segunda-feira, 2 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri alertou Álvaro sobre as ameaças de ataques ao casarão; o índio decidiu recuperar o bracelete atirado no precipício; Aires Gomes recebeu a incumbência de levar Peri até o casarão; um “duelo”

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/08/o-guarani-de-jose-de-alencar-alvaro.html antes de ler esta postagem:

Depois da troca de ideias a respeito dos amores devotados a Cecília, Peri contou ao amigo cavalheiro que sabia que na noite anterior ele havia arriscado a própria vida para deixar algo na janela da menina... Falou também que Loredano atirou o objeto ao fundo do ermo precipício... Ao ouvir isso, Álvaro zangou-se e quis retornar para perseguir o italiano... O índio impediu e garantiu que ele mesmo “endireitaria” a situação...
Logo estavam chegando à casa, então pediu ainda que Álvaro atentasse a uma última advertência sua... Ele explicou que o casarão possuía inimigos (referia-se aos aimoré, mas podia estar tratando de Loredano e seus cúmplices) que atacariam e fariam mal à família de d. Antônio... Disse que Álvaro precisava defender Cecília, pois o índio estava se retirando e, se morresse, Álvaro deveria conseguir um meio de comunicar a mãe de Peri sobre o perigo para serem socorridos por guerreiros goitacá (não explicou que mergulharia no profundo precipício repleto de vegetação úmida e criaturas peçonhentas).
É claro que Álvaro quis saber quem seriam os inimigos, mas Peri não entrou em detalhes... Disse apenas que o rapaz saberia combatê-los... Na sequência, Peri retornou para o mato.
O índio seguia apressadamente até que se deparou com Aires Gomes, que surgiu de uma ramagem... O escudeiro estava coberto de urtigas, via-se que estava ofegante e aparentava ter sofrido quedas na mata... Era exatamente por Peri que ele estava à procura e quando o viu esforçou-se para chamá-lo... “Mestre bugre!... D. Cacique!... Caçador de onça viva!...” Mas Peri não lhe deu nenhuma atenção.
Peri só parou porque decidiu olhar em direção ao casarão, onde estava Cecília... Aires Gomes o alcançou, mas mal conseguia falar devido à fadiga da corrida que dera... O índio pediu que o deixasse em paz.
Devemos entender que o escudeiro estava cumprindo as ordens de d. Lauriana que, apressando-se em ver o índio expulso da casa, o incumbiu de levá-lo à presença de d. Antônio.
O texto revela o quanto Aires Gomes era fiel aos patrões e como, ao mesmo tempo em que era diligente no cumprimento de suas tarefas, envolvia-se em situações desastrosas... Notamos isso em relação à busca a Peri empreendida mata adentro... Ele se enroscou em vários “incidentes cômicos”: uma casa de marimbondos; um lagarto que lhe deu uma “chicotada com a cauda”; urtigas e unhas-de-gato; além dos tropeços comuns às carreiras em meio à floresta...
Como vemos, o sacrifício de Aires Gomes estava fadado ao fracasso porque Peri não dava mostras de que colaboraria, pois havia decidido recuperar o bracelete lançado ao fundo do precipício... Enquanto Aires Gomes queria segurá-lo, Peri se irritava e exigia que o deixasse... O escudeiro tentou explicar que estava cumprindo ordens, mas conforme tentava convencer o outro, se complicava nas palavras e acabava proferindo injúrias... Peri só tinha olhos para a janela do quarto de Cecília, então sequer dava ouvidos às palavras de Aires Gomes... Desvencilhou-se dele e prosseguiu o seu caminho...
Aires Gomes conseguiu dizer que sua tarefa era a de levá-lo à casa, mas Peri argumentou que estava caminhando para longe e disse que não queria ser seguido por ninguém... Os dois estavam decididos em seus intentos... Aires Gomes explicou que era dona Lauriana que desejava que Peri fosse levado ao casarão... Então Peri aceitou, mas garantiu que iria sozinho. Ele tirou a sua faca e Aires Gomes viu nisso um desafio... Peri explicou que ele não era seu inimigo e não queria lutar contra ele, mas amarrá-lo para que o deixasse em paz.
Peri cortou um enorme cipó que se enroscava a uma árvore... Aires Gomes assistia a tudo com muita raiva. Como era um cumpridor passivo dos deveres ordenados por d. Mariz, não ousava atirar-se sobre o índio estimado pelo patrão... Mas o escudeiro estava disposto a defender-se e desembainhou a sua espada... Peri havia colhido umas dez braças de cipó (uma braça = 2,20m) e começou a dar voltas em torno de Aires Gomes, que se encostou a um tronco... O duelo era inusitado e desigual, mas tanto o escudeiro girou que ficou tonto... E foi assim que Peri conseguiu amarrá-lo pelos braços, ombro e joelhos.
Aires Gomes ficou imobilizado porque o cipó o envolvia no tronco da árvore... A ele restou apenas proferir injúrias contra Peri, que pôde prosseguir sozinho o caminho até o casarão.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_2.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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