quarta-feira, 24 de maio de 2017

“Minha Vida de Menina”, de Helena Morley – os registros de 15 de novembro de 1894; conversando a respeito das atribuições de um presidente e as possibilidades de melhorias para a cidade; andar a cavalo é muito bom; os registros de 11 de outubro de 1893; quartas-feiras de muito trabalho; não seria melhor viver como no passado?; ideia de documentar o cotidiano para o futuro; José Rabelo e suas experiências

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/minha-vida-de-menina-de-helena-morley_22.html antes de ler esta postagem:

Helena explica que o seu pai ficou muito satisfeito com a posse de Prudente de Morais. Aliás, este era o sentimento geral da cidade, que ficou sabendo da notícia a partir de um telegrama. Todos festejaram como se se tratasse de evento do cotidiano provinciano.
Seu Alexandre disse que, à exceção dos “jacobinos”, ninguém mais aprovava o governo de Floriano Peixoto. A postagem anterior explica um pouco a respeito desses “jacobinos”.
(...)
Não havia como a menina entender como a posse de Prudente de Morais pudesse resultar em benefícios para Diamantina. A este respeito, seu Alexandre dizia que o governo era uma máquina muito bem organizada e, se o presidente fosse bom na condução de um governo eficiente, o país inteiro se beneficiaria. Assim os resultados positivos certamente chegariam à Diamantina.
Helena era da opinião de que só acreditaria nas palavras de seu pai se o mandatário ordenasse a canalização da água e se consertasse todo o calçamento. Seu Alexandre tentou explicar que aquele tipo de benefício não era da responsabilidade do presidente, que governava o país a partir da capital (Rio de Janeiro). E emendou: a menos que ele (o presidente) fosse um “filho da terra”, como era o caso do doutor Mata.
Seu Alexandre até deu o exemplo do que o doutor Mata poderia fazer caso chegasse à presidência: “mandar fazer uma estrada de ferro até Ouro Preto”.
(...)
Helena finaliza os seus registros de 15 de novembro de 1894 garantindo que não esperava que construíssem estrada de ferro em Diamantina, afinal não precisavam desse tipo de coisa!
Sua opinião sempre fora a de que “andar a cavalo é muito bom!”

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Helena era uma boa menina para a família. Em tudo contribuía para que os serviços de casa não sobrecarregassem dona Carolina.
Em seus registros de 11 de outubro de 1893 podemos conhecer os afazeres aos quais se dedicava às quartas-feiras, os dias em que ela mais se cansava.
Enquanto passava a roupa, pensou sobre as dificuldades de acertar os babados de um de seus vestidos. Não seria muito melhor se as mulheres continuassem a se vestir com as peças de baeta (tecido de grosso algodão) como no passado?
Ela concordava que os ornamentos como os babados deixavam saias e vestidos muito mais vistosos, mas aquilo tornava a sua tarefa mais difícil. Os babados eram bobagem... Foi o que concluiu.
(...)
Desanimada, Helena decidiu não fazer mais nada durante aquela tarde.
A única coisa da qual não sentia preguiça era escrever, e foi isso o que ela passou a fazer.
Ela lembrou que os registros que fazia em seu diário eram incentivados pelo pai. Seu Alexandre era quem lhe dizia que, escrevendo, podia “contar a história do tempo antigo para o futuro”.
Helena se perguntava se no futuro poderia haver mais novidades ainda do que aquelas de seu tempo. E é neste ponto que ela cita certo José Rabelo que não se cansava de buscar um meio de inventar algo que permitisse aos humanos voarem. Era por isso que ele vivia a capturar urubus e a pesá-los.
Em suas reflexões só podia considerar muito interessante aquela loucura de capturar os urubus... Será que o tal José Rabelo conseguiria algo com suas experiências?
De tanto pensar, Helena passou a cogitar e achar muita graça de uma “mutação que transformasse as pessoas em urubus”.
Leia: Minha Vida de Menina. Companhia das Letras.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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