segunda-feira, 16 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – Cecília não se anima com a recepção de Peri à sua ideia de catequizá-lo; d. Mariz decidiu enviar o filho ao Rio de Janeiro em busca de auxílio português; d. Diogo entendeu que o pai tinha razão em sua iniciativa; entre os aventureiros há certo alvoroço

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-alvaro_12.html antes de ler esta postagem:

Peri quis saber o que Cecília gostaria que ele fizesse de sua vida. Ela respondeu que esperava que o amigo se mantivesse obediente para se tornar um cavalheiro como d. Diogo e Álvaro. E completou dizendo que o ensinaria sobre a sua religião, assim ele poderia “conhecer o Senhor do Céu”, rezar e “ler bonitas histórias”. Prometeu que bordaria um manto para ele e garantiu que, dessa forma, Peri carregaria uma cruz ao peito.
O índio disse que era livre e que precisava da liberdade para viver... Cecília esforçou-se para convencê-lo de que permaneceria livre e nobre como d. Mariz. O amigo, de modo simples e usando as referências que conhecia na natureza, respondeu que aquilo seria como “cortar as suas asas” e o subtrair da vida em que havia nascida.
Cecília demonstrou que não aceitava a desobediência de Peri. Se ele se mostrasse teimoso, ela não o aceitaria mais como amigo. Para reforçar a sua mensagem, arrancou dos cabelos a flor que ele havia lhe dado, e seguiu em disparada para o seu quarto... Acanhado, Peri foi para a sua cabana. De lá ele ouviu o som de uma guitarra espanhola bem suave a acompanhar os versos de uma xácara (que a nota esclarece como uma “poesia narrativa (...), história contada por meio de versos”). Era o desabafo de Cecília através de uma cantiga em que se nota um mouro de muitos bens e prestígio decidindo abandonar tudo depois de se apaixonar por uma donzela cristã... Em seu devotamento, o mouro tornou-o disposto a servi-la a tal ponto que foi capaz de converter-se à fé da amada.
(...)
O dia seguinte foi de partida... D. Mariz, que passara a noite inteira refletindo sobre o perigo que corriam no Paquequer, decidiu encaminhar o filho logo pela manhã para o Rio de Janeiro... D. Diego protestou porque sabia que a família passava por uma delicada situação e julgava que o seu lugar fosse ali, no combate aos aimoré... O velho d. Antônio garantiu-lhe que era exatamente por ser o seu legítimo herdeiro, homem de sua inteira confiança, que carregava em suas jovens veias o velho sangue dos Mariz, que o enviava ao Rio de Janeiro, de onde deveria trazer auxílio.
D. Diogo insistiu, pois doía-lhe ter de se apartar da família. Mas o pai lhe convencia de que não era uma espada a mais que faria alguma diferença contra centenas de inimigos ferozes. Ainda assim, o moço insistia que o seu lugar era junto aos seus... Então d. Antônio ressaltou que talvez resistissem aos ataques por umas três semanas ou por um mês... Reforçou o pedido ao filho, que deveria pedir auxílio aos fidalgos no Rio de janeiro... Certamente eles não recusariam. O moço entendeu que o projeto do pai era o mais sensato naquele momento e concordou que deveria partir imediatamente levando uma carta a Martim de Sá, que era o governador da Capitania, e outra para Crispim Tenreiro (que a nota esclarece ser um dos fundadores do Rio de Janeiro e que era casado com d. Isabel de Mariz, irmã de d. Antônio). D. Mariz solicitou a Álvaro que escolhesse quatro homens para acompanharem d. Diogo em sua viagem...
(...)
No terreiro onde estavam acomodados os aventureiros, Aires Gomes observava a agitação dos homens (alguns falavam em tom de queixa, outros murmuravam, e havia os que se riam da balbúrdia)... O escudeiro passava por eles e a falação diminuía, mas o tumulto voltava a crescer conforme ele se afastava dos grupos... Os que mais demonstravam inquietação eram Loredano e seus dois comparsas.
Mas as informações sobre esse alvoroço ficam para a próxima postagem.
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto

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