quinta-feira, 5 de setembro de 2013

“O Guarani”, de José de Alencar – detalhes finais do testamento de d. Mariz; o fidalgo revela aos rapazes que Isabel é, na verdade, sua filha; reunião da família no gabinete para a despedida de Peri; d. Antônio não consegue justificar a necessidade de afastar Peri das cercanias; Cecília dá o seu veredito; um salvo conduto

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-ao-fim-do.html antes de ler esta postagem:

A cena do testamento é descrita com o requinte das narrativas medievais... Os dois rapazes colocaram um dos joelhos no solo ao mesmo tempo em que beijavam as mãos do velho Mariz... Ele pediu que os dois se abraçassem fraternalmente, e assim procederam. Depois d. Antônio revelou que era o pai natural de Isabel, mas nunca assumiu isso publicamente. Torná-la sua sobrinha foi a saída para remediar o trauma provocado por sua traição... Como sabemos, a menina sofria com o desprezo que lhe era dispensado. D. Mariz incumbiu aos dois tratá-la como a uma irmã e a fazê-la feliz... Isso talvez corrigisse o seu “desvio de conduta” do passado e a dor que provocara à mãe de Isabel, uma “pobre mulher”, como ele mesmo deixou escapar num suspiro.
D. Mariz não pedia que jurassem... A palavra dos dois rapazes já lhe bastava. D. Diogo estendeu a sua mão, enquanto Álvaro depositou a sua sobre o coração... O patriarca abraçou aos dois e solicitou que eles se alegrassem... Especialmente a Álvaro garantiu que sua realização e felicidade junto a Cecília eram como que parte de seu testamento. Na sequência referiu-se a Peri e pediu que Álvaro fosse buscá-lo. Também pediu a Diogo que trouxesse d. Lauriana e Cecília ao mesmo gabinete. Assim que os dois se retiraram, d. Mariz escreveu num pergaminho que foi selado com suas armas.
Logo a família estava reunida... Sabemos que d. Antônio pediria para o índio partir das cercanias, mas era evidente que a sua gratidão o levaria a um último gesto de sincera amizade... Cecília parecia ter se esquecido da decisão que o pai havia tomado ao ceder às pressões de d. Lauriana. D. Antônio sussurrou ao seu ouvido que se fosse da vontade dela que o amigo índio permanecesse, assim seria, mas isso evidentemente faria a mãe sofrer... Cecília manifestou que respeitava a decisão que haviam tomado.
Logo que Peri chegou, notou que a reunião da família se devia a qualquer situação que lhe dizia respeito... Sua senhora procurou ocultar-se atrás do irmão enquanto d. Antônio introduziu o assunto perguntando se Peri acreditava que ele fosse seu amigo. O índio respondeu que acreditava que a amizade que d. Antônio tinha a ele era proporcional àquela que “um homem branco pode dispensar a um homem de outra cor”... Outras perguntas foram feitas a Peri sobre a estima e a gratidão de d. Mariz em relação a ele. A todas elas ele respondeu afirmativamente, deixando claro que nunca esperou nenhuma recompensa por ter evitado que Cecília fosse esmagada pela grande pedra... Depois d. Antônio finalizou pedindo que Peri retornasse à sua tribo.
O índio quis saber por que d. Antônio pedia que ele deixasse as cercanias, e ouviu que “era preciso que assim fosse”... Quis argumentar que não representava nenhum incômodo ou gasto para a família. Esclareceu que tirava o seu sustento das árvores da mata, que a cabana de palha lhe bastava, e que sua mãe trouxera-lhe roupa...
As argumentações de Peri comoviam a todos... Cecília chorava enquanto d. Antônio explicava ao amigo índio que, enquanto viveu por ali, tudo na casa estivera à sua disposição... Mas ele não tinha mais como sustentar motivos para que Peri retornasse à sua tribo, então falou de religião... Disse ao índio que ele não podia permanecer por ali, em meio a cristãos, porque não compartilhava da mesma fé. Peri esclareceu que ele já havia contrariado seus princípios religiosos, abandonou a mãe, o túmulo do pai e tudo o mais para permanecer junto à família de d. Mariz.
Peri pediu a Cecília que desse a palavra final sobre o destino que ele deveria tomar. Perguntou se ela desejava que ele partisse... Ela entendeu o gesto de d. Lauriana e respondeu afirmativamente... Uma lágrima desceu pela face de Peri...
D. Antônio aproximou-se dele e disse que não tinha como pagá-lo por ter arriscado a própria vida para salvar sua filha... Então, como estavam se despedindo, entregou-lhe o pergaminho com um salvo conduto que ele havia redigido antes que todos se reunissem... D. Mariz dirigiu-se ao filho e explicou que o papel garantia que ele e seus herdeiros responderiam pelo resgate de Peri, caso ele caísse prisioneiro de portugueses. D. Diogo comprometeu-se a cumprir mais esse desejo do pai.
Continua em http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2013/09/o-guarani-de-jose-de-alencar-na.html
Leia: O guarani. Editora Ática
Um abraço,
Prof.Gilberto

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