domingo, 4 de dezembro de 2016

“O Homem Duplicado”, de José Saramago –Tertuliano se convence de que deve permanecer com Helena

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2016/12/o-homem-duplicado-de-jose-saramago_4.html antes de ler esta postagem:

Depois de deixar os pertences de Antônio Claro sobre a mesa, Tertuliano anunciou sua partida... Disse que esperava que um dia Helena o perdoasse.
Ela respondeu que “perdoar” não passa de uma palavra... O professor redarguiu dizendo que “as palavras são tudo o que temos”.
Para onde iria? Helena quis saber... Ele disse que “por aí”... Sobreviveria... Recolheria os cacos e “disfarçaria as cicatrizes”.
Evidentemente viveria como Antônio Claro... Tertuliano estava oficialmente morto.
(...)
A mulher segurava a aliança que pertencera ao marido... O jornal com a notícia fatídica repousava embaixo de sua mão direita... De repente ela quis saber se ainda haveria alguém que o chamaria de Tertuliano... Ele respondeu que a mãe era viva e se encontrava na cidade por conta dos contatos policiais e do sepultamento do filho.
Helena disse que também ela poderia chamá-lo de Tertuliano... O professor adiantou-se a responder que não haveria ocasião para isso porque estava decidido a partir... Não se encontrariam mais.
Ela disse que aquela possibilidade só dependia dele.
Tertuliano demorou a entender.
Então Helena explicou que ele podia ficar e tomar o lugar que fora de Antônio Claro... Em tudo o mais ele poderia ser seu marido... Assim a vida prosseguiria e não haveria traumas em razão de ter tirado (a vida) do esposo.
(...)
Para Helena era simples assim... Tertuliano assumiria o lugar de Antônio Claro. Viveriam juntos no mesmo apartamento.
O professor explicou que não era bem assim... Sequer nutriam amor um pelo outro!
Ela não discordou... Ele acrescentou que ela poderia vir a odiá-lo no futuro... Esse também podia ser o seu caso em relação a ela.
Helena sentenciou que aceitava o risco... Tertuliano queria mostrar que a ideia beirava a loucura... O caso era que o marido dela tinha família (pais, irmãos...) e nesse caso, como poderia se passar por ele?
Também para isso ela tinha solução, pois garantiu que o ajudaria... Outra situação complicada era o fato de o finado ter sido ator enquanto ele era professor de História.
A mulher estava decidida e respondeu que ele teria de “recompor a vida” aos poucos... Cada coisa a seu tempo...
Por fim, Tertuliano disse que poderia acontecer de amá-la... Certamente não a odiava... Helena respondeu que esse também era o seu caso.
Neste ponto da conversa ela se levantou e se aproximou dele. Mas não foi para beijá-lo... Em vez disso, pegou sua mão esquerda e com calma ajeitou a aliança em seu dedo.
Ele a puxou para junto de si.
Leia: O Homem Duplicado. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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