Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-explicando.html
antes de ler esta postagem:
Desde a manhã, Peri
pensava sobre como deveria proceder. Armou-se com as pistolas que havia
recebido de sua senhora... Não conhecia os acontecimentos recentes que
envolviam a partida de d. Diogo na companhia de quatro aventureiros, e entre
eles Loredano (que o índio imaginava se preparando para reunir-se com os
comparsas). Para Peri importava agir e, se possível, deixar o mínimo a ser
concluído por Álvaro... Deixou sua cabana e ao entrar no jardim viu que Cecília
brincava na relva com a sua pequena ave de estimação.
Ele notou que sua senhora deveria estar triste por causa da conversa
sobre torná-lo um nobre cristão... De fato, a educação recebida da mãe levava a
menina a se incomodar com o fato de o amigo não reconhecer o seu Deus e a sua
religião, então o seu desejo era catequizá-lo... Com isso, Cecília esperava
torná-lo estimado por todos. Em seu raciocínio, sua intenção se equivalia a
retribuir ao amigo toda dedicação dispensada por ele na defesa de sua vida... É
por isso que na noite anterior pegou a guitarra espanhola, tirou dela alguns
acordes e cantou a xácara sobre o amor do mouro que abandonou seus princípios e
se converteu à religião de uma donzela cristã.
Peri explicou que pretendia
prosseguir na vida em que havia nascido para servi-la... Cecília não entendeu o
que ele queria dizer. Então Peri disse que, selvagem como era, só tinha uma lei
e religião (que era a própria Cecília)... Mas se se tornasse cristão seria
apenas um escravo sem possibilidade de defendê-la. A menina quis fazê-lo
entender que o considerava um amigo fiel. Então o índio argumentou que se fosse
cristão não poderia, pelos princípios da doutrina, matar quem a ofendesse...
Isso era inconcebível para ele, que entendia que qualquer agressor de Cecília
era um inimigo e, assim sendo, deveria morrer. E completou dizendo que sua
desobediência se devia à necessidade de defendê-la, e garantiu que tão logo ela
não mais corresse perigo, se ajoelharia aos seus pés e beijaria a cruz que ela
havia lhe dado... Finalizou pedindo que não se zangasse com ele.
Cecília admirou-se das palavras de Peri, e concluiu
que sua dedicação só podia ser inspirada pela religião que ela professava. Ela
expressou-lhe sua satisfação dizendo que não exigiria mais dele... Disse que
esperaria o momento de sua conversão e garantiu que o estimaria ainda mais.
Depois Peri pediu a Cecília que “riscasse um papel” para ele. A menina
entendeu que deveria escrever algo, então pegou folha de papel e pena em sua
banquinha, pediu que ele se aproximasse para dizer o que ele desejava que fosse
escrito. O índio ditou “Peri a Álvaro”... Cecília concluiu que se tratava de
uma carta para o rapaz fidalgo. Peri confirmou, mas na sequência ele pediu que
ela escrevesse apenas os nomes do italiano e os de seus cúmplices. Solicitou
que ela dobrasse o papel... A menina selou a “carta” e quis saber do que se
tratava. Peri nada respondeu a respeito e pediu que ela a entregasse somente à
tarde.
Era dessa forma que Peri esperava garantir que Álvaro chegasse a
conhecer os nomes dos traidores brancos ainda que morresse em sua perseguição
aos malfeitores. Alheia a tudo isso, Cecília estava prestes a dizer que não
falaria com Álvaro, mas como teria de entrar em detalhes sobre o ocorrido, isso
a fez pensar que Peri se zangaria com o rapaz e com Isabel “por lhe terem
causado um pesar involuntário”, então nada falou.
Peri olhava para Cecília com ternura. Ela não podia imaginar que aquilo
podia ser a despedida do amigo... Ele se sentia preparado para morrer por Cecília
no enfrentamento aos inimigos.
O índio despediu-se de sua senhora e logo a
seguir foi a vez de d. Diogo fazer o mesmo... Peri também encontrou Vasco
Afonso e Martim Vaz fazendo a vigilância... Eles cruzaram suas espadas e
tentaram impedir a sua saída... Mas Peri não deu ouvido, passou por eles e logo
desapareceu pela mata.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-enquanto.html
Leia: O guarani. Editora Ática.
Um abraço,
Prof.Gilberto