quinta-feira, 22 de maio de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Nadine provoca a mãe sobre a permanência prolongada em Chicago; indagações a respeito da morte do senhor Lambert; Anne e suas impressões sobre os papéis trazidos por Scriassine antecedendo a palestra com Peltov

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/05/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-o_22.html antes de ler esta postagem:

Nadine apareceu na tarde de sábado... Ela estava com Lambert e, ácida como sempre, foi logo dizendo à mãe que tinha certeza de que ela devia ter se divertido muito na América... Do contrário não teria prolongado sua permanência em Chicago, cidade que muitos tinham por “horrível”...
Anne procurou ser discreta e convincente ao se referir à viagem... Dessa forma, não houve maiores indagações que poderiam levá-la ao constrangimento... Lambert pareceu-lhe animado... Ela viu que o jovem casal havia se empenhado em algumas reportagens. Certamente isso os aproximou mais.
(...)
Havia uma construção separada da casa... E foi ali que Anne solicitou a organização de uma cozinha e colocação de telefone... Nadine e Lambert podiam se instalar com autonomia quando fossem a Saint-Martin... A moça aprovou o pavilhão e fez questão de garantir que passariam ali as próximas férias... Mas Anne advertiu que talvez eles não tivessem a privacidade que apreciavam e, além disso, suspeitava que Lambert não se sentisse à vontade por ter de se relacionar cotidianamente com ela e Robert por um período mais prolongado...
Nadine garantiu que ele apreciava os Dubreuilh... Como que a querer dar conta de apresentar todos os prováveis inconvenientes, Anne explicou que de seu quarto era possível ouvir qualquer discussão que ocorresse no jardim... Sobre isso, a jovem garantiu que não dava a mínima importância, e até se gabava de não ter nada a esconder de quem quer que fosse.
Nadine perguntou ao companheiro se ele ficaria chateado por passar as férias no retiro... Lambert negou veementemente e, enquanto se posicionavam na motocicleta, ela emendou que a mãe costumava implicar com tudo, ao passo que, bem ao contrário, o rapaz se alegrava ao fazer o que ela lhe pedia.
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Poucos dias depois, L’Espoir noticiou a morte do senhor Lambert ao cair da portinhola do trem... Nadine telefonou comunicando que, por causa daquela tragédia, Lambert partira para Lille e, sendo assim, não apareceriam no próximo fim de semana.
Anne não se subtraiu às indagações que a morte do senhor Lambert (em situação altamente suspeita) suscitou... O velho teria se suicidado por causa do traumático processo que teve de responder? Ou alguma trama havia sido preparada especialmente para o seu assassinato?
Por algum tempo as conversas com Robert giraram em trono dessa fatalidade... Porém, logo outras preocupações dominaram as reflexões dos Dubreuilh...
(...)
Anne explica que Scriassine chegou com os documentos um dia antes do encontro marcado com Peltov... Tudo muito sigiloso... Deixou alguns documentos e se retirou... A papelada foi minuciosamente verificada por Dubreuilh... Havia textos em francês, inglês (a maioria) e em alemão. Ele a convidou para também ler o colossal volume... Assim, permaneceram por um bom tempo em silêncio verificando “relatórios, exposições, estatísticas, excertos do código soviético, comentários”...
O que mais chamou a atenção de Anne foram os testemunhos de homens e mulheres presos em campos de concentração... Não havia como não relacioná-los aos campos nazistas...
Os relatos descritivos eram de americanos que, aliados dos soviéticos na guerra contra a Alemanha nazista, percorreram grande parte da União Soviética... De acordo com Scriassine, entre quinze e vinte milhões de pessoas eram vítimas daqueles campos degradantes.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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