quinta-feira, 18 de maio de 2017

“A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, de Júlio Verne – da “Coleção eu Leio” – Passepartout caminha pela parte japonesa da cidade e por seus campos; mais um pouco sobre Yokohama e sobre a gente local; fim de um dia triste

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_17.html antes de ler esta postagem:

Benten é o nome que davam à área estritamente japonesa de Yokohama. O nome era em homenagem a “uma deusa do mar” venerada pelos habitantes das ilhas vizinhas.
Passepartout estranhou a arquitetura (as “portas sagradas”, caniços e bambus que sustentavam pontes, templos budistas com seus sacerdotes), mas achou de bom gosto as alamedas, seus pinheiros e cedros...
(...)
Um “turista por acaso”, é assim que Passepartout se sentiu por um momento. A movimentação das crianças em torno de brincadeiras singelas, gatos sem cauda e cães de “pernas curtas” chamavam a sua atenção. Para ele, tudo se apresentava “meigo” e bem diferente do que já vira.
O intenso movimento de transeuntes o confundia e maravilhava. Monges e seus tambores, policiais e oficiais da alfândega (“yakunins”) com seus uniformes e sabres... Pessoas comuns e os mais diversos veículos para o transporte (palanquins, cavalos, carregadores de liteiras e carrinhos diversificados). E as mulheres? Com os seus trajes tradicionais, os “kimonos”, passavam com muita elegância.
A tudo o francês observava e comparava com o que conhecia e tinha por parâmetro (os europeus e o seu modo de ser ou os lugares pelos quais passara). A partir disso é que considerava as japonesas pouco atraentes ou via na população em geral variados tons de pele, mas nunca o amarelado dos chineses.
(...)
O texto de Verne consegue colocar-nos no “cenário”. Por aqui basta sabermos que a caminhada de seu personagem serviu para apresentar-nos um cenário geral da vida japonesa de fins do século XIX.
Conhecendo a personalidade de Passepartout, temos uma ideia do quanto tudo ao redor devia chamar-lhe a atenção. Lojas e bazares com todo tipo de artigo, de porcelanas a ourivesarias a chás... Confortáveis restaurantes proibidos aos ocidentais e também agradáveis ambientes para se passar um tempo fumando...
O francês avistou vastos arrozais, árvores frutíferas e floridas que atraíam aves de todo tipo, “gralhas, patos gaviões, gansos selvagens”... Algumas dessas eram muito veneradas pelos habitantes locais, que os viam como símbolos de longevidade e felicidade.
Num dos campos, Passepartout avistou violetas e ficou tentado a colhê-las para uma refeição. No último instante refugou. É claro que havia aproveitado a viagem no Carnatic para se alimentar o melhor que podia, mas o longo passeio o deixara com fome.
Sua condição o levou a observar as “Casas de carnes”. Notou que elas não exibiam os tradicionais nacos de “porco, carneiro ou cabra”. Deu para perceber que a carne de boi era muito rara, principalmente porque os japoneses utilizavam o animal no trabalho agrícola, onde era extremamente necessário.
O francês se sentiria satisfeito com um prato de arroz com ave ou peixe. Mas o seu primeiro dia no Japão estava terminando sem que fizesse qualquer refeição.
(...)
Logo as ruas ficaram vazias na parte tipicamente japonesa de Yokohama. Passepartout só podia perambular um pouco mais. Na segurança da iluminação possibilitada pelas “lanternas multicores” pôde assistir uns acrobatas em seus exercícios bem ensaiados. Além desses, certo grupo de curiosos se concentrava em torno de astrônomos que haviam armado lunetas para observarem o céu e seus astros brilhantes.
O estômago de Passepartout deve ter apertado quando ele passou por uma área do ancoradouro onde pescadores preparavam deliciosos peixes.
Rondas de oficiais “yakunins” passaram a se movimentar. Seus trajes chamavam a atenção de qualquer ocidental.
Um tanto desolado, Passepartout brincou ao dizer para si mesmo que os fardados e todo seu séquito eram como “embaixadas japonesas” que partiam para a Europa.
Leia: A Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

Páginas