sexta-feira, 19 de maio de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – depois de breve entrevista, o “honorável Batulcar” contrata Passepartout; o espetáculo das três da tarde; música e público animado; performances interessantes e competentes

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_40.html antes de ler esta postagem:

O próprio Batulcar apareceu para falar com Passepartout.
Por causa dos trajes que viu, o tipo nem desconfiou que o rapaz fosse um estrangeiro. Perguntou o que desejava e ouviu uma pergunta de volta. Não estariam precisando de um criado?
O homem de barba grisalha respondeu que, para servi-lo, contava com os próprios braços, “fiéis criados” que jamais reivindicavam gratificação. Disse essas coisas exibindo os fortes braços de veias saltadas.
Passepartout perguntou se não lhe podia ser útil em nada. Batulcar confirmou que não. O estrangeiro manifestou que o que interessava era poder partir com a trupe para a América. Neste momento o outro reconheceu que o rapaz não era japonês. Talvez tenha concluído que estivesse em algum apuro.
Batulcar perguntou por que estava vestido como um nativo e Passepartout salientou que as pessoas se vestem como podem. Na sequência explicou que era “francês de Paris”. Como se relacionasse a nacionalidade a uma especificidade dos espetáculos circenses, o diretor da trupe quis saber se Passepartout sabia fazer caretas.
É evidente que o criado de Fogg estranhou, mas não quis perder a oportunidade de mostrar que podia ser útil em alguma coisa. Então respondeu que os franceses sabem fazer caretas, embora não sejam tão bons quanto os americanos.
O honorável Batulcar explicou que podia contratá-lo como palhaço. Seu raciocínio era simples, mesmo sem conhecer o talento do jovem, o público entenderia que a “trupe acrobática” estava se “internacionalizando”.
Contudo era preciso conhecer um pouco mais da aquisição, por isso Passepartout teve de responder a outras perguntas. Não é preciso dizer que tinha respostas positivas e graciosas para todas elas. Sim, era vigoroso, “principalmente após uma bela refeição”. Também sabia cantar até mesmo de “cabeça para baixo”, “com um pião girando na ponta do pé esquerdo e um sabre na planta do direito”.
É claro que Passepartout estranhava as perguntas, mas sentia que não podia vacilar em suas respostas. E além disso puxava pela memória as “brincadeiras de criança” e as ocasiões em que se apresentara como “artista de rua”. De certa forma isso o encorajava.
Batulcar ficou satisfeito com o que ouviu e é por isso que decidiu contratá-lo no mesmo instante.
(...)
Enfim Passepartout conseguiu o que queria. Ficou acertado que faria todo tipo de serviço na companhia, mas o mais importante para ele é que dentro de oito dias estaria viajando com a trupe para a América.
Naquele mesmo dia estava marcada uma apresentação para as três da tarde na grande tenda. Como sabemos, o francês não havia ensaiado nenhum número com os companheiros de picadeiro. Mas sua participação seria das mais simples, já que bastava manter-se firme durante a “pirâmide humana”, que encerraria o espetáculo. Seus ombros eram vigorosos, então os “Narizes compridos” não tinham com o que se preocupar. 
(...)
A companhia possuía uma competente orquestra dotada de instrumentos variados (“gongos, tantãs, matracas, flautas, tamborins e caixotes”). O alegre som anunciava o início do espetáculo.
Em pouco tempo uma grande plateia ocupou banquetas e camarotes. Homens, mulheres e crianças de várias nacionalidades (japoneses, europeus, chineses...) faziam parte do público.
Os acrobatas japoneses eram mesmo “os melhores equilibristas do mundo”. Os rigores dos treinamentos os tornavam ainda mais competentes.
Todos aprovaram o início dos números e a performance dos artistas que tinham em comum um longo nariz. Este logicamente era acessório muito bem confeccionado e acomodado nas simpáticas faces.
Um deles proporcionou uma “revoada de borboletas” produzidas a partir de papéis picados. Singelas flores também apareceram para o encantamento do público. Outro surgiu com seu cachimbo que deixava escapar uma fumaça azul e perfumada, com rápidos movimentos ele conseguia “escrever palavras de congratulações” a todos os presentes.
O público se impressionou com a exibição do malabarista que atirava velas acesas para o alto. Elas se apagavam assim que passavam pelos seus lábios, mas ele as acendia novamente em pleno ar.
Piões foram magistralmente manipulados por outros artistas. Os objetos emitiam sons espetaculares enquanto percorriam fiações, cabos de cachimbo, fios de sabres, arames, bambus, cabelos naturais... Os brinquedos contornavam as bordas de “grandes vasos de cristal” e “subiam escadas de bambu”. Utilizando raquetes de madeira, os malabaristas lançavam os piões como se fossem petecas. Eles continuavam girando mesmo depois de terem sido colocados nos bolsos...
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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