terça-feira, 3 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Cecília teve medo e imaginou que Peri não sobrevivesse à mata infestada de animais venenosos; o índio explica como conseguiu recuperar a bolsa; de posse do bracelete, a menina admira o caimento em seu braço; satisfaz o desejo de Peri, que também quer presenteá-la; conforta Isabel em seu sofrimento

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri_2.html antes de ler esta postagem:

Peri avançou rumo ao fundo do precipício infestado de animais venenosos... Para Cecília, o amigo devia estar morto, pois ela não concebia nenhuma maneira de alguém escapar com vida daquela sinistra selva povoada por “monstros de mil formas”... Então se pôs a pedir um milagre a Deus para que Peri retornasse ileso... Ela fechava os olhos para não ter de olhar para a mata densa, e depois os abria para descobrir alguma pista de Peri...
Cecília chorou, mas se cobriu de esperança ao notar que uma “lavandeira-de-Deus” (um colorido e frágil inseto) subiu do precipício e pousou em seu ombro... Gritou por Peri temendo não obter nenhuma resposta, o que significaria, de fato, que já estivesse morto... Mas lá do fundo saiu a voz dele, que pedia para ela esperar... A menina quis saber se o amigo estava ferido, mas dessa vez sua pergunta não obteve nenhuma resposta... Ouviu-se a cauã e depois os silvos de uma cascavel e de sua ninhada... Cecília gemeu e desmaiou “de encontro à almofada da janela”.
Depois de uns quinze minutos ela despertou... Peri havia chegado com uma “bolsa de malha de retrós” com “uma caixinha de veludo escarlate”. Cecília queria saber apenas se Peri estava bem, se não havia sido mordido por algum bicho... Ele se encantou com a manifestação de medo de Cecília, e tranquilizou-a dizendo que as cobras o respeitavam, pois se tratava de um selvagem, “filho das florestas”, nascido no deserto em meio às cobras que o “conhecem e o respeitam”... E, de fato, assim era o cotidiano de Peri e dos demais índios... O facho de luz e o imitar da cauã (que assustava as cobras venenosas) foram suficientes para que ele lograsse êxito... A bolsa que entregou para Cecília foi encontrada presa nos ramos de uma trepadeira.
A menina não podia entender como Peri saíra ileso do meio da mata repleta de animais venenosos... Atribuía a um milagre aquele feito heroico... O evento a deixou tão feliz que até se esqueceu dos dramas que a entristeceram anteriormente. Alegrou-se ao pegar a caixinha que continha um bracelete de pérolas... Era bem simples, mas do mais puro esmalte... Cecília reconheceu o bom gosto de Álvaro e notou que ele acertara na peça que combinava com o seu braço... Então ela prendeu o bracelete e ficou admirando como lhe caía bem... Mostrou-o a Peri, que também manifestou alegria. O índio lamentou não possuir contas mais bonitas para dá-las de presente a sua senhora, pois saberia que elas estariam sempre próximas de Cecília.
A menina perguntou se ele ficaria contente se, em vez do bracelete, carregasse algum presente dado por ele... É claro que a resposta de Peri foi afirmativa, mas não tinha como dar-lhe nada muito valioso... É verdade que daria a própria vida, mas gostaria de oferecer algo que se assemelhasse ao bracelete. Cecília notou o embaraço do amigo, então pediu que ele colhesse uma flor para enfeitar o cabelo, garantindo que nunca usaria aquele bracelete...
Peri saiu imediatamente para conseguir “uma parasita aveludada de lindo escarlate”... Ao receber a flor, Cecília ajeitou-a entre os cabelos... Depois guardou o bracelete na caixinha e seguiu com ele escondido até o quarto de Isabel.
(...)
A prima não tinha deixado o quarto desde a conversa na qual revelara o seu segredo a respeito do amor que devotava a Álvaro... Alegou uma indisposição qualquer, mas na verdade trancou-se para chorar a sua paixão... Permanecia sentada à beira da cama com o olhar perdido para a janela... Cecília aproximou-se, beijou-a na face e foi explicando que não queria vê-la triste nem alimentando nenhum sentimento de culpa ou chateação por ter revelado seus sentimentos... Ressaltou também que eram como irmãs e que deviam permanecer se tratando como tais.
Isabel estava tão arrasada que imaginou que Cecília falava daquela maneira porque a considerava indigna de ser motivo de ciúme... Mas Cecília a tranquilizou, garantindo que deveriam relevar o episódio para que pudessem manter o convívio harmonioso que sempre tiveram... Pediu que a prima confiasse nela e que entre as duas não houvesse nenhum segredo... Por mais de uma vez garantiu que não desejava, de nenhuma maneira, que a outra sofresse. Por fim, abraçou Isabel e disse que queria que ela se realizasse... Que fosse feliz amando Álvaro sem deixar de amá-la.
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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