Afinal, o que havia ocorrido para que os aventureiros se apresentassem tão agitados na manhã em que d. Diogo partiria para o Rio de Janeiro em busca de auxílio de outros fidalgos portugueses?
Aconteceu que por volta das seis da manhã, Rui Soeiro chegou à escadaria que dava para a mata... Estranhou que Vasco Afonso e Martim Vaz estivessem de vigia, pois a noite já havia terminado... Soeiro admirou-se mais ainda ao ser advertido pelos dois, que disseram que ninguém tinha permissão para passar. Sua primeira suspeita foi a de que tivessem sido denunciados, então ele decidiu falar com Loredano... Trocou umas palavras com o italiano... Logo Aires Gomes ordenou a todos que o ouvissem atentamente. Obviamente os malfeitores aguardavam o pior.
O escudeiro de d. Mariz anunciou que o patrão ordenava que ninguém se afastasse da casa sem sua autorização. A desobediência constituía-se numa falta gravíssima punida com a morte... Loredano trocou olhares com os seus cúmplices, adiantou-se e quis saber o motivo da proibição... Outros também quiseram ouvir a explicação do escudeiro, que se limitou a dizer que as ordens deviam ser cumpridas sem pestanejar. O italiano ainda quis que o outro explicasse, mas Aires Gomes respondeu que seu recado havia sido dado e que os insatisfeitos deviam protestar junto a d. Antônio.
A ordem deixou os aventureiros transtornados. A maioria possuía afazeres, alguns pretendiam percorrer os matos para explorá-los e caçar... Os mais contrariados eram os do grupo de Loredano que, como sabemos, possuíam suas maquinações criminosas... Depois Álvaro chegou para escolher os quatro que acompanhariam d. Diogo ao Rio de Janeiro. Então perguntaram-lhe os motivos das ordens transmitidas por Aires Gomes. O rapaz explicou que a casa e todos ali estavam sendo ameaçados de ataque de selvagens e é por isso que deviam se precaver... Álvaro falou da lealdade que todos deviam a d. Antônio e logo os ânimos se tornaram serenados. Entretanto Loredano estava insatisfeito porque sabia que teria de retardar o início de seu projeto macabro com os demais.

Loredano entendeu a mensagem... O jovem fidalgo exigiu rapidez na partida... Mesmo assim o italiano conseguiu atinar um novo plano. Acenou para Rui Soeiro e os dois se retiraram ao cubículo onde normalmente ele se acomodava, e ali conversaram em voz baixa.
Aires Gomes bateu à porta exigindo que Loredano se fosse, pois a expedição já estava de partida. Loredano voltou-se ao amigo Soeiro e o alertou sobre o que considerava mais importante em seu novo plano: “Olhar os homens da guarda!”... Depois disso partiu tranquilamente.
Enquanto isso, D. Diego se despedia da mãe, de Isabel e Cecília em meio a lágrimas... Depois recebeu a benção do pai, deu um abraço em Álvaro e montou o seu cavalo. Assim, a expedição pôde seguir seu rumo.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-peri-armou.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto