segunda-feira, 22 de maio de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – finalizando as considerações sobre os registros de 15 de março de 1894; constrangimento diante dos parente de Jeninha que comemoraram a vitória de Floriano contra Custódio na chamada Revolta da Armada; os registros de 15 de novembro de 1894; vitória eleitoral de Prudente de Morais e os receios de “golpe jacobino”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_15.html antes de ler esta postagem:

Helena ouvia as conversas de seu pai com os tios e sempre acabava tirando algumas conclusões. Na época da polêmica Revolta da Armada acabou formando um juízo bem negativo a respeito de Floriano Peixoto”, o “Marechal de Ferro”.
Floriano havia mandado prender o doutor Mata e “fez muitas outras maldades”. De modo algum Helena poderia admitir que um homem tão importante, presidente do país, fosse tão cruel.
Seu Alexandre achava graça do modo como a filha levava aqueles assuntos tão a sério. É claro que ele tomava partido e tinha a sua opinião a respeito de Floriano, mas nem de perto se incomodava como ela.
(...)
Helena conta que no dia 13 de março havia passado por situação constrangedora por causa de sua mania de formar opinião a respeito das pendengas políticas que os adultos discutiam.
Aconteceu que Jeninha a convidou para passear por dois dias na Palha. Estavam passeando pelo campo e se divertindo alegremente, pois a tarde era das mais belas. Ao longe avistaram homens em seus cavalos numa gritaria de quem festeja algo. Eles soltavam rojões e foi isso o que mais chamou a atenção das duas.
Elas resolveram se aproximar para saber o motivo da comemoração. Entre os homens estava o pai de Jeninha, alguns cunhados dela e mais uns amigos da família que resolveram passar boas horas na fazenda. Foi assim que ficaram sabendo que festejavam a vitória de Floriano Peixoto contra a Armada de Custódio de Melo.
Os tipos observaram que Helena  tornou-se pálida e desapontada”. Por causa disso começaram a gracejar. O pai de Jeninha observou que “então a nossa inglesinha é contra o nosso partido e não sabíamos?”.
Jeninha respondeu que sabia da “posição política” da amiga porque ela vivia brigando na escola por causa de Custódio. Voltando-se para Helena, a garota perguntou (em tom de aconselhamento) por que ela tinha de se importar com a vitória ou derrota de um ou outro. Aqueles personagens políticos da capital sequer tinham ideia de que uma menina na distante Diamantina se abalava com as confusões que tramavam!
(...)
Jeninha era da opinião de que Helena devia deixar de tolices e parar de se aborrecer com aquilo. Afinal, qualquer um que vencesse, daria no mesmo! O negócio era deixar de bobagens e festejar  com os familiares.
Helena sofreu, mas soube disfarçar enquanto pensava na tristeza de seus familiares. A comemoração da gente de Jeninha prosseguiu. Os homens tomaram muita cerveja e não se preocuparam mais com ela.

(...)
Nos registros de 15 de novembro de 1894, Helena fez nova referência à política.
A eleição que ocorreu em março foi vencida pelo paulista Prudente de Morais. Em seus escritos, a garota repercutiu a preocupação geral de seus familiares, que entendiam que Floriano Peixoto talvez insistisse em permanecer no poder.
Todos sabiam que o “Marechal de Ferro” era autoritário e conhecido por diversas atrocidades contra seus inimigos políticos que apoiaram a Revolta da Armada  liderada por Custódio de Melo, e também contra os federalistas do sul do país. Não eram poucos os que achavam que ele pudesse “criar caso” no momento de “transmitir o poder a um civil”.
Helena sabia que os apoiadores de Floriano e dos militares de um modo geral eram conhecidos como “jacobinos”. Sabia que esses certamente não se importariam se os militares dessem um golpe na Lei.
É bom que se saiba que esses “jacobinos” do começo da República no Brasil defendiam que o Exército permanecesse no comando do governo.
Mas isso não ocorreu e Prudente de Morais pôde assumir a presidência sem maiores complicações.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_24.html
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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