Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-detalhes.html
antes de ler esta postagem:
D. Antônio explicou a
Peri que a reunião da família naquele momento era também uma forma de
agradecimento por toda dedicação dele durante o tempo que por ali permaneceu...
Desejava, em nome de todos, um feliz retorno para junto dos irmãos e à terra
onde nasceu... Peri deslocou-se até Cecília e ajoelhou-se a seus pés. Muito
emocionada, ela retirou uma fita com um crucifixo de ouro que usava e a ajeitou
no pescoço do amigo... Recomendou-lhe que voltasse quando soubesse o
significado da cruz... Mas ele respondeu que para onde iria ninguém jamais
voltava.
Depois Peri ergueu-se e dirigiu-se a d. Antônio e garantiu que nunca
mais voltaria... Disse também que “levaria a alegria se partisse antes do fim
da lua”. O fidalgo não entendeu suas palavras e quis saber qual haveria de ser
a diferença entre partir naquele mesmo dia ou depois de três... Peri revelou,
então, que o casarão sofreria um ataque, mas infelizmente ele mesmo não estaria
presente para contribuir para a sua defesa. Contou que os aimoré atacariam, e
explicou sobre o que tinha visto após o tiro acidental de d. Diogo que feriu de
morte a indiazinha... Relatou sobre a perseguição que empreendeu e garantiu que
os selvagens se vingariam... Esclareceu que o seu intento ao retornar à casa
era o de avisá-lo para preparar a defesa.
Peri não falou sobre o
ferimento que sofreu, mas d. Mariz insistiu ao querer saber mais sobre os
episódios... Ele notou um ponto de sangue na túnica de algodão do índio... Era
quase imperceptível, mas d. Mariz perguntou se ele estava ferido... Peri
abaixou a cabeça e o fidalgo retirou-lhe as pistolas da cinta, conferindo que
estavam descarregadas... Ele concluiu que Peri lutara em defesa de sua família,
abraçou-o e deu o seu testemunho para que todos os presentes soubessem que
aquele índio, representante de povo inimigo de sua raça e religião, era tão
nobre quanto os portugueses.
D. Antônio inquiriu Peri e foi dessa forma que todos
ficaram sabendo que ele havia atirado nos aimoré na ocasião em que lançaram as
flechas contra Cecília... Mas ele quis saber da flecha que havia permanecido
junto aos corpos dos dois selvagens (só mais tarde é que entenderemos como é
que d. Mariz ficou sabendo a esse respeito)... O fidalgo referia-se à flecha
que atingiu Peri, que nada dizia a respeito porque não queria alarmar os
presentes, no entanto d. Antônio esclareceu a todos que o amigo índio havia se
sacrificado mais uma vez (e é por isso que carregava o seu ferimento)
colocando-se à frente da flecha que o aimoré lançou contra Cecília.
As corretas conclusões de d. Antônio esclareciam os equívocos a respeito
do incidente do domingo anterior (quando Cecília e Isabel dirigiram-se ao rio
para banhar-se)... Peri limitava-se a olhar Cecília mais uma vez. Depois seguiu
em direção à porta dizendo que, de fato, o fidalgo conhecia a tudo conforme
ocorrera e, como não era mais necessário ali, se retirava pra a sua tribo.
Cecília o chamou e ordenou que ficasse... Na sequência, ela perguntou ao
pai se não estava com razão ao ter se pronunciado daquela forma. D. Antônio
concordou com a filha e comparou Peri a um anjo da guarda que protege a todos
da família... É claro, sentenciou que Peri deveria permanecer para sempre. Ele
perguntou à dona Lauriana se não estavam certos em solicitar a permanência de
Peri, já que o índio havia demonstrado toda a sua dedicação ao colocar mais uma
vez a sua vida em risco para protegê-los... Dona Lauriana concluiu que agira
com ingratidão ao insistir que Peri fosse expulso da casa. Então assumiu que
estava em dívida com ele e aceitou que ele não deveria mais ir embora. Peri
ficou emocionado e beijou-lhe a mão.
O instante seguinte foi de congraçamento...
Todos demonstraram satisfação ao notarem que a decisão sobre Peri havia se
alterado completamente. D. Diogo estava orgulhoso da nobreza da atitude do velho
pai. E isso era um sinal de que aceitava de bom grado a permanência de Peri.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-como-d.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto