terça-feira, 11 de setembro de 2012

“Os bandeirantes”, de Mustafa Yasbek – Série O Cotidiano da História – o final da expedição bandeirante à redução de Santo Cristo

Talvez seja interessante retomar http://aulasprofgilberto.blogspot.com.br/2012/09/os-bandeirantes-de-mustafa-yasbek-serie_9.html antes de ler esta postagem:

Sem saída, os índios que conseguiram buscaram, proteção no interior da igreja e a trancaram... Então Lobo Leme exigiu que seus homens pusessem abaixo o portão fortificado... Sabendo que a tarefa era impossível, Sebastião Pires preparou tochas para atear fogo ao recinto... O escravo índio de Pedro Bicudo, Antônio, recusou-se a cumprir aquela ordem nefasta e deu as costas ao outro... Pires não teve dúvida e atirou, matando o tupi... Nesse instante os demais bandeirantes já ateavam fogo à igreja, cuja forração de palha se incendiava facilmente.
Desesperados, os guarani abriram uma saída na parede do fundo, mas logo que saíam eram brutalmente assassinados a espada e a tiros... Uma carnificina só interrompida pelo próprio Lobo Leme, que gritou aos companheiros alertando-os que estavam ali para levar escravos vivos... Mas mulheres e crianças eram impiedosamente dilaceradas pelos bárbaros.
O embate durou a tarde inteira e pouco a pouco os índios eram aprisionados com coleiras de ferro... Eram tantos que o barracão que servia de escola foi usado para detenção. No instante em que Sebastião Pires levava um grupo para ali, teve a garganta atravessada por uma flecha disparada da mata fechada. Esse foi o seu fim. O capelão Miranda cuidou dos detalhes de seu sepultamento e de outros mortos na contenda.
O serviço ali estava completo. De repente o padre Montoya apareceu e atirou-se aos pés de Lobo Leme. Chorava muito e conseguiu apenas implorar por piedade... Pedia “por todos os santos e por tudo o que há de sagrado” que deixasse aquela gente em paz... Houve quem quisesse atirar nele, mas Lobo Leme impediu e disse que não compreendia a língua de Montoya, e que, além disso, não gostava de homens que choram... Pediu para que saísse de seu caminho.
O bandeirante ainda gritou com o jesuíta espanhol para que todos os presentes ouvissem que o ataque que aconteceu à redução também era para que saíssem dali. Deixou claro que aquelas terras não eram nem de Portugal nem de Espanha, pois pertenciam aos paulistas “com ou sem tratado”... Sem ter a quem recorrer, Montoya dirigiu-se ao padre Miranda, mas este apenas fechou os olhos.
A batalha estava terminada. Os bandeirantes triunfaram. Alguns tiveram de permanecer na redução para vigiar os detidos (a quantidade dos aprisionados era maior do que calculavam capturar)... A bandeira seguiria para atacar outras reduções... Os dois jesuítas espanhóis pediram para acompanhar os aprisionados para onde quer que fossem levados... Entre os que prosseguiriam, o barbeiro Pedro Bicudo sentia-se só porque o seu compadre e o seu índio tupi estavam mortos...
Para os bandeirantes havia apenas a certeza de que encontrariam mais dificuldades nos próximos ataques, pois sabiam que os guarani que conseguiram escapar vivos de Santo Cristo alertariam as demais comunidades... Mas os paulistas seguiram confiando que “Deus estava do lado deles”. 
Leia: Os bandeirantes. Série O Cotidiano da História. Editora Ática

Um abraço,
Prof.Gilberto

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