quinta-feira, 15 de maio de 2014

“Os Mandarins”, de Simone de Beauvoir – Lewis ensimesmado, Anne angustiada; dúvidas sobre o prosseguimento da relação e lágrimas; fim do segundo dia de aventura

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2014/05/os-mandarins-de-simone-de-beauvoir-um.html antes de ler esta postagem:

Anne e Brogan estavam no “Delisa”... Ela esperava iniciar a noite de modo agradável... Comer, beber, ouvir jazz conversando com o amigo... Mas vimos que suas expectativas não resultaram em momentos agradáveis... O clube estava ocupado por um pessoal envolvido num congresso. Também por causa disso, Lewis demonstrou irritação e nenhuma vontade de falar.
(...)
Ela bem que pretendia que o outro desabafasse, mas ele insistia que não havia nada a dizer... Essa sua reação deixou-a ainda mais desconcertada e sem saber como deveria proceder.
No palco, “um magricela de cor pardacenta aproximou-se do microfone e começou a cantar”... O tipo remexia o corpo todo...
Anne sentia-se explodir e, de repente, anunciou que iria embora... A reação de Brogan foi o silêncio total.
Então era assim?
A francesa lamentou, mas também nada disse... Concluiu que tudo estava acabado.
Tão depressa?
(...)
O cenário apresentava-se trágico... O amor vivenciado com intensidade estava se desmanchando e ela sentia que não podia fazer nada...
Como que a se defender, refletiu sobre a sua condição e concluiu que não o perdia porque, na verdade, ele nunca fora uma posse sua... Dessa forma, também não tinha nenhum direito de se queixar... O que depreender de tudo o que ocorrera entre os dois? Melhor pensar que ela apenas havia “se emprestado” a ele...
Esse pensamento, porém, não diminuiu o seu sofrimento interior...
Cabisbaixa, tocou o anel de cobre, a aliança com a qual ele decidiu materializar o vínculo entre ambos... Tirou-o do dedo, e foi com amargura que fez isso...
Na sequência, chamou Brogan por seu primeiro nome.
Ele a olhou e a abraçou... Ela se desmanchou em lágrimas.
(...)
Brogan revelou-se admirado com o comportamento de Anne e quis saber se, de fato, havia sido muito duro com ela... Em sua resposta, a francesa esclareceu que tinha sido dominada por um grande medo... Então ele quis saber também se ela teve medo quando Paris esteve sob o domínio nazista... Tendo ouvido uma resposta negativa, Lewis declarou que, então se sentia orgulhoso por ter-lhe causado medo...
(...)
De repente comportavam-se como adolescentes...
De sua parte, o americano se dizia angustiado por tê-la visto sofrer anteriormente... Ele, porém, garantiu que não conseguira dizer nada para reanimá-la... Nem mesmo para esboçar uma intervenção no momento em que ela esteve prestes a devolver-lhe o anel.
(...)
O devaneio pueril parou por aí.
Anne perguntou se ele pretendia voltar para casa e a resposta que ouviu foi um “claro que sim”.
(...)
Aparentemente tudo se ajeitava novamente... Mas sua mente continuou a se assombrar com o que Lewis sinceramente podia pensar a respeito de tudo aquilo... Anne calculou que, para ele, a relação que havia iniciado era um absurdo.
À noite, no escuro do quarto, ele a agarrou sem pronunciar o seu nome... Tão agitados estavam os seus pensamentos, que decidiu perguntar-lhe se tinha amizade por ela... Demonstrando certo rancor pela dúvida da parceira, Brogan disparou que a amava...
Disse isso e virou-se...
Invisível pelo breu do quarto, Anne chorou sem saber o motivo... Seria porque ele a amava? Seria porque ela não poderia corresponder aquele amor? Ou seria porque certamente Brogan deixaria de amá-la algum dia?
Com essas dúvidas na cabeça, a célebre doutora francesa terminava o segundo dia de sua aventura em Chicago.
Leia: Os Mandarins. Editora Nova Fronteira.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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