a pedir-lhe que deixasse a filha dormir.
Deixá-la dormir... Peachum não podia admitir que a filha permanecesse na
cama àquela hora avançada do dia. No piso inferior, os mendigos se aglomeraram ao
pé da escada para observar as reações do patrão... Já no quarto da jovem, ao
notar a cama vazia, entendeu que ela não passara a noite em casa. Falou isso à
esposa que, pelo visto, sabia de algo que não pretendia partilhar com ele.
Entrementes Polly acabava de chegar e passava pelos mendigos
enfileirados diante da escrivaninha... Cumprimentou a todos com um “bom dia!”...
Eles viram que ela trajava um vestido de noiva enquanto se encaminhava para o
piso de cima. Via-se que estava bem animada... Antes que ela chegasse ao
quarto, a Senhora Peachum revelou ao marido o que sabia. E é por isso que o
vemos matutando a respeito de um acessório específico usado pelo pretendente da
garota: “uma bengala com cabo de marfim”... Só podia ser Mac Navalha!
A Senhora Peachum exclamou
um “Santo Deus!” mostrando que não tinha a menor ideia a respeito da identidade
do pretendente de sua Polly. A jovem chegou e se deparou com os dois no quarto...
Cumprimentou-os, mas ouviu do pai que ela não passava de uma “vadia de um
escroque”.
(...)
Há um corte de cena e logo vemos Filch que havia
acabado de se trocar... Ele parou diante de um espelho e pôs-se a se contemplar
no traje de mendigo. Dois outros tipos o observavam e um deles entregou-lhe uma
muleta. Outros mais se aproximaram e soltaram gargalhadas ao notarem que ele
aprovara o que vira e sorria de contentamento.
Continua em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_25.html
Leia: “A
ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um
abraço,
Prof.Gilberto