A jovem Aouda aceitou o convite de Phileas Fogg para levá-la à Europa. A moça entendia mesmo que não tinha outra saída para a sua situação. Retornar para a Índia era impossível e permanecer em Hong Kong estava fora de cogitação.
Portanto não era por acaso que Fogg passara a ocupar-se de passeios com ela pelos centros comerciais para obter todo o necessário, principalmente roupas, para a longa viagem que ainda tinham pela frente.
Aouda manifestava certo desconforto em relação à dedicação do inglês. De sua parte, Fogg insistia que atender às necessidades dela era um imperativo que contribuía para os seus próprios propósitos (concretizar a volta ao mundo em oitenta dias).
(...)
Depois das compras os dois seguiram para o hotel. A
mesa que estava reservada a eles foi muito bem servida.
Havia sido um dia bem
cansativo e Aouda retirou-se com um “aperto de mão à inglesa” após a refeição. Depois
Fogg permaneceu concentrado em leituras do “Times” e do “Illustrated London
News” por um bom tempo.
Ele recolheu-se para o quarto na hora habitual sem problematizar a
ausência de seu criado. Não se preocupou porque a embarcação para Yokohama
partiria apenas na manhã seguinte.
(...)
Pela manhã, Fogg tocou a campainha para chamar
Passepartout. Evidentemente o criado não apareceu e não temos condições de
registrar o que o patrão pensou a respeito.
O cavalheiro inglês simplesmente pegou a bolsa de viagem e solicitou que
avisassem à jovem Aouda que o momento de deixar Hong Kong se aproximava.
Às oito horas foi
providenciado um palanquim que os levou ao porto. A maré estava alta o
suficiente para que o Carnatic se retirasse dos “escolhos do porto”. Fogg
entendia que a partida ocorreria às nove e meia.
O transporte foi feito em meia hora.
(...)
Ao chegar ao porto, o inglês soube que o navio teve sua partida
antecipada para a noite anterior.
Por incrível que pareça, o homem não demonstrou nenhum sinal de decepção
pela falta do Carnatic ou de seu criado. Aouda o olhava desapontada, então ele
lhe disse que aquilo não passava de um incidente.
Fogg dizia palavras
tranquilizadoras à jovem no mesmo momento em que Fix se aproximou deles. O
policial cumprimentou e perguntou se ele também não estava no Rangoon.
Phileas Fogg respondeu
afirmativamente e ia dar a entender que não o conhecia quando Fix antecipou-se
e disse que estranhava não encontrar o criado do distinto cavalheiro. No mesmo
instante Aouda perguntou-lhe se sabia onde Passepartout estava.
O policial fingiu
espanto. Então o simpático rapaz não estava com eles?
Aouda respondeu que desde o dia anterior não o viam. A jovem emendou
pergunta a respeito da possibilidade de Passepartout ter seguido no Carnatic.
Fix manteve sua
dramatização. Quis saber se o casal também embarcaria para Yokohama. Querendo
mostrar-se decepcionado, disse que o Carnatic teve partida antecipada em doze
horas sem que ninguém fosse avisado. Não era um absurdo? A próxima partida
ocorreria em apenas oito dias!
Por dentro o policial não podia se conter de tanta
alegria. Afinal, a sorte parecia sorrir-lhe. Oito dias eram tempo suficiente
para que o tão desejado mandado de prisão os alcançasse.
A tudo Phileas Fogg ouviu desinteressadamente. De repente disse que no
porto havia outros navios. Sem demora, ofereceu o braço à Aouda e se encaminhou
com ela para as docas.
(...)
Phileas Fogg esperava
encontrar uma embarcação que estivesse de partida.
Fix não se sentiu nem um pouco incomodado em
seguir o casal descaradamente. Por três horas andaram de um lado para outro e
tudo o que viram foram navios carregando ou descarregando produtos. Pelo visto
nenhum estava de partida, mas Fogg não descartava a possibilidade de fretar uma
embarcação para levá-los ao Japão. Estava disposto a seguir para a Macau
portuguesa se não lhe restasse alternativa.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2017/05/a-volta-ao-mundo-em-oitenta-dias-de_11.html
Leia: A
Volta ao Mundo em Oitenta Dias – Coleção “Eu Leio”. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto