sexta-feira, 9 de maio de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – a postura de Brogan era uma incógnita; Anne percorre alguns bares com o amigo; aconchego nos bondes e trens do metrô pela cidade; enfim, uma vaga num hotel para um repouso onde ela provavelmente passaria a noite sozinha

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/05/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_9.html antes de ler esta postagem:

Anne viajou para Chicago. Seu maior desejo era o de passar momentos agradáveis, exclusivos e prazerosos com Brogan... Isso incluía dormirem juntos.
(...)
Mas ela não se sentia totalmente segura. Primeiro porque o escritor estava inquieto, e depois pairava no ar a situação incerta em relação ao que, de fato, ele pretendia daqueles dias...
Anne esperava que ele tomasse a iniciativa e assumisse de uma vez por todas se havia ou não reservado quarto em algum hotel. Ela estava cansada, isso a fragilizava e fazia com que se sentisse totalmente dependente do outro.
(...)
A postura de Brogan no “bar de estação” não agradava a francesa... Ele não parava de se dirigir ao balcão e de inserir moedas na jukebox... Depois de algum tempo ele voltou a se sentar e disse que estivera na Associação dos Hotéis, mas não conseguira nenhuma vaga... Parecia decepcionado por isso e fez questão de garantir que ligaria novamente mais tarde.
Certamente essas palavras também decepcionaram Anne... Provavelmente ela preferisse ouvir de Brogan que, de sua parte, gostaria que ela se instalasse em sua casa. Todavia agradeceu o seu esforço...
A agitação dele parecia incontrolável. Perguntou o que ela gostaria de fazer... Estavam ouvindo música e bebendo! Anne deu a entender que pretendia que ele sossegasse.
Brogan ofereceu mais uísque e cigarro... Ela aceitou... Ele se ofereceu para colocar outro disco... Ela recusou e iniciou uma conversa sobre os amigos que ele possuía em Nova York... Para a sua surpresa, ele respondeu que os Benson não eram seus amigos. Anne quis saber por que ele havia topado recebê-la há dois meses. Ele respondeu que gostou do nome dela e também porque se tratava de uma francesa. Disse isso, sorriu e demonstrou que nada de mais importante acontecera desde então, pois apensa “envelhecera um dia todos os dias”...  Ela rebateu a modéstia do outro, garantindo que o via remoçado.
(...)
De certa forma, isso serviu para diminuir um pouco a tensão entre os dois... Brogan lembrou-se de que na vez passada Anne fizera menção a assistir algum jogo de basebol. Disse que no fim do dia haveria um, e ele poderia levá-la... Ela gostou de saber que ele se lembrava de pequenos detalhes do último encontro que tiveram, mas decididamente não estava interessada em passar o tempo assistindo tipos de boné correndo por um gramado...
(...)
Anne tinha pressa. Afinal, quando é que se reencontrariam de verdade? Disse que toparia ir ao estádio, mas não conseguiu esconder seu desânimo... Brogan perguntou a esse respeito e ela respondeu que sentia frio. Então ele a levou para um boliche onde tomaram cerveja... Depois seguiram a outro bar que tinha como atrativos cinco pianos mecânicos e um aquário com peixes que não garantiam harmonia à decoração.
Na sequência percorreram a cidade de bonde e metrô... Anne se divertiu com as constantes baldeações e gostou que pudessem ficar mais próximos um do outro durante os itinerários. Mas logo ela se viu refletindo sobre aquela ocasião que não podia desperdiçar... Lembrou-se que dentro de poucos dias tudo aquilo seria um passado sobre o qual “passaria por cima”.
(...)
A tarde avançava e ela precisava descansar... Precisava ficar só por algum tempo. Brogan saiu da cabine telefônica garantindo que conseguira uma vaga num hotel a poucas quadras de onde estavam... Essa notícia foi um alívio para Anne. Mas, enquanto seguia para o hotel, ela se perguntava por que a vaga tinha de verdadeira... Sinceramente esperava que o americano a surpreendesse com um convite para que repousasse em sua casa... Era isso o que ela queria, era para isso que estava ali.
(...)
O recepcionista queria saber se o quarto era para duas pessoas... Anne respondeu que apenas ela se hospedaria. Assinou a ficha e explicou que sua bagagem estava no depósito... O tipo disse que buscaria assim que ela o solicitasse.
Ela pediu que a chamasse depois de duas horas...
Subiu para o quarto, precisava repousar.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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