quarta-feira, 14 de maio de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – no caminho para o bar onde Big Billy tocava encontraram Teddy, o “batedor-de-carteiras-escritor”, e duas jovens; apesar dos conflitos psicológicos, a noite termina do jeito que Anne esperava

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/05/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir_10.html antes de ler esta postagem:

Mãos entrelaçadas...
Enfim. Anne se encheu de contentamento...
A partir de então, sentiu que tudo poderia se encaminhar de modo diferente e Brogan sairia da armadura na qual estava envolvido... Depois poderiam se entrelaçar ainda mais.
(...)
Ele perguntou se ela gostaria de voltar a ouvir o Big Billy. A ideia agradou, então saíram à rua de braços dados. Porém, quando tudo se desenhava de modo perfeito, Brogan a largou para cumprimentar efusivamente um tipo que cruzou o seu caminho.
Era Teddy, que estava acompanhado de duas belas mulheres... Para Anne, ficou claro que se conheciam e se gostavam, pois trocavam muitos sorrisos e tagarelavam depressa e sem parar... Acomodaram-se em torno de uma mesa de café.
A francesa pouco entendia do que diziam. Isso à parte, entediou-se por achar que Brogan se tornou aliviado por ter topado com os tipos que o livraram do “longo (e monótono) colóquio” com ela...
E tinha mais... As mulheres, além de bonitas, eram alegres e bem jovens. Enquanto conversavam, Anne pensou que muitas delas deviam fazer parte do convívio do amigo americano. Isso a fez desanimar novamente... Ao menos seria beijada pelo seu eleito?
Chateou-se por lembrar que nem tinha certeza dos motivos que a levaram a retornar a Chicago... Brogan, um tipo que ela sequer conhecia, também não tinha a menor obrigação de fazer algo por ela...
Enquanto pensava sobre essas coisas e cogitava sobre o que podia fazer de melhor, lembrou-se que lhe restava voltar ao hotel... Mas de repente seu anfitrião tomou-lhe o braço novamente.
(...)
Os tipos já tinham se afastado.
Brogan fez questão de dizer que ficou contente por ter lhe apresentado Teddy, o “batedor-de-carteiras-escritor”... Anne quis saber sobre as mulheres, mas ele não as conhecia...
Pararam numa esquina e aguardaram uma condução que os levasse até o bar onde Big Billy tocava com sua banda. Anne torceu para que não aparecesse nenhum bonde. Ela entendia que se fossem de táxi poderiam ficar bem próximos. Essa oportunidade lhe parecia única, e ficou tão empolgada por ela que se entrassem num bonde pediria para ser levada ao seu hotel, abandonando a noite a dois.
Como se pode perceber, a mulher parecia sedenta por um envolvimento mais caloroso com o seu anfitrião na América... Então surgiu um táxi... Brogan sinalizou e o casal entrou no veículo.
(...)
Ele a abraçou. Trocaram um beijo ardente... E tanto se beijaram que Anne sentia-se vacilante ao chegarem ao bar, onde os músicos estavam num intervalo.
Big Billy aproximou-se da mesa onde se acomodaram... Ele trocou alguns gracejos com o amigo, mas logo a banda voltou a tocar e os dois ficaram a sós... Anne estava exultante e fazia previsões sobre como a noite teria prosseguimento. Mas não conseguia sentir firmeza nos gestos de Brogan... Eles não lhe transmitiam nenhuma pista...
Pouco tempo se passou e Brogan perguntou se Anne gostaria de retornar ao hotel. Sua resposta deixava claro que pretendia sair dali, mas não queria largá-lo... Ele também deixou claro que não queria se afastar dela naquela noite. Enfim, os dois estavam se entendendo e desejando um ambiente mais reservado...
(...)
Então aconteceu o que Anne esperava desde o momento em que ligou para Brogan... Em vez do hotel, encaminharam-se para a casa dele... No percurso seguiram abraçados durante todo o tempo... Nada falaram... Logo que entraram na cozinha amarela, Brogan a apertou contra si e declarou que, para ele, aquele momento era como que um sonho, pois permanecera infeliz durante todo o dia.
Anne rebateu a afirmação garantindo que ela é quem havia sido torturada por ele, que não se decidia a beijá-la... Brogan respondeu que entendeu que ela é que demonstrou que não gostaria de uma aproximação maior desde que fora beijada por ele e reagiu limpando o seu queixo com um lenço...
Então falaram sobre seus desentendimentos, que incluíam a ansiedade de Anne pelo quarto de hotel e a insegurança de Brogan... Essas coisas... Sempre a beijá-la, ele explicou que seu intento sempre fora o de leva-la até ali... De repente, recordou-se de que deveria buscar a mala de viagem de Anne... Novo inconveniente?
Nada disso... Dessa vez estava tudo bem, Anne não precisava dela.
O que importava era passarem a noite juntos. Na mesma cama.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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