quarta-feira, 25 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – misteriosa conversa entre d. Mariz e Aires Gomes; quatro aventureiros pedem perdão; d. Lauriana e as meninas oram; combate desigual, Loredano conta com mais aliados; o assalto ao casarão foi adiado, os aimoré chegam apavorando e ferindo de morte a um dos rebeldes

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-aires.html antes de ler esta postagem:

D. Mariz caminhou sossegadamente entre os aventureiros rebelados e dirigiu-se à saída. Ali proferiu outra ameaça manifestando que se algum daqueles homens descumprisse as suas ordens não sairia dali com vida... Nesse mesmo instante apareceu Álvaro querendo saber, entre aqueles tipos, quem ousava desafiar d. Mariz... Mas o fidalgo solicitou ao jovem que não se ocupasse daquele entrevero por se tratar de um nobre e que, além disso, ele mesmo, sendo de superior estirpe, jamais se ofenderia por atos injuriosos que partissem daqueles canalhas... Disparou que ali havia culpados e executores, e que o ambiente não era digno da presença de cavalheiros.
Os dois seguiram para a sala da casa. D. Antônio, porém, retirou-se ao gabinete reservadamente com o seu escudeiro. Ali conversaram por cerca de meia hora, e ninguém soube do que falaram... É certo que, quando a porta se abriu, Álvaro viu o fidalgo pensativo, e Aires Gomes “lívido como um morto”.
Peri instalou-se no jardim e preparou-se para defender a sua senhora...
Quatro dos aventureiros que estiveram presentes no episódio em que os subordinados investiram contra d. Mariz no alpendre, chegaram à entrada da sala... O fidalgo pediu que eles se aproximassem... Os tipos choravam e estavam visivelmente arrependidos. Estavam se entregando e explicaram que os demais se preparavam para atacá-lo. Disseram que resolveram chegar até o patrão porque estavam dispostos a lutar junto a ele e que, embora fossem merecedores de punição, esperavam a graça de morrer em sua defesa... Os quatro se ajoelharam e d. Antônio viu naquele gesto similaridade aos de antigos companheiros de armas em Portugal. Então ele pediu aos aventureiros que se levantassem, pois os perdoava e não mais seriam vistos como traidores.
(...)
Logo que d. Antônio e Álvaro deixaram o alpendre, Loredano posicionou-se altivamente... Levantou-se da queda imposta por d. Mariz e voltou a inflamar o ódio dos demais aventureiros sempre envolvendo o nome de Peri e o fanatismo que a família nutria por ele.
(...)
Depois que amanheceu, Peri avistou o cadáver de Rui Soeiro... E foi para que a sua senhora não sofresse com a triste cena que ele resolveu levá-lo ao pátio. Então os insubordinados se tornaram ainda mais indignados e desejosos de vingança... Apenas os quatro que se apresentaram a d. Mariz rejeitaram participar da sedição... João Feio se dispôs a anunciar ao patrão a condição beligerante dos companheiros. Talvez eles esperassem que o fidalgo lhes entregasse Peri, porém ele disse ao porta-voz dos rebeldes que não discutia condições com condenados.
D. Antônio organizou a defesa contra os bandidos. Ao todo contava quatorze combatentes: ele próprio, Álvaro, Peri, Aires Gomes, mestre Nunes e seus companheiros, além dos quatro perdoados... O pessoal de Loredano somava mais de vinte.
Via-se que o combate seria difícil para d. Mariz e os seus... D. Lauriana e as meninas retiraram-se para as orações junto ao oratório... Elas podiam sentir que a situação era das mais desesperadoras, pois os movimentos de Loredano e de seus homens eram percebidos na casa... Eles se dirigiam contra a casa dispostos a um violento assalto.
Enquanto os tipos seguiam em sua marcha, um “som rouco” como o de um trovão ecoou da floresta... Peri dirigiu-se à beira da esplanada esperando pelo pior... Eram os aimoré que chegavam para o ataque... A uma não tão grande distância seus guerreiros podiam ser notados... E a luz do sol que nascia fazia brilhar as cores vivas de seus armamentos...
O texto apresenta um quadro assustador: “homens quase nus, de estatura gigantesca e aspecto feroz; cobertos de peles de animais e penas amarelas e escarlates, armados de grossas clavas e arcos enormes, avançavam soltando gritos medonhos”.
Também os rebeldes aventureiros perceberam a chegada dos selvagens, já que o primeiro a tombar traspassado por uma flecha foi um deles que estava em meio à marcha contra o casarão. Assustados, os demais tiveram de retroceder.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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