O texto esclarece como foi que d. Mariz ficou sabendo da luta de Peri contra os dois aimoré.

Ele notou que os índios haviam sido mortos com armas de fogo, e deduziu que estavam ali para atacar o casarão. Logicamente isso o deixou muito preocupado... Relacionou as mortes dos índios ao fatídico episódio em que d. Diogo acertara involuntariamente a indiazinha enquanto caçava. Entendeu que as manobras aimoré só podiam se tratar da vingança que já estava em curso... Retornou a casa e ordenou que dois aventureiros enterrassem os corpos mantendo segredo sobre o assunto, pois não queria assustar aos familiares. Em suas reflexões, imaginava que a vítima daqueles ataques seria ele próprio.
(...)
Só depois de ouvir a advertência de Peri, e de
relacionar as informações de Isabel sobre os disparos e a flecha lançada em
direção a Cecília, é que ele pôde concluir o que de fato havia ocorrido... A
ferida de Peri apenas reforçou o enredo de seu raciocínio.
(...)
Aires Gomes chegou à saleta onde todos estavam reunidos a celebrar o
entendimento sobre a permanência de Peri. O escudeiro enfrentou dificuldades
para se livrar do cipó que o prendia à árvore. Mesmo em péssimas condições,
dirigiu-se a casa para dar satisfação a respeito da tarefa que havia
recebido... É claro que ele não entendeu a cena que presenciou. Chegou com o
intento de pedir permissão a d. Mariz para eliminar o índio abusado, mas viu
que todos estavam muito felizes em torno dele. D. Antônio riu-se ao ver Aires
Gomes completamente desalinhado e com ares de espanto. Como sabia que o fiel
escudeiro tinha diferenças em relação ao goitacá, considerou que era momento de
ele também se reconciliar...
D. Antônio pediu que o velho companheiro apertasse a
mão do estimado Peri... Gomes ficou paralisado porque se tratava de um pedido
de d. Mariz ao mesmo tempo em que era forçado a apertar a mão de um tipo que o
havia injuriado. Estendeu o braço e Peri apertou-lhe a mão animadamente. Todos
riram ao ouvir Peri dizer com sua naturalidade que considerava Gomes um
amigo... E que não o amarraria novamente... Gomes murmurou para consigo que
aquele era mesmo um “maldito bugre”.
(...)
Na tarde daquele domingo em que d. Mariz revelou o seu “testamento” a d.
Diogo e a Álvaro (e que todos festejaram a permanência de Peri), Cecília e
Isabel passearam de braços dados...
Via-se que formavam um belo par com seus
vestidos e traços peculiares... As meninas saíram do jardim e cada qual
carregava seus pensamentos voltados para os acontecimentos da manhã... Isabel
ainda avaliava os possíveis desencadeamentos da revelação que havia feito à
prima... Será que todos notariam o seu interesse por Álvaro? Ao menos sentia
que os ares estavam mudados... Apreciava o frescor, o perfume e as cores do
ambiente... Seguia com o seu bracelete e sentia-se diferente. Agradou-lhe ouvir
de Cecília o elogio sobre a sua beleza... Percebeu que a outra não usava o seu
bracelete, conforme havia combinado... Relevou o “esquecimento” da prima...
Sabia que não haveria como buscá-lo porque (evidentemente) não existia outro
bracelete.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-o-passeio.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto