quinta-feira, 18 de maio de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – trocando os trajes europeus por andrajos japoneses; almoço simples por umas poucas moedas e prata; o plano de prosseguir para a América a serviço em algum navio; a propaganda sobre os últimos espetáculos da trupe de malabaristas liderados pelo “honorável Batulcar”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_18.html antes de ler esta postagem:

Não temos informações mais detalhadas a respeito do resto da noite de Passepartout.
Sabemos apenas que na manhã seguinte ele não tinha dúvidas a respeito da necessidade de obter algo para se alimentar. A única coisa de valor que carregava era o seu relógio, mas de modo algum cogitava negociá-lo.
Pensou que poderia encontrar um lugar onde pudesse mostrar o seu talento de cantor lírico, mas concluiu que dificilmente atrairia alguma assistência disposta a retribuir com moedas a sua exibição. Afinal, o gosto musical dos japoneses estava mais para “címbalos, tantã e tambores”.
Além disso, muito provavelmente não se sensibilizariam com um cantor de rua “trajando boas roupas europeias”. Foi pensando a este respeito que decidiu trocar sua indumentária por vestes japonesas tradicionais e usadas. Além de combinarem com o seu intento de “artista pedinte”, podiam render-lhe algum troco na transação.
(...)
Passepartout encontrou um estabelecimento que negociava roupas usadas (um brechó) e logo fez sua proposta. O comerciante se interessou por suas roupas europeias.
Não demorou e Passepartout deixou o local trajando uma velha roupa japonesa e um estranho turbante. O resultado não foi a “melhor das figuras”, todavia em seus bolsos carregava alguns moedas de prata.
O francês dirigiu-se imediatamente a uma casa de chá, onde almoçou um punhado de arroz e partes de frango. Sem dúvida, um prato simples. Sentiu-se alimentado, mas ainda assim sabia que certamente teria problemas para conseguir o jantar de mais tarde.
Evidentemente não havia a menor possibilidade de negociar a roupa do corpo. Não teria como trocar aqueles trapos por outros ainda piores.
(...)
Uma das saídas que Passepartout encontrou era a de buscar contato com marinheiros de embarcações que partiriam para a América. Esperava encontrar trabalho como criado ou cozinheiro. No fim das contas não esperava mais do que o direito de viajar e de se alimentar.

Neste ponto do texto é que podemos concluir que, enfim, o criado de Fogg havia definido o que faria a partir de Yokohama. Retornar para a Europa fazendo o caminho inverso que realizara até então estava fora de cogitação. Notamos que ele pretendia arriscar-se a encontrar com o patrão em algum local mais adiante.

Quatro mil e setecentas milhas do Oceano Pacífico separam o oeste americano do ponto onde estava! O seu raciocínio em relação ao futuro era simples: em São Francisco decidiria o que fazer.
Precisava arranjar um meio de viajar. No caminho para o porto pensou que ninguém o contrataria vestido em andrajos japoneses. Numa das ruas observou um cartaz que era carregado por um tipo com vestes que lembravam a um palhaço.
Passepartout ficou sabendo que uma trupe japonesa de malabaristas, ginastas e acrobatas liderada pelo “honorável William Batulcar” estava se despedindo de Yokohama e convidava a todos para as suas últimas apresentações antes de partir para os Estados Unidos.
A propaganda afirmava que o grupo dos “Narizes Compridos Compridos Compridos”, sob a invocação direta do deus Tingu, era uma grande atração. Espetáculo imperdível!
(...)
Passepartout pensou que tratava-se de oportunidade que ele não podia perder. Não que se interessasse pelo show, mas sim porque, se conseguisse participar da trupe de algum modo, garantiria a viagem para a América.
Seguiu o tipo que carregava o cartaz e quinze minutos depois alcançou uma grande e enfeitada barraca. As pinturas e bandeirinhas lembravam a atividade circense dos malabaristas.
Aquele era o que podemos chamar de “escritório” do honorável Batulcar. Era com ele que o francês tinha de falar.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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