sexta-feira, 5 de maio de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – Passepartout fez de tudo para ajudar o Rangoon a ganhar velocidade; fim da tempestade e chegada a Hong Kong com um dia de atraso; por sorte, o Carnatic também sairia atrasado para Yokohama

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_5.html antes de ler esta postagem:

Vinte horas de atraso podiam comprometer a aposta de Phileas Fogg. Mas o homem não dava mostras de qualquer preocupação e agia como se tudo estivesse afim com as suas previsões.
Aouda falou-lhe a respeito do contratempo. Em nenhum instante ele demonstrou qualquer desassossego.
Pelo visto o mau tempo fazia bem a Fix. Seu ânimo mudou completamente, É bem verdade que se sentia enjoado devido aos baques da embarcação, mas passou a desejar que a tempestade não tivesse fim.
O policial sabia que ela prejudicava Fogg. Bem podia ocorrer de, por causa do atraso, ele ter de ficar por uns dias em Hong Kong. Talvez tempo suficiente para que toda a papelada referente à prisão chegasse às suas mãos.
Passepartout é que, como vimos, parecia sentir que a boa fase havia terminado e que a tempestade anunciava um lamentável desfecho. É incrível como sentia o drama como se o dinheiro da aposta tivesse de sair de seus bolsos.
(...)
O francês não se importava de manter-se na cobertura enquanto os demais passageiros se protegiam nas cabines. De tudo fazia para colaborar com a tripulação e se oferecia para ajudar nas mais diversas tarefas. E tanto perguntava ao capitão, oficiais e marinheiros a respeito do melhor modo de proceder que todos riam-se a valer de sua ansiedade.
Fix enchia-se de satisfação e de tudo fazia para esconder sua alegria. De fato, isso era bem prudente de sua parte. Se Passepartout desconfiasse de seu contentamento era bem capaz que partisse para uma agressão física.
(...)
Passepartout aprendeu que devia observar o barômetro e verificar se o indicador de pressão subia.
Em sua simplicidade, agitava o aparelho com leves tapas e dizia impropérios, mas nada ocorria.
Na segunda metade do dia 4 de novembro a tempestade cessou, “O vento deu um pulo de dois quartos para o sul e voltou a soprar a favor”.
As velas de gávea e as maiores foram içadas. Dessa forma o Rangoon retomou a plena velocidade. Todavia não era possível recuperar todo o tempo que havia sido perdido.
Só às cinco da manhã de 6 de novembro é que a terra foi avistada. De acordo com a planilha de Phileas Fogg deviam ter chegado a Hong Kong no dia anterior. Isso significava que o embarque para Yokohama estava perdido.
Passapartout desabafava a respeito de sua angústia com Fix... Justo com ele! O tipo o ouvia com satisfação e fazendo manha dizia que Fogg poderia embarcar no próximo navio.
O francês viu que o piloto subiu ao Rangoon para manobrá-lo até o porto. Teve vontade de perguntar se ainda era possível conseguir bilhetes para Yokohama naquele mesmo dia, mas não teve coragem. Além disso guardava uma ponta de esperança e só admitia que ela se apagasse quando desembarcassem.
(...)
Quem não tinha problema nenhum para interrogar o piloto era Phileas Fogg. Ao vê-lo foi logo querendo saber quando sairia outro vapor para Yokohama. O tipo respondeu que estava previsto para a manhã do dia seguinte, quando a maré estaria propícia.
Passepartout quase não conseguiu conter sua emoção. Enquanto ele queria abraçar o piloto, Fix voltou a se decepcionar e sentiu vontade de esganar o homem que trazia a “boa-nova” para seu suspeito.
Fogg quis saber o nome da embarcação e ouviu do piloto que ela se chamava Carnatic. O inglês perguntou o que havia ocorrido, pois sabia que aquele vapor devia ter deixado Hong Kong no dia anterior. O piloto explicou que uma das caldeiras do Carnatic apresentara problema e por isso teve de adiar a sua partida.
Fogg agradeceu a informação e se retirou para o salão do Rangoon.
Dessa vez Passepartout não conseguiu esconder sua satisfação e segurou vigorosamente a mão do piloto ao mesmo tempo em que dizia que ele era ótimo.
Evidentemente o piloto não tinha a menor ideia do motivo de ser cumprimentado tão efusivamente. Voltou à sua tarefa e conduziu o Rangoon ao porto na mais completa segurança.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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