terça-feira, 24 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Peri decidiu revelar os acontecimentos da madrugada ao fidalgo d. Mariz; Loredano pensou em dar início à sublevação, mas notou que seus parceiros haviam tombado; perante o cadáver de Simões fez os aventureiros acreditarem que eram tratados como cães na propriedade; d. Mariz aparece de surpresa na reunião dos indignados

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-sobre-como.html antes de ler esta postagem:

Depois de eliminar Soeiro e Simões, e de ter certeza de que Loredano não lhe escaparia, Peri calculou que seu plano enfim poderia dar certo... Considerou que os aventureiros já estivessem despertos e que isso frustraria os atentados que os aliados do italiano deveriam executar... O índio entendeu que era momento de esclarecer d. Antônio sobre tudo o que havia ocorrido e se dirigiu até ele.
(...)
Loredano saiu ferido do quarto de Cecília disposto a chegar ao fundo da casa para gritar a senha, provocar um grande tumulto... Depois pretendia raptar a donzela e vingar-se de Peri... Ele não sabia que o índio havia desmantelado toda a sua trama... A decepção que teve foi intensa ao notar que todos os aventureiros estavam acordados no alpendre totalmente iluminado... Viu também o cadáver de Bento Simões sobre o chão completamente alagado. Os homens observavam que o infeliz havia sido vítima de violento estrangulamento... De sua parte, o italiano procurou avistar Soeiro... E sua angústia aumentou... Algo lhe dizia que estava perdido, e que os dois cúmplices haviam sido terrivelmente punidos pela Providência Divina (como eles mesmos temiam).
Mas, articulado como era, não demorou a tramar uma reversão da situação que lhe pesava negativamente... Ele percebeu o espanto e a indignação dos companheiros ante o estrangulado Simões... Viu que alguns especulavam sobre possíveis punições em curso e que outros se mostravam aterrorizados com o assassinato de um dos aventureiros sem motivos aparentes... E foi aí que Loredano resolveu insuflar a ira nos homens... Perguntou-lhes se não sabiam o que aquilo significava... Obviamente os demais pediram-lhe que explicasse. E ele instigou-os ao ódio... Mostrou a própria mão ferida pela flecha e fez crer que havia uma operação macabra em progresso contra eles... Um deles estava ali morto à frente de todos, ele mesmo havia sobrevivido a um atentado, e quem é que sabia do paradeiro de Rui Soeiro? Os que o ouviam especularam a respeito dessa indagação...
Os homens queriam que Loredano revelasse a autoria de tais perseguições... Para provocá-los, ele perguntou quem é que, na casa, poderia desejar a morte dos brancos e a destruição da religião... Ele mesmo respondeu que só podia ser “o herege, o gentio, o selvagem traidor e infame”. Os demais concluíram acertadamente que ele se referia a Peri. Então ele completou dizendo que o desejo do índio era o de assassinar a todos para vingar-se... Vasco Afonso e Martim Vaz se manifestaram... Indignados com a morte covarde de Simões, exigiam justiça...
Já aos brados, os aventureiros quiseram sair em perseguição a Peri para matá-lo. Mas foram interrompidos por Loredano, que os alertou sobre a proteção que o índio tinha na casa... Para eles aquela proteção de nada valia, pois “o protegido tratava-se de um criminoso”... Então o líder italiano explicou-lhes que estavam enganados porque aquele que protegia o índio o julgaria inocente. E acrescentou que muitos outros ainda o defenderiam... Para provocá-los ainda mais, disse que no final teriam que se calar e baixar a cabeça.
Com a ajuda da interpretação que Loredano imprimia aos fatos, os aventureiros foram entendendo que eram verdadeiros escravos na propriedade de d. Mariz... O bandido disse ainda que não teriam alternativa ao não ser aceitar passivamente a morte dos companheiros.
Um dos aventureiros demonstrou indignação e desejo de ir até o fidalgo para exigir que ele entregasse Peri... Outro revelou que se o patrão não atendesse a exigência, se desligariam do juramento que prestaram para fazer justiça com as próprias mãos... Foi João Feio quem se dispôs a parlamentar com d. Antônio garantindo que sabia bem o que diria a ele.
Mas aconteceu que antes que João Feio se retirasse, d. Mariz apareceu no alpendre garantindo que estava ali para poupar-lhes tempo... O fidalgo estava calmo, desarmado, impassível.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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