quarta-feira, 8 de maio de 2019

“Mayombe”, de Pepetela – fim do relato do Chefe de Operações e do Capítulo IV; reconsiderações sobre o tribalismo e apoio geral ao Sem Medo; críticas às vacilações do Comissário Político; início do capítulo V; novas orientações da direção, possibilidades de participar da ação contra o acampamento tuga e de instalar o movimento no leste

Talvez seja interessante retomar https://aulasprofgilberto.blogspot.com/2019/05/mayombe-de-pepetela-mundo-novo-consegue.html antes de ler esta postagem:

O relato do Chefe de Operações segue repleto de elogios ao comandante Sem Medo...
A gargalhada solta do comandante foi criticada pelo Comissário Político, mas todos os que se dispuseram aos perigos da longa jornada desde Dolisie gostaram do que viram e ouviram. Para o Chefe de Operações, o Comissário devia estar melindrado também porque sabia que tinha sua parcela de culpa nos episódios marcados pelas rajadas disparadas pelo Teoria e pela busca por socorro empreendida pelo Vewê. A verdade é que ele não soube agir com a rapidez que a situação exigia.
Sem Medo, pelo contrário, tomou as medidas necessárias... E seu discurso encheu os homens de moral! Todos se sentiram valorizados, e os frutos de suas acertadas decisões já podiam ser notados... O Chefe de Operações viu que tanto os da Base quanto os de Dolisie só falavam de Sem Medo... Ninguém mais tratava de situações tribalistas ou se referia a ele como kikongo.
(...)
O relato destaca a empolgação do chefe do depósito, que era dos mais velhos e dos mais animados em relação ao Sem Medo. Isso fez o Chefe de Operações entender que os que se opunham ao comandante por tribalismo (e esse era o seu próprio caso) deviam estar bem arrependidos.
Por fim, lembrou que não se podia cometer mais aquela injustiça contra o comandante. Qual era o problema se se tratava de um intelectual? O que importa é que suas ações eram suficientes para demonstrar que era digno de confiança. Era disso que o povo precisava!
Fim do Capítulo IV.

(...)

No começo do Capítulo V vemos que a empolgação dos homens com tudo o que haviam vivenciado sob o comando de Sem Medo levou vários deles a desejarem permanecer na Base. Até mesmo o chefe do depósito mostrou-se interessado e animado a participar da ação de ataque ao acampamento dos tugas no Pau Caído. Foi o próprio Sem Medo que o fez desistir e retornar para Dolisie com ele.
(...)
No trajeto para Dolisie, Sem Medo pensou nos últimos acontecimentos, e ficou contente também por saber que reencontraria Ondina.
Mas logo pensou no João Comissário e em sua postura mais hostil. Era-lhe penoso ter de aceitar que não participaria da ação que se aproximava... O Comissário Político a comandaria, então para o Sem Medo não era fácil admitir que algo pudesse dar errado... Também se sentia incomodado pelo fato de insistir em pensar no camarada como se ele ainda fosse um recruta. Tinha de aceitar de uma vez por todas que a “metamorfose” havia se completado!
(...)
Ao chegar ao bureau, Sem Medo abriu um envelope enviado pela Direção...
Em poucas palavras, as orientações o mandavam de volta ao comando e colocavam o Mundo Novo como responsável provisório pelo escritório em Dolisie. A missiva dava conta ainda de que a possibilidade de um ataque tuga exigia a sua presença no comando guerrilheiro... Além disso, a Direção estava preparando a sua transferência para a atuação no Leste.
Ao mostrar o documento à Ondina, Sem Medo manifestou sua aprovação. Disse-lhe que todas as medidas estavam de acordo com o que desejava... Participaria da ação dos guerrilheiros da Base, depois partiria para o Leste, onde daria início à nova frente de combate ao imperialismo. Deixou claro que o que disse eram “segredos militares”, então Ondina não podia comentá-los com ninguém.
Ela respondeu simplesmente que, então, futuramente, se encontrariam no Leste... Sem medo cravou que aquilo não aconteceria, tanto porque o Leste é muito vasto, como porque suas funções exigiriam constantes deslocamentos. E ainda era preciso considerar que o caso dela estava em suspenso e nenhuma definição havia sido enviada desde Brazzaville.
Leia: Mayombe. Editora Leya.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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