domingo, 14 de fevereiro de 2021

“A Ópera de Três Vinténs” – peça de Bertold Brecht musicada por Kurt Weill – ainda o texto; Mac Navalha repressor, Polly gentil em meio aos brutos e estúpidos capangas; procedência dos pratos do banquete nupcial; chega o reverendo Kimball


Diferentemente de Mac, que só sabia manifestar críticas aos seus capangas, Polly elogiou o relógio que receberam de presente e reconheceu o esforço dos homens... Lamentou apenas não terem um apartamento decente onde pudessem organizar tudo o que ganharam.
O Navalha disse qualquer coisa sobre as dificuldades do começo da vida a dois, agradeceu a seu modo e anunciou que já era momento de comerem. Os tipos começaram a organizar a mesa novamente enquanto Jakob-dedo-de-gancho se dirigiu à Polly para se desculpar por não ter trazido nada... Ela respondeu que não tinha a menor importância e que de modo algum ele precisava se sentir constrangido. O delinquente insistiu em se justificar e falou que sempre ficava para trás em relação aos outros... Todos trouxeram presentes! Envergonhava-se de tantas situações constrangedoras e começou a contar sobre certa vez em que topou com Jenny-Espelunca... A conversa era tão chula que o próprio Navalha deu um jeito de afastar Polly para um canto da mesa onde pudesse jantar sossegadamente.
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Em nota o texto esclarece que o público deve notar que os capangas sutilmente pareciam disputar as atenções de Polly... No final é sempre o chefe quem “ganha a parada”... Além disso, durante o “banquete” a noiva deve comer pouco e delicadamente.
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Um dos homens destaca que os pratos são finos, já que foram extraídos do Hotel Savoy. O “dedo-de-gancho” acrescentou que os ovos com maionese vinham de Selfridge... Pretendiam trazer um balde com paté de foie gras, mas aconteceu que Jimmy havia comido tudo com a desculpa de que o balde estava furado. Um dos tipos chamou-lhe a atenção dizendo que “gente fina” não faz uso da palavra buraco... Outro implicou que Jakob-dedo-de-gancho estava sendo voraz ao comer os ovos...
Mac Navalha interrompeu-os ao sugerir que alguém devia cantar algo “que deleite”... No mesmo instante Matthias se engasgou de tanto rir da palavra “deleite”, algo chique demais para eles. Obviamente o chefe o encarou com fúria até ele se aquietar à mesa.
O Navalha deu novo sermão dizendo que não esperava que começassem a comer logo como glutões que parecem não ter um amanhã... Gostaria de algo solene como as pessoas comumente fazem na sociedade em ocasiões como aquela. Dedo-de-gancho quis saber o que podiam fazer e o chefe esbravejou que sempre ele tinha de inventar algo... Disse que não esperava nada demais, mas certamente eles podiam ter a sensibilidade de preparar algo... No final das contas só sabiam piadas sujas e comer como animais! Via que não podia contar com amigos como eles...
Polly o interrompeu para elogiar o salmão... Jakob observou que a noiva tinha razão e que ela havia dado muita sorte, pois com o Navalha todos os dias eram sempre bem servidos... O chefe devia ser disputado por várias moças e Polly teria dado “um verdadeiro golpe do baú”...
O tipo conseguiu extrapolar em sua inconveniência ao dizer que falara sobre essas coisas com certa Lucy... No mesmo instante Polly quis saber quem era aquela e perguntou ao Mac imediatamente. Este não escondeu o embaraço e respondeu que não se devia levar o assunto a sério... Matthias levantou-se e se colocou atrás da cadeira de Polly para gesticular ao camarada que parasse com aquela conversa... Ela percebeu que Jakob se atrapalhou e o interpelou por isso... Mac Navalha também se dirigiu a ele querendo saber do talher que ele estava usando... Uma faca. Depois perguntou o que tinha no prato... Uma truta. Então o Navalha deu-lhe uma branca, pois estava passando vergonha diante de Polly... Onde já se viu “comer o peixe com faca?”... Vociferou que Jakob só podia ser um animal, e lamentou a tarefa de Polly... Sobraria para ela o trabalho de transformá-los em homens. Será que eles sabiam o que é um homem?
O capanga Walter ainda perguntou se o chefe fazia referência a homem ou a hímen... Naturalmente Polly ficou horrorizada e chamou a atenção do capanga. O Navalha interrompeu a conversa ao lembrar que os homens não estavam dispostos a cantar. E acrescentou que, se era assim, o dia seria tal como os demais (triste e maldito)... E já que assim era, alguém teria de vigiar a porta. Talvez ele mesmo tivesse de fazê-lo enquanto ficavam enchendo a barriga à sua custa.
Sem esconder o mal humor, Walter perguntou o que o chefe queria dizer com aquele “enchendo a barriga à sua custa”... Jimmy anunciou que se dispunha a fazer a vigilância. Saiu perguntando sobre quem teria a ideia de aparecer na estrebaria àquela hora. Jakob respondeu que acharia engraçado se todos os convidados do casamento acabassem na cadeia.
Nem deu tempo para repercutir a piada porque Jimmy retornava apressadamente anunciando que os tiras acabavam de chegar... Walter arriscou que Brown, conhecido como “o tigre”, chefe de polícia estaria à frente dos homens da lei... Matthias corrigiu a bobagem dita pelo parceiro ao cravar que quem chegava era o reverendo Kimball.
Assim que o religioso entrou todos o saudaram em uníssono: “Boa noite, reverendo Kimball!”
Leia: “A ópera de três vinténs”. Editora Paz e Terra.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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