Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-alvaro.html
antes de ler esta postagem:
O texto retoma o
momento em que Loredano havia jurado que deixaria o casarão de d. Mariz perante
Álvaro e Peri depois do episódio em meio à mata, logo depois que o cavalheiro
se recusou a executar o italiano traiçoeiro.
Aconteceu que, como sabemos, Peri e Álvaro seguiram no rumo do
casarão... Loredano retornou aos seus dois comparsas, Simões e Soeiro, com o
propósito de atacar Peri e Álvaro, mas desistiu desse intento por considerar
que os seus cúmplices eram muito vacilantes... Além disso, ele respeitava a
destreza de seus adversários... Ao reencontrar os dois, o italiano sentenciou
que a misteriosa voz não podia ter vindo de Álvaro pelo simples fato de o rapaz
não executá-lo quando teve chance...
Soeiro e Simões, que já não
admitiam que o ”traidores!” fosse obra de algum humano, voltaram a cogitar que
haviam sido alvo da atenção de espíritos ou de algum castigo divino... Loredano
discutiu com eles e disse que nem sombra nem espírito se envolvem com
maquinações humanas... Bento Simões era o mais impressionado e garantia que não
havia como uma “voz humana sair de dentro da terra” e, para provar, pediu a Rui
Soeiro que ficasse do lado de fora do cercado de cardos e gritasse...
De fato, sem conhecer o expediente utilizado por Peri, não haveria como
repetir fielmente o que havia ocorrido. Tendo falado “à boca do formigueiro” do
lado de fora da cerca de cardos, a impressão causada para os que estavam
escondidos no cercado era a de que a voz saia do interior da terra... Como os
malvados não sabiam desse detalhe, Soeiro soltou sua voz aos ares.
Enquanto Rui Soeiro se encaminhava para o interior do
cercado para conferir o resultado com os comparsas, Loredano não dava a mínima
importância para o “experimento”... Para ele, contava o fato de que fosse quem fosse
que estivesse do lado de fora no momento em que tramavam suas ações contra os
Mariz e o casarão, não pôde ouvir tudo o que haviam combinado... No máximo,
garantiu, levantou alguma desconfiança. Disse isso e depois ameaçou de morte a
Bento Simões se este insistisse com aquela hipótese de “voz do outro mundo” que
se afinava a crendices. O aventureiro ficou tão assustado com a ameaça do
italiano que lhe jurou admitindo que a misteriosa voz só podia ser mesmo de um
humano.
Soeiro retornou e os três caminharam em silêncio. Ficaram por cerca de
uma hora sentados à sombra de uma árvore... Loredano calculava a situação em
que estavam metidos... Pensava que não poderiam esperar mais para agir e que
deveriam tomar as decisões antes que o seu plano fosse descoberto... Pensava
nas possibilidades sem deixar de considerar as paixões: a riqueza que poderia
obter com a exploração das minas de prata do sertão da Bahia; e Cecília, a doce
menina que queria para si... Por alguns instantes considerava que deveria fugir
para salvar o seu tesouro, mas isso implicava perder Cecília. Depois de matutar
sobre isso, apresentou as possibilidades aos companheiros: entrar na casa, ou
fugir dali de onde estavam.
Bento Simões opinou por fugir e percorrer pelos sertões sem parar... Rui
Soeiro declarou-se contrário a essa alternativa, garantindo que a fuga equivalia
a se denunciarem... Além disso, explicou que não teriam chances de
sobrevivência no enfrentamento das dificuldades impostas pela agressiva
natureza. Sua proposta foi a de entrarem na casa como se nada tivesse
ocorrido... Loredano o apoiou e depois quis saber quantos aventureiros cada um
havia cooptado... Soeiro garantiu oito, e Bento outros sete. O italiano decidiu
que na mesma hora do dia seguinte todos deveriam se encontrar para dar início às
ações.
Resolveram que era melhor aguardar a escuridão
da noite para retornarem à casa. Fariam um sorteio par definir quem seria o
primeiro a entrar... Passariam o dia em meio à mata, se alimentariam de alguma
caça e por volta das cinco da tarde se dirigiriam para o casarão... Loredano
fez questão de esclarecer que se encaminhavam para uma luta declarada, assim,
recomendava, era necessário estarem prontos para eliminar inimigos.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-escondido.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto