quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o filme; Filch viu os cinco manequins e desejou um deles, mas teve de se contentar com o tipo “C”; aglomeração de mendigos no escritório de Peachum para solicitar inscrição e prestar contas; um protesto sufocado pelo patrão; Peachum solicita a presença da filha para auxiliar nas demandas da firma; desaprovação paterna; Filch achou positiva a sua transformação em mendigo


A Senhora Peachum chegou à escrivaninha onde o marido a orientou a providenciar a roupa de tipo “C” para o novo contratado... Ela chamou Filch de “baixinho” e pediu para segui-la. Assim que se retiraram a fila de candidatos adiantou-se. O primeiro chegou à mesa apresentando os “ganhos” do dia. No corredor que ficava diante da porta de entrada um outro que fazia “papel de cego” mal notou que podia deixar de dramatizar, pois já não estava na rua.
Filch quis saber de uns manequins e Peachum explicou que se tratava dos cinco modelos básicos de “miséria que tocam o coração” das pessoas e as levam a partilhar seu dinheiro. A Senhora Peachum trouxe a “roupa C”, mas o rapaz preferiu a do primeiro manequim e disse que gostaria de usar o tipo “A”. O patrão disse logo que não era indicada para ele porque a vestimenta caracterizava jovens que “já tiveram dias melhores”. Filch respondeu que ele mesmo já experimentara dias melhores... Peachum argumentou que se lhe entregasse o “tipo A” ninguém acreditaria que ele era um sofredor. Do que reclamaria na rua? De dor de estômago? Isso só deixaria os transeuntes aborrecidos!
Peachum foi incisivo ao esbravejar que o outro não tinha direito de fazer perguntas... Junto ao cabide com a vestimenta de “tipo C” estava a Senhora Peachum que de tão desequilibrada parecia embriagada e a exigir que o “baixinho” pegasse logo as roupas que lhe foram reservadas.
(...)
A fila de mendigos continuou a crescer... Um dos tipos chegou ao patrão informando que trazia dinheiro “para um novo...”, mas não completou a frase porque Peachum chamou Polly, sua filha, aos gritos. Em vez da jovem, foi a Senhora Peachum que apareceu e teve de ouvir o protesto do marido a respeito de uns farrapos que deviam ter sido lavados, de buracos que tinham de ser “queimados” enquanto as manchas tinham de ser feitas de cera. Reclamou que os mendigos mais esforçados que juntavam dinheiro tinham direito a “uniformes novos” que chamavam a atenção dos que doavam esmolas.
O sermão foi interrompido por um dos mendigos que se aproximou da mesa falando a respeito dos altos ganhos do patrão enquanto ele tinha de usar um “toco miserável” num dos braços... E ainda tinha de se dirigir àquele lugar imundo! Sem dizer qualquer palavra, Peachum tomou a ficha do tipo e a rasgou sobre a mesa. Depois, como a sentenciar que o caso estava resolvido, disse que ele podia se retirar e arranjar outro “emprego” para se sustentar. O miserável quis implorar para que a punição fosse retirada, mas dois agentes o seguraram e o arrastaram para fora enquanto ele os chamava de bandidos e ladrões.
O tipo que havia chegado dizendo que trazia dinheiro completou que queria uma nova roupa. Pelo visto era Polly que cuidava desse assunto, pois novamente Peachum a chamou aos berros. Como não obtivesse resposta, ele se levantou decidido a buscá-la em seu quarto... Subiu a escada com a Senhora Peachum no seu encalço e a pedir-lhe que deixasse a filha dormir.
Deixá-la dormir... Peachum não podia admitir que a filha permanecesse na cama àquela hora avançada do dia. No piso inferior, os mendigos se aglomeraram ao pé da escada para observar as reações do patrão... Já no quarto da jovem, ao notar a cama vazia, entendeu que ela não passara a noite em casa. Falou isso à esposa que, pelo visto, sabia de algo que não pretendia partilhar com ele.
Entrementes Polly acabava de chegar e passava pelos mendigos enfileirados diante da escrivaninha... Cumprimentou a todos com um “bom dia!”... Eles viram que ela trajava um vestido de noiva enquanto se encaminhava para o piso de cima. Via-se que estava bem animada... Antes que ela chegasse ao quarto, a Senhora Peachum revelou ao marido o que sabia. E é por isso que o vemos matutando a respeito de um acessório específico usado pelo pretendente da garota: “uma bengala com cabo de marfim”... Só podia ser Mac Navalha!
A Senhora Peachum exclamou um “Santo Deus!” mostrando que não tinha a menor ideia a respeito da identidade do pretendente de sua Polly. A jovem chegou e se deparou com os dois no quarto... Cumprimentou-os, mas ouviu do pai que ela não passava de uma “vadia de um escroque”.
(...)
Há um corte de cena e logo vemos Filch que havia acabado de se trocar... Ele parou diante de um espelho e pôs-se a se contemplar no traje de mendigo. Dois outros tipos o observavam e um deles entregou-lhe uma muleta. Outros mais se aproximaram e soltaram gargalhadas ao notarem que ele aprovara o que vira e sorria de contentamento.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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