Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-anjo-e-o.html
antes de ler esta postagem:
Peri se manteve por
um bom tempo na condição de vigilante... De repente ouviu o pio de uma coruja
próximo à escada... Por dois motivos aquilo lhe chamou a atenção, primeiro
porque pareceu-lhe um “cantar sonoro” diferenciado do que ele conhecia em sua
vivência na mata; segundo porque o “som da coruja” saiu do chão em vez do alto
das árvores... Nós bem sabemos que aquilo era o sinal de Loredano ao seu comparsa
Rui.
Desconfiado, Peri apurou sua visão e conseguiu notar que três vultos
caminhavam do outro lado da esplanada... Isso também foi motivo de desconfiança
porque ele bem sabia que a vigilância noturna sempre ficava a cargo de dois
aventureiros, e não de três... Acompanhando-os ao longe, notou que um dos vultos se retirou para a alpendrada
onde estavam os demais aventureiros... Os outros dois prosseguiram caminhando,
mas o índio os perdeu de vista.
Tendo imaginado que também
aqueles tivessem entrado no alpendre, Peri agachou-se e avançou silenciosamente
para o interior daquela instalação... Seguiu na escuridão quase se arrastando.
De repente, tocou a lâmina de um punhal... Uma voz sussurrou-lhe
perguntando-lhe se era Rui quem acabava de chegar... O índio disfarçou a voz e
respondeu com monossílabos... “Sim”, e depois “não” para a pergunta se “já é
hora?”... O outro disse ainda: “todos dormem”.
Peri notou que o tipo com o qual trocara as miúdas
palavras tinha a mão firme no cabo do punhal... Saiu dali, se dirigiu para a
acomodação de Aires Gomes, viu que a porta estava trancada e que havia muita
palha junto a ela.
Peri calculou que o plano de Loredano estava a pleno vapor... Entendeu
que seus cúmplices estavam prontos para assassinar os que dormiam profundamente
e que, além disso, colocariam fogo em tudo. Ele percebeu que deveria tomar
alguma providência para despertar os homens sem fazer alarde... Mas isso não
era nada fácil porque sua ação deveria ser rápida e eficiente. Então pensou nos
vasos e talhas que os aventureiros mantinham repletos de água e de vinhos
ordinários.
O índio avançou pela acomodação, encontrou um dos
barris e arrancou a torneira para que o líquido se espalhasse pelo chão... De
repente, alguém quis saber quem é que estava se movimentando pelo alpendre...
Peri entendeu que não teria como prosseguir se não eliminasse aquele tipo (que
depois ficamos sabendo tratar-se de Bento Simões). E foi isso o que ele fez,
estrangulando-o... Deitou o cadáver no assoalho e continuou danificando as
talhas para inundar o alpendre. Ele esperava que a “frialdade” acordasse os
aventureiros.
Depois o índio circulou pela casa e, ao ver que vários feixes de palha
estavam acondicionados nos mais diversos nichos e frestas, notou que toda ela
estava pronta para ser incendiada... Ele desmontou o aparato e dirigiu-se ao
canto da casa bem à frente de sua cabana... Viu que outro tipo se encostava à
parede próxima ao jardim de Cecília... Ele estava ofegante, mas Peri reconheceu
que se tratava de Rui Soeiro... O índio enfiou-lhe a faca na boca e rasgou sua
garganta... Soeiro morreu silenciosamente.
Ele deixou o bandido estatelado junto à parede e depois dirigiu o seu
olhar à janela do quarto de sua senhora... Notou e estranhou a iluminação
considerando que ela estivesse enfrentando algum perigo, mas relevou também
podia ser possível que aquilo não significasse nada, e ele não pretendia
assustá-la... A tranquilidade reinante nos arredores diminuía a sua dúvida.
Todavia decidiu subir numa palmeira próxima à sua cabana para observar se
Cecília estava acordada ou não.
Foi então que ele viu Loredano já bem próximo da
menina... O desespero tomou conta de Peri, mas ele foi eficiente ao se fixar à
árvore com as pernas ao mesmo tempo em que esticou o seu arco para perfurar a
mão do bandido... Foi ligeiro no disparo da segunda flecha certeira, mas (como
sabemos) o italiano conseguiu se salvar porque se contorceu de dor e movimentou-se
para trás da cama.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_24.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto