segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – retomando o filme; Jackie Tiger Brown é o chefe da polícia londrina que chega ao armazém nº3; um tira corrupto, amigo de Mac Navalha, com o qual participou de campanhas militares pelo império; advertência sobre o risco de desposar a filha de Peachum; nem a Scotland Yard teria incriminações ao Navalha; um narrador; o pobre Filch pleiteia uma licença no escritório do “rei dos mendigos”


De fato, no piso superior, e prestes a descer a escada, estava o chefe da polícia londrina... O Navalha sorriu e acenou cumprimentando-o... “Olá Jackie!”... Com a aparência carrancuda, o tira respondeu, “Olá Mackie!”.
Os dois se aproximaram na base dos degraus, cumprimentaram-se novamente batendo continência e deram-se as mãos que foram calorosamente apertadas. Sorriram um para o outro... O policial observou o ambiente e perguntou se o amigo de longa data não poderia ter escolhido outro local para celebrar o casório. Tinha de se apropriar do armazém de outra pessoa? Com o dedo em riste, exclamou que aquilo era uma invasão... Mais uma!
O Navalha não deu atenção... Abraçou o amigo e disse que estava contente porque ele não deixou de comparecer ao seu casamento. Jackie respondeu que fizera questão, que tinha muito prazer por estar ali para parabenizá-lo. Disse isso e logo pediu desculpa, pois tinha de se retirar para o trabalho.
Mac virou-se para a noiva e a chamou... Apresentou o amigo, “Tiger Brown”, chefe de polícia de Londres. Este não escondeu o seu encantamento, tirou a cartola respeitosamente e aceitou a taça que a jovem lhe ofereceu.

Enquanto bebericava da taça, Tiger Brown pôs-se a falar mais animadamente... Falou sobre os muitos lugares onde os dois amigos estiveram juntos em combate pelo império britânico: “Índia, Sudão, muitas batalhas...”. Mac Navalha interrompeu a falação para apresentar-lhe Polly formalmente. Disse que se tratava da “ex-senhorita” Peachum.
No mesmo instante, Jackie Tiger Brown espantou-se pedindo ao Navalha que confirmasse o que acabara de revelar... Mas aquela jovem era filha do velho Peachum! E Mac ousara fugir com ela, a “filha do rei dos mendigos” de Londres? Era muita coragem! Ele certamente teria problemas por isso.
Voltando-se diretamente para Polly, o chefe de polícia tratou-a por “minha senhora” e voltou a dizer que precisava ir. Ao amigo Navalha insistiu que precisava voltar ao escritório, pois a coroação da rainha estava próxima e ele devia cuidar para que nada de errado ocorresse. Ele seria responsabilizado se ocorresse algo... Seu cargo estava em jogo!
Antes que o outro iniciasse a subida da escada, Mac quis saber da Scotland Yard... Sabiam de algo que o pudesse comprometer? Jackie fez questão de garantir que não tinham nada contra o Navalha porque ele mesmo “cuidara de tudo”...
Despediram-se... O policial corrupto avançou pela escada reclamando da precariedade do local. Da próxima vez deviam escolher “um armazém melhor”! 
(...)
Polly organizava a mesa... Quis saber dos capangas se aquele que acabava de se retirar era mesmo o famoso Tiger Brown... Eles confirmaram e adiantaram que o grupo tinha relações com as “mais altas autoridades”.
Um dos homens anunciou ao chefe que chegara o momento da “melhor parte”... Numa área menos tumultuada do armazém, os capangas se alinharam com suas roupas elegantes e com alguns candelabros... Os recém-casados se acomodaram para apreciar a surpresa, a canção de “Bill Lawegen e Mary Syer”.
A canção, apenas iniciada e com mínimas variações, é a mesma apresentada em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/02/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_15.html... No filme os capangas de Mac Navalha fazem uma dramatização ao mesmo tempo em que levantam cortinas para revelar outros presentes que conseguiram para o casal... Basicamente a luxuosa mobília para o quarto das núpcias.
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Um narrador...
Assim que os bandidos levantam o pesado portão do armazém, a tela se torna escura. Um narrador explica que os espectadores acabaram de assistir “namoro e casamento de Polly Peachum”. Esclarece que na sequência todos teriam oportunidade de conhecer “o poder do rei dos mendigos”, que é como o pai de Polly se autodenominava.
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Vemos a entrada do “escritório” do pai de Polly, “Peachum e Cia”... Na parede se lê “O homem mais pobre de Londres” e “Não ignore a miséria”... Uma gente miserável transita de um lado para outro, entram ou saem do escritório... Os mendigos vestem andrajos e levam equipamentos e acessórios que denunciam suas moléstias e deficiências.
Na escrivaninha está J.J. Peachum... À sua volta estão os mendigos que lhe devem o pagamento pela licença que obtiveram ou pretendem obter... Só assim podem mendigar em determinadas ruas da cidade. Um deles implora ao “patrão” que lhe conceda uma licença, mas como é muito pobre não tem todo dinheiro exigido. O homem não se comove e apenas mostra ao desafortunado a parede em que se lê “dê e receberás”. Depois recolhe parte do pagamento e anuncia as exigências do escritório.
Peachum chama a esposa... Então pega um cartão e anuncia um endereço: “Baker Street, 314”.
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Os registros em https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2021/01/a-opera-de-tres-vintens-peca-de-bertold_13.html , sobre o texto da peça, nos revelam que o miserável em questão é o pobre Filch.. Como se pode notar, a adaptação para o cinema não apresenta o personagem tal como o vemos no texto. Neste reconhecemos sua amargura por ter sido surrado pelos agentes de Peachum ao ser flagrado “sem licença” e o “vemos” no escritório para obtê-la... No filme ele aparece como os demais “candidatos” a mendigos.
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Indicação do filme (14 anos)
Um abraço,
Prof.Gilberto

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