segunda-feira, 1 de maio de 2017

“Considerações sobre o 1º de Maio de 2017” – os ataques à CLT e a Greve Geral de 28 de Abril

Nos últimos dias, muitos analistas lembraram a primeira Greve Geral da História do Brasil que ocorreu há cem anos.
Algumas postagem neste blog fizeram referência ao citado movimento (acessar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/05/consideracoes-sobre-os-fragmentos.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/05/fragmentos-de-o-estado-de-sao-paulo-de.html; http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2011/05/consideracoes-sobre-o-1-de-maio-dia-do.html).
As lutas de 1917 eram pela conquista de direitos. E qualquer um pode depreender que foi há muito custo que eles foram conquistados.
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Os trabalhadores têm motivos para celebrar o histórico movimento. Ele é exemplar e jamais se apagará de nossas memórias.
Mas por aqui parece que estão fazendo do 1º de Maio uma ocasião para “festa de empresários”.
Todos sabem da difícil realidade dos assalariados de nosso tempo. Além das ameaças de desemprego e do corte de salários, tem havido muitos ataques aos direitos. Não foi por acaso que no último 28 de abril ocorreu uma grandiosa Greve Geral dos Trabalhadores em nosso país.
Este movimento foi construído por Centrais Sindicais e associações de trabalhadores como resposta aos ataques do atual governo à Previdência Social. Sem dúvida ele ganhou força depois que os congressistas demonstraram sua intenção de aprovar drásticas medidas que colocam um fim aos direitos trabalhistas consagrados pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), de 1943.
Acontece que os principais meios de comunicação contribuem para propagar as medidas adotadas pelo governo. Em vez de noticiar as grandes concentrações e as reivindicações, preferiram dar a entender que “não houve greve” ou que em algumas cidades a “paralisação de condutores de ônibus” prejudicou a normalidade.
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A CLT completou setenta e quatro anos hoje, 1º de Maio.
As muitas leis trabalhistas que haviam sido promulgadas desde 1930 (jornada de trabalho e descanso semanal; previdência; férias; salário mínimo...) por Getúlio Vargas foram por ele unificadas. Isso ocorreu depois de cuidadoso estudo feito por um corpo de juristas.
Em síntese podemos dizer que a CLT, além dos direitos e deveres previstos, garante certas proteções ao trabalhador dos centros urbanos e do meio rural nas relações com o patronato.
Muitas adaptações foram feitas no decorrer das últimas décadas. Todavia em nenhum momento se questionou a importância e necessidade da CLT enquanto regulamentadora dessas relações.
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Já foi salientado que o nosso tempo tem sido de dificuldades para as camadas populares e também de ataques brutais aos direitos dos assalariados.
Há um mês o governo vigente, que não conta com aprovação popular, conseguiu aprovar (pelo Congresso também impopular) a Lei de Terceirização que possibilita a contratação de funcionários sem qualquer vínculo com a CLT.
Todos sabem o quanto essa medida representa a precarização do trabalho. Mas os que a defendem garantem que ela aquecerá a produção, e que isso se faz necessário devido à crise econômica provocada pela má gestão anterior e seus gastos com as medidas de “políticas compensatórias”.
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Os que defendem o sepultamento da CLT argumentam que ela onera em demasia “os que contratam ou que pretendem gerar mais empregos”. Além disso, o desequilíbrio entre as forças contraria a “liberdade de mercado”.
Em oposição a essa opinião, muitos especialistas em Direito do Trabalho defendem que as leis devem ser mantidas e até ampliadas para proteger a “parte mais frágil” da relação trabalho/capital.
Alguns argumentam que historicamente a defesa da “liberdade de mercado” não passa de falácia, já que os patrões sempre se organizaram para “manipular o livre-mercado” de diversas maneiras, como quando conchavam para acertar o “salário máximo” que as empresas devem remunerar aos candidatos às vagas.
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Não há “reforma”. Há um desmantelamento geral!
E para complicar ainda mais a situação dos assalariados, o cenário de desemprego contribui para que os que pretendem a sua degradação se sobreponham. Não há escrúpulos! Pretendem eliminar até mesmo as licenças e proteções às trabalhadoras gestantes.
Os contratos previstos não permitem vislumbrar qualquer possibilidade de carreira que resulte em “tempo de trabalho” ou salário digno para qualquer aposentadoria. As jornadas, férias e salários são flexibilizados de acordo com as necessidades dos contratantes.
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Isso nos leva a refletir a respeito da “Reforma da Previdência”, que na verdade se trata de outro desmonte.
Mas isso fica para uma próxima postagem.
Para o momento ficam essas reflexões sobre traumas que devem motivar ainda mais a organização dos trabalhadores.
Embora queiram descaracterizá-la, sabemos que ela nunca foi tão evidente.
Parabéns a todos os trabalhadores que se organizam e lutam pelo direito de viverem numa sociedade mais justa!

                   A imagem selecionada para esta postagem foi copiada de Reforma da Previdência; publicação de fevereiro de 2017 do SINDIFISCO-MG

Um abraço,
Prof.Gilberto

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