domingo, 7 de maio de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – registros de 20 de dezembro de 1894; o final do ano letivo e a época dos exames; a avaliação da prima Naninha a respeito das possibilidades de Helena nas provas finais e o provável fracasso em Música; aulas com Modesto rabequista e a “distinção” no exame

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/minha-vida-de-menina-de-helena-morley.html antes de ler esta postagem:

O resultado final do ano escolar de 1894 foi bem diferente para Helena.
Nos registros de 20 de dezembro ela tratou do assunto.
(...)
No dia anterior, uma quarta-feira, havia ocorrido o exame de Música.
Pelo visto as pessoas não esperavam muito de Helena em relação às provas daquele ano, principalmente na de Música. Mas aconteceu que ela surpreendeu a todos.
De certo modo notamos que Helena lamentava que as colegas mais chegadas da escola não admitissem sua capacidade. Tanto é que ela manifesta que por vezes sentia mesmo vontade de se esforçar mais só para lhes mostrar que se equivocavam em relação às suas potencialidades intelectuais.
Todavia ela própria considerava que do modo como as coisas ocorriam estava tudo muito bem, pois notava que as meninas não gostavam de saber que “os outros têm mais inteligência”.
Helena cita Clélia e Mercedes, que provavelmente se destacavam em relação a todas as outras nos assuntos escolares. Pelo visto elas sofriam o desprezo da estudantada por isso. De modo diferente tratavam Helena, e podia-se dizer que gostavam dela.
Ela afirma que talvez a julgassem diferente daquilo que realmente era.
(...)
Algum tempo antes das provas finais, Dona Carolina ouviu de Naninha, sua “prima mentora”, que Helena até poderia se dar bem nos diversos exames escolares porque tinha boa memória. Era só decorar “os pontos nas vésperas” das avaliações e tudo estaria resolvido. Mas salientou que no exame de Música ela teria muitos problemas, e era quase certo que não seria aprovada porque era muito desafinada.
Foi essa Naninha que sugeriu à dona Carolina que acertasse umas aulas para Helena com o seu Modesto Rabequista algumas semanas antes dos exames finais daquele ano.
Dona Teodora soube da sugestão e insistiu para que a mãe de Helena contratasse o músico.
(...)
A garota explica que passou cerca de um mês estudando com o seu Modesto.
No dia do exame de Música o professor pediu que ela cantasse o Tantum ergo. Para a surpresa de todos, Helena cantou muito bem e “tirou distinção”.
O resultado a encheu de alegria e ela até se convenceu de que um dia poderia se tornar cantora...
Mas o certo é que Helena não dava tanta importância para a “distinção” em exames como Música ou Ginástica. Ela gostaria de ser aprovada com reconhecimento pelo seu mérito em disciplinas como Português e Aritmética.
De acordo com o seu próprio juízo, isso era coisa que estava bem longe de ocorrer. Em Português, por exemplo, jamais havia conseguido “fazer uma cópia dos Ornamentos da Memória sem erro”. Fiascos também eram os seus aproveitamentos nas Redações e “Análises”.
(...)
Helena só tinha a agradecer.
Havia perdido um ano por ter sido reprovada no final de 1893.
Mas dessa vez passara “plenamente” em Geografia e nas demais disciplinas atingira aproveitamentos “satisfatórios”.
Livrara-se do Primeiro Ano da Escola Normal e por isso agradecia a Deus.
As tias inglesas é que sempre lhe perguntavam a respeito do desempenho escolar. O fato de poder dizer que havia tirado uma “distinção” as deixaria felizes.
De resto era só festejar o início das férias e a estadia na Boa Vista.
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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