segunda-feira, 23 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – sobre como Peri descobriu os aventureiros traidores em ação no casarão; despertando os adormecidos e desmantelando os feixes de palha; eliminando Simões e Soeiro; flechando a mão de Loredano

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-anjo-e-o.html antes de ler esta postagem:

Peri se manteve por um bom tempo na condição de vigilante... De repente ouviu o pio de uma coruja próximo à escada... Por dois motivos aquilo lhe chamou a atenção, primeiro porque pareceu-lhe um “cantar sonoro” diferenciado do que ele conhecia em sua vivência na mata; segundo porque o “som da coruja” saiu do chão em vez do alto das árvores... Nós bem sabemos que aquilo era o sinal de Loredano ao seu comparsa Rui.
Desconfiado, Peri apurou sua visão e conseguiu notar que três vultos caminhavam do outro lado da esplanada... Isso também foi motivo de desconfiança porque ele bem sabia que a vigilância noturna sempre ficava a cargo de dois aventureiros, e não de três... Acompanhando-os ao longe, notou que um dos vultos se retirou para a alpendrada onde estavam os demais aventureiros... Os outros dois prosseguiram caminhando, mas o índio os perdeu de vista.
Tendo imaginado que também aqueles tivessem entrado no alpendre, Peri agachou-se e avançou silenciosamente para o interior daquela instalação... Seguiu na escuridão quase se arrastando. De repente, tocou a lâmina de um punhal... Uma voz sussurrou-lhe perguntando-lhe se era Rui quem acabava de chegar... O índio disfarçou a voz e respondeu com monossílabos... “Sim”, e depois “não” para a pergunta se “já é hora?”... O outro disse ainda: “todos dormem”.
Peri notou que o tipo com o qual trocara as miúdas palavras tinha a mão firme no cabo do punhal... Saiu dali, se dirigiu para a acomodação de Aires Gomes, viu que a porta estava trancada e que havia muita palha junto a ela.
Peri calculou que o plano de Loredano estava a pleno vapor... Entendeu que seus cúmplices estavam prontos para assassinar os que dormiam profundamente e que, além disso, colocariam fogo em tudo. Ele percebeu que deveria tomar alguma providência para despertar os homens sem fazer alarde... Mas isso não era nada fácil porque sua ação deveria ser rápida e eficiente. Então pensou nos vasos e talhas que os aventureiros mantinham repletos de água e de vinhos ordinários.
O índio avançou pela acomodação, encontrou um dos barris e arrancou a torneira para que o líquido se espalhasse pelo chão... De repente, alguém quis saber quem é que estava se movimentando pelo alpendre... Peri entendeu que não teria como prosseguir se não eliminasse aquele tipo (que depois ficamos sabendo tratar-se de Bento Simões). E foi isso o que ele fez, estrangulando-o... Deitou o cadáver no assoalho e continuou danificando as talhas para inundar o alpendre. Ele esperava que a “frialdade” acordasse os aventureiros.
Depois o índio circulou pela casa e, ao ver que vários feixes de palha estavam acondicionados nos mais diversos nichos e frestas, notou que toda ela estava pronta para ser incendiada... Ele desmontou o aparato e dirigiu-se ao canto da casa bem à frente de sua cabana... Viu que outro tipo se encostava à parede próxima ao jardim de Cecília... Ele estava ofegante, mas Peri reconheceu que se tratava de Rui Soeiro... O índio enfiou-lhe a faca na boca e rasgou sua garganta... Soeiro morreu silenciosamente.
Ele deixou o bandido estatelado junto à parede e depois dirigiu o seu olhar à janela do quarto de sua senhora... Notou e estranhou a iluminação considerando que ela estivesse enfrentando algum perigo, mas relevou também podia ser possível que aquilo não significasse nada, e ele não pretendia assustá-la... A tranquilidade reinante nos arredores diminuía a sua dúvida. Todavia decidiu subir numa palmeira próxima à sua cabana para observar se Cecília estava acordada ou não.
Foi então que ele viu Loredano já bem próximo da menina... O desespero tomou conta de Peri, mas ele foi eficiente ao se fixar à árvore com as pernas ao mesmo tempo em que esticou o seu arco para perfurar a mão do bandido... Foi ligeiro no disparo da segunda flecha certeira, mas (como sabemos) o italiano conseguiu se salvar porque se contorceu de dor e movimentou-se para trás da cama.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_24.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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