segunda-feira, 2 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri avistou Cecília em sua tristeza a observar o precipício; a moça refletia sobre os próprios sentimentos e sobre a revelação de Isabel; o índio não entende como a menina descobriu o paradeiro do presente; “ibiriba”, uma árvore; a descida ao precipício, ousadia

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri.html antes de ler esta postagem:

Peri acabou não seguindo direto para o casarão.
É que, ao aproximar-se da residência dos Mariz, notou que Cecília estava à janela observando tristemente o precipício... Sua tristeza devia-se ao fato de não querer magoar a prima Isabel por causa da revelação de seu devotamento em relação a Álvaro... Cecília estava muito sentida a imaginar o sofrimento que a prima tinha de suportar... Até chorou ao pensar nela... Notou que jamais sentira por Álvaro algo como o que Isabel havia manifestado... Os sentimentos de Cecília limitavam-se à veneração pelo pai, o respeito à mãe, o afeto a Álvaro, o amor fraternal ao irmão e a Isabel, a amizade a Peri... Nunca sentira nenhuma necessidade além desses vínculos... Para Cecília tudo esteve, até então, em perfeita harmonia... Até perceber, a partir das revelações de Isabel, que os sentimentos podiam ir muito além...
É por isso que olhava para o fosso... Lá no fundo estava o objeto que desencadeava aqueles pensamentos... Cecília imaginou que se recuperasse a prenda poderia mostrar a Isabel que seu amor por ela era muito maior do que a vaidade de receber um objeto do estimado Álvaro...
Peri observava ao longe... Notava que Cecília estava mesmo muito triste, mas ele não conseguia entender como ela ficou sabendo que o presente de Álvaro tinha ido precipício abaixo... É claro que a conclusão a que Cecília (e também Isabel) chegou foi a de que, por acidente, a prenda havia caído... O índio, que não suportava ver a sua senhora entristecida, decidiu resolver a situação... Então se aproximou do fosso.
À beirada era possível ouvir “os silvos das serpentes, os pios tristes de algum pássaro, que magnetizado ia entregar-se à morte; ou o tanger de um pequeno chocalho sobre a pedra”... Peri sabia bem o que se passava nas profundezas... Conhecia os venenosos segredos daquela paragem, mas o objeto podia estar num sítio tremendamente escuro... E foi por isso mesmo que arrancou um galho de uma árvore (de acordo com a nota, chamada de “ibiriba” pelos índios, que destacam fios dela para fachos. Mesmo verde, seus fios pegam fogo, e o vento não apaga seus fachos... Algumas casas indígenas até eram iluminadas por achas dessa madeira, que os colonos chamavam de candeia).
Cecília viu que Peri preparava-se para descer a encosta... Ao vê-lo, lembrou-se que pela manhã d. Mariz se convencera (pela esposa) de que era melhor mandar o índio ir-se das cercanias... Essa recordação a fez entristecer-se mais ainda porque representava mais uma ruptura em suas afeições... Gritou o nome do amigo, e Peri voltou-se para ela dizendo que recuperaria o que ela desejava e, dessa forma, não permaneceria triste... Ela quis saber como ele poderia adivinhar o que queria... Ele apenas apontou para o fundo do precipício... Ninguém dissera a ele sobre o ocorrido, mas seus olhos testemunharam tudo... Assustada, Cecília perguntou o que ele iria fazer... O índio respondeu que buscaria o que a ela pertencia... E completou dizendo que se tratava de algo que Álvaro havia dado a ela.
A moça se entristeceu... Olhou para baixo e notou o rastejar de algum réptil, então gritou pedindo ao amigo que não prosseguisse a decida... O índio garantiu que não havia motivos para preocupações e que traria aquilo que melhoraria o seu humor. Cecília insistiu e, para dissuadi-lo de seu intento, disse que ordenava que não descesse... É claro que sua devoção a ela o fez vacilar... Mas logo ela recuou o rosto da janela ao notar que Álvaro se aproximava da cabana de Peri... O índio concluiu que desobedecia a voz de sua senhora para obedecer ao coração dela... Então, resoluto, prosseguiu para as profundezas...
Retornando ao parapeito da janela, Cecília viu que Peri a desobedecera... Olhou para baixo e notou a movimentação de répteis enormes, víboras que se retiravam dos rochedos e aranhas venenosas... O ruído de grilos e das cobras venenosas se misturava ao triste canto da cauã... Peri sumiu... Cecília só conseguia notar vagos sinais do reflexo de seu facho.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-cecilia.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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